quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Maria Amélia Alves
Sr.ª Dona Maria Amélia Alves, 85 anos, vive em Faílde. Não tenho saudades do tempo da meninice. 
Passei muita fome. Comíamos caldo. Assim que comecei a usar socas, aos sete ou oito anos, tive de ajudar a minha Mãe,  as coisas começaram a correr melhor. Íamos à lenha. A minha Mãe arranjava batatas e feijão. Fruta: maçãs, peras e figos. Os figos secavam-se a fim de se comerem pelo ano adiante. Às vezes apanhavam bicho, não importava, pão e figos sabiam bem. Comiam-se geralmente ao sábado ou dia de festa, como mata-bicho na matança. O fumeiro era: chouriças de assar, chouriças de cozer (boche) e salpicões. As alheiras ficavam muito caras.
Fumava-se utilizando lenha de sardão ou carvalho. Assavam-se as chouriças na grelha.
Os salpicões também se comiam crus.
O fumeiro guardava-se numa despensa ou em azeite. O pingo conservava os rojões da barbada ou do lombo.
No Inverno coziam-se rabas que se comiam com ovos cozidos. No Entrudo, come-se tudo.
A fruta punha-se na adega em cima de palha para durar, colocavam-se as castanhas num caniço, este ia para o fumeiro e assim elas ficavam piladas. Faziam caldo de castanhas.
A Mãe dava-lhe leite de cabra e fazia queijo fresco. A cabra velha vendia-se, os cabritos comiam-se nos dias de festa. As sardinhas partiam-se em duas, ela escolhia o rabo. Andava no rebusco da batata.
Uma vez assaram uma peça de vitela com quinze quilos de peso. Um fartote!

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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