Cerca de 14% dos alunos do Politécnico de Bragança estão em cursos técnicos profissionais |
No estudo divulgado nesta terça-feira a DGEEC foi apurar qual a situação em 2016/2017 dos alunos que concluíram o ensino secundário em 2015/2016. Nesta análise, que é feita seguindo percurso individual de cada aluno, volta a ser evidente o fosso existente entre os que fizeram o secundário nos Cursos Científico-Humanísticos e aqueles que o concluíram no ensino profissional: entre os primeiros, cerca de 80% estavam no superior um ano depois de terem terminado o 12.º ano, enquanto entre os segundos esta percentagem baixava para 16%. Dos alunos que concluíram o profissional, 6% iniciaram um curso de licenciatura ou mestrado integrado (as opções escolhidas por quase todos os alunos que vieram do ensino regular) e os outros 10% estavam frequentar os novos cursos técnicos superiores profissionais (Tesp) ou de especialização tecnológica (CET).
E é em relação a estas últimas ofertas que os distritos de Bragança, Leiria e Castelo Branco se distinguem. “A grande diferença entre as taxas de transição para o superior do distrito de Bragança e dos distritos de Lisboa e Porto está não na taxa de transição para cursos de licenciatura e ou mestrado integrado [que varia entre 4% e 7%], mas sim na taxa de transição para cursos Tesp, os quais captaram 28% dos diplomados do ensino profissional de Bragança, ou 20% dos diplomados do distrito de Leiria, mas só 6% dos seus colegas de Lisboa e Porto”, frisa a DGEEC na introdução ao sue estudo.
Com 27% dos alunos do ensino profissional a prosseguirem estudos para o superior, Castelo Branco aparece em terceiro lugar na captação deste tipo de alunos, sendo que neste caso a proporção dos que estão em licenciaturas ou mestrados integrados também é maior (11%).
Os cursos Tesp, que foram criados em 2014, podem ser concluídos em dois anos, sendo ministrados exclusivamente em institutos politécnicos. Os estudantes que os escolhem não têm de realizar exames nacionais do ensino secundário, candidatando-se directamente às instituições que têm esta oferta. Nos institutos politécnicos de Bragança e de Leiria os inscritos em 2016/2017 nestes cursos representavam 14,4% do total. Já no Instituto Politécnico do Porto esta proporção estava nos 2,4%, enquanto no de Lisboa ainda não existe esta oferta.
No conjunto, a transição dos alunos do profissional para o superior, independentemente das ofertas seguidas, varia entre um máximo de 32% no distrito de Bragança e um mínimo de 11% dos distritos de Évora, Lisboa e Porto. Referindo-se a estas últimas duas regiões, a DGEEC sublinha “que os distritos do país com maior população a concluir o ensino profissional são precisamente aqueles com menores taxas de transição para o superior, o que, em números absolutos, se traduz numa grande quantidade [cerca de 7500] de alunos ‘perdidos’ para o ensino superior”.
Quanto a áreas de formação constata-se que cursos profissionais de artes do espectáculo, silvicultura e informática foram os que apresentaram taxas de transição mais elevadas para o superior (entre 34% e 26%), tendo estas sido mais reduzidas entre os que terminaram hotelaria e restauração e técnicas de diagnóstico e terapêutica (entre 2% e 5%). Na base desta situação poderá estar o facto destes últimos cursos terem uma maior empregabilidade logo após a conclusão do secundário.
Clara Viana
Jornal Público
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