Parece que a aposta do município numa política de dinamização de infraestruturas culturais, da qual o Museu da Memória Rural (MMR) é o grande exemplo, começa agora a ter algumas repercussões no tecido económico local, a julgar pelas escolhas de algumas operadoras turísticas da capital que encontram neste território um bom motivo de visita.
Nas últimas semanas foi o turismo sénior que mais visitou o concelho. À procura das memórias de um passado, encontram nos diferentes núcleos territoriais e na casa sede do Museu da Memória Rural um bom motivo para recordarem ou entrarem em contacto pela primeira vez com testemunhos de uma cultura local cheia de história, de património e de significados vários.
Mas não é apenas esta faixa etária que tem visitado o concelho ribeirinho do rio Douro que inclui parte significativa do seu espaço geográfico na Paisagem Cultural Evolutiva e Viva, classificada pela Unesco como Património da Humanidade. Ainda no passado fim-de-semana um grupo de trabalhadores da Casa do Pessoal do Hospital Padre Américo, de Penafiel, escolheu o território de Carrazeda de Ansiães e os seus espaços museológicos para fazer a habitual visita de trabalhadores daquela instituição hospitalar. Perto de uma centena de visitantes passearam em dois autocarros alugados a uma empresa local, comeram em restaurantes locais e compraram produtos com origem local, promovendo assim uma dinâmica na economia concelhia que de outro modo seria impossível de fomentar devido aos constrangimentos estruturais que condicionam os territórios de interior.
As visitas turísticas guiadas têm sido, nos últimos anos, uma aposta do Município de Carrazeda de Ansiães, que desta forma utiliza e dá a fruir os recentes investimentos realizados num conjunto de infraestruturas culturais que permitem gerar roteiros patrimoniais temáticos e orientados para diversos tipos de públicos.
Os museus criados pelo município, assim como o património cultural e natural existente neste território, têm sido fator de dinamização económica no antigo e histórico concelho duriense. Vinho, azeite, pão, folar, compotas, doces, fruta são alguns dos exemplos mais significativos de produtos adquiridos por estes visitantes, além dos negócios que criam em unidades da restauração local.
“O empenhamento do município em fortalecer uma oferta turística sustentada e de qualidade irá continuar de forma gradual, já que o feedback e as reações de quem nos visita têm sido um indício seguro de que estamos no bom caminho”, refere fonte do município.
O município dispõe do Museu da Memória Rural (MMR), um equipamento cultural composto por um projeto museológico de grande dimensão, inovador e único no território de Trás-os-Montes. Neste momento a estrutura é constituída pelo edifício sede, instalado em Vilarinho da Castanheira, e por quatro núcleos museológicos polarizados por diferentes localidades do concelho. A proposta deste museu sai fora dos cânones habituais que regem os tradicionais espaços museológicos, assumindo-se como uma organização que pretende apostar nas pessoas locais e no que de mais genuíno elas fazem ou fizeram ao longo dos tempos.
O registo em vídeo e em áudio de muitas das manifestações do património imaterial e da memória histórica da região duriense e transmontana é uma das prioridades centrais desta estrutura. O Optando por uma abordagem participacionista, o museu valoriza “um património vivo” e “vivido quotidianamente com as populações locais, através de iniciativas que têm como principal objetivo a inserção e a interação das pessoas com o seu museu e, como tal, o sequente envolvimento comunitário”.
Uma “Timeline interativa”, “janelas digitais interativas”, uma “mesa multitouch”, “telas multitouch”, “LCD’s” de grande dimensão, uma “parede interactiva” e uma “mesa interativa” para as crianças, constituem os recursos tecnológicos do espaço central do MMR. Através deles e de um programa gráfico baseado em fotografia e vídeo de alta qualidade, conta-se e preserva-se a memória de muitos ofícios tradicionais e expõem-se temáticas relacionadas com a lã e a sua manufatura e com as antigas práticas das culturas da vinha e dos cereais. Os núcleos distribuídos pelo território levam-nos até antigos moinhos de água, a um moinho de vento, a um antigo lagar de azeite e a uma telheira de produção artesanal da telha de meia-cana.
Do conjunto da oferta turística fazem ainda parte alguns monumentos classificados com interesse nacional como, por exemplo, a monumental vila amuralhada de Ansiães que integra no interior do seu recinto amuralhado uma igreja medieval cujo tímpano é um raro exemplar do românico português. A juntar a este monumento, os turistas podem ainda visitar duas antas em bom estado de preservação, um raro exemplar de pintura pré-histórica, espaços públicos com esculturas de artistas de renome internacional, assim como espaços naturais que permitem experiências únicas de contacto com a natureza.
Para fornecer informações úteis a quem estiver interessado em visitar o concelho de Carrazeda de Ansiães, os serviços camarários disponibilizam um bom leque de edições em desdobráveis, brochuras e livros, algumas delas colocadas online para que o turista interessado possa preparar previamente a sua visita. No centro da vila de Carrazeda existe em regime de funcionamento diário uma Loja Interativa de Turismo, devidamente equipada com recursos humanos e tecnológicos para fornecer informações personalizadas a todos os visitantes que aí se dirijam.
in:noticiasdonordeste.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário