sexta-feira, 23 de março de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Srª. Dona Maria Isabel Vaz Praça, 49 anos, vive em Babe. As pessoas viviam a trabalhar nos campos, cultivavam um bocadinho de tudo, Na casa dela nunca faltou nada.
A Mãe cozia pão de trigo. No Natal faziam uns bolinhos pequeninos. As roscas. Com a massa do pão moldavam estrelas, punha-se-lhes um ovo e iam ao forno.
No dia Réis penduravam-se as roscas numa tábua e punham-se a leilão.
O Pai era negociante, possuía gados, vendia lãs e carnes. As peles dos animais vendiam-se aos peliqueiros de Argoselo.
Bebia-se o leite das cabras. Comiam carne de cabra estufada ou assada no forno. A festa pascal sem cordeiro não era Páscoa.
Outras pessoas costumavam comer leitão assado e folar.
Nas malhas comiam-se cabritos e cordeiros estufados em potes grandes.
Já estava casada quando conheceu a Margarina (Vaqueiro), foram umas senhoras à aldeia fazer-lhe publicidade.
Não havia muito azeite, os de Argoselo vinham vendê-lo, traziam-no em botos (odres).
Peixe, naquele tempo, só se lembra de comer bacalhau. Toda a gente tinha ovos, valiam numa pressa. Faziam-se omeletas, batiam-se três ou quatro ovos, forgalhavam-se bocadinhos de pão e fritava-se tudo.
Não se recorda de aparecerem javalis, como agora aparecem. Havia veados que comiam as folhas dos castanheiros jovens.
Na segada o lume estava aceso todo o dia, cozinhava-se de manhã à noite.
O casamento foi muito triste. Só foram o pai, a mãe e os irmãos. Deram amêndoas à saída da Igreja. Comeram cordeiro, não tiveram doces.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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