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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

DA FILOSOFIA E DA POLÍTICA

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)


A reflexão filosófica conduz-nos a uma aventura fascinante do devir do pensamento e a um percurso ímpar que vai da família, à aldeia e à cidade. Paulatinamente o mito vai dando lugar à filosofia e à política. Platão fala-nos da cidade ideal. Aristóteles vai alicerçar a génese da filosofia política no poder paternal da família. Várias famílias dão origem a uma estrutura mais complexa que é a aldeia. Por seu lado as aldeias dão origem à cidade, à “polis” de grande complexidade que já exige um poder político que tende ao bem comum. E assim, com Aristóteles há uma importante sistematização da política como ciência, partindo dos seguintes pressupostos: “Primeiro, procuraremos rever o que foi dito pelos nossos predecessores que investigaram este assunto. Depois, com base na nossa recolha de constituições, consideraremos o que preserva e o que destrói as cidades bem como as respetivas constituições e quais são as causas de que umas sejam bem governadas e outras não. Estudadas estas questões, podemos compreender melhor qual a melhor constituição, como cada uma deve ser ordenada e de que leis e costumes carece.”
E é por isso que cada vez mais me fascina a política enquanto repositório de saberes antiquíssimos que o devir humano vai completando, vai aperfeiçoando, no sentido de tornar a ação política numa prática tendente ao bem comum e ao bom governo da cidade.
Isto é política, a mais nobre ação humana e de novo ouvimos o grego Aristóteles: “o homem é, por natureza, um animal político.” 
Regressando aos nossos dias e à nossa ação política, facilmente se confunde política, com política partidária que sem dúvida é essencial para garantir a democracia, entendendo que, como diz Winston Churchill: “A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história.” E infelizmente a história está cheia de maus exemplos do aproveitamento político-partidário. Todos nos lembramos, horrorizados, como o Cabo Hitler chegou a líder do Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialistas Alemães e mais tarde acumulou os cargos de chanceler e presidente dando origem à criação do “Terceiro Reich”, da polícia secreta “Guestapo” e ao extermínio desumano, entre outos, de milhares de judeus, ciganos e opositores. “Se existe um Deus, ele terá que implorar pelo meu perdão.” Foi esta a frase escrita na cela por um prisioneiro judeu. Horrores em nome da política.
Claro que hoje a política partidária, aparentemente, no nosso meio, é mais civilizada, mais afetiva, mais pluralista, embora seja no seio dos partidos que muitas vezes renascem os antigos tiranos que facilmente quebram o verniz: Quem não é por mim é contra mim. E assim, fiéis seguidores vão catapultando, numa dinâmica de clubismo, políticos que não estudam e exibem qualificações e títulos que não possuem.
É por isso que dentro do espírito da velha máxima atribuída a Sócrates, o grego: “só sei que nada sei”, continuo a estudar a ciência política com devoção. Participo na vida partidária em liberdade. Aprendi o máximo que pude com os meus antecessores, a quem respeito e venero. Ensino humildemente os mais jovens. Leio Platão e Aristóteles, pioneiros do pensamento político e acredito, convictamente, que a política é o dom maior do homem ético que tende à felicidade.


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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