(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Iluminou-se a noite como se a noite fosse dia… acordou o silêncio… e uma estrada abriu-se para o horizonte difuso da morte…
Ouviram-se vozes... gritos… adeus… lágrimas de terror e saudade… monstruosa perpassou a morte no delírio insano do horror.
…as lágrimas secaram… os gritos calaram-se… crepitam as chamas na quadratura do infinito… Guernica… tão perto… disforme no limite do desespero humano!
… para trás ficaram sonhos não sonhados!
… beijos que se perderam no limite do desejo.
… amo-te tanto!... que não se disse!... e a casa tão perto…
… meu filho!
… gritos… chamas… cinza… a hora imprevista… duma chegada adiada…
… choramos todos os filhos sem pais…. todas os pais sem filhos, todas as casas sem dono… todas as aldeias sem vozes… todos os que não chegaram… choramos o espanto… o medo… a dor… e fico-me enfurecido com o Deus da guerra, dos dilúvios… de Sodoma e Gomorra… da matança dos primogénitos dos egípcios… “Todos os primogênitos do Egito morrerão, desde o filho mais velho do faraó, herdeiro do trono, até o filho mais velho da escrava que trabalha no moinho, e também todas as primeiras crias do gado.” (Êxodo 11)
… este não é o meu Deus… talvez reencontre outro Deus… o Deus da misericórdia e da compaixão… talvez reencontre o Deus da vida no pinheiro ardido que reverdece… na primeira rosa da primavera… na esperança para além da partida…. esse será o meu Deus… tudo o mais é dor… sofrimentos… morte e destruição… alienação…
… e isso não Te admito!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
Sem comentários:
Enviar um comentário