terça-feira, 1 de maio de 2018

O TURISMO EM BRAGANÇA vs PORTUGAL 2020

(pormenor de varanda em ferro forjado,
rua dos Combatentes da Grande Guerra)
Nos últimos meses tenho sido convocada por distintas instituições para participar em momentos de reflexão sobre o turismo em Bragança. Percebo nestes convites alguma preocupação com a participação dos atores locais. E por isso muito me congratulo, é sem dúvida entusiasmante esta nova sensação de integração na minha terra!
Mas, continuo a ter dificuldades em perceber qual o papel exato dos atores locais. As reflexões solicitadas parecem pedir apenas aprovações e aplausos e a liberdade critica é rapidamente silenciada com justificações.
Ora “lamentavelmente”, o facto de ter nascido numa democracia, a minha educação e formação académica formataram-me no sentido de desenvolver um sentido critico positivo e construtivo em prol do desenvolvimento de todos! Por isso, não posso deixar de expor o meu desagrado com as politicas locais de desenvolvimento do turismo. Desde logo, chama a atenção o facto de simultaneamente diversas instituições estarem a trabalhar o mesmo tema – desenvolvimento do turismo em Bragança. Poderíamos pensar numa consciência coletiva da emergência de um trabalho em rede entre as diversas instituições públicas e privadas locais. Mas não. O aspeto comum entre os diversos projetos de desenvolvimento do turismo local é que são todos apoiados por fundos do PORTUGAL 2020. Aparentemente as linhas de apoio devem ser semelhantes, pois multiplicam-se as plataformas virtuais, os press trips, logotipos, símbolos, marcas e slogans, tudo para promover Bragança! Multiplicam-se também as empresas de consultoria e promoção turística provenientes de Lisboa, Leiria, Porto ou Guimarães que são em realidade quem faz o trabalho. Trabalho este que eu julgaria ser da responsabilidade das próprias instituições locais. Mas não. São as próprias empresas que se deslocam ao território. A este “reino maravilhoso”, “telúrico” e “longínquo” de que faz parte Bragança. Já no terreno e após um “brainstorming” com os locais (connosco) fazem a síntese das necessidades sentidas pelos locais (por nós). Mais tarde, apresentam em “powerpoint” a analise “swot” aos locais (a nós) e promovem “press trips”!
Bravo! Na gíria politica local podemos dizer que “Bragança, smart city, está a alavancar a excelência do território”! Deus nos ajude!

Emília Nogueiro
in:historia-e-arte.blogspot.pt

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