No espaço cultural instalado num edifício histórico remodelado pelo arquiteto Souto de Moura está tudo a postos para as comemorações da década, que se prolongarão até outubro, e incluem também concertos no jardim, conversas, conferências, ou a apresentação de dois catálogos retrospetivos, uma das 22 exposições de Graça Morais, e outro de todas as exposições temporárias realizadas.
Em entrevistas à Lusa o diretor do CAC, Jorge da Costa, destaca "em particular as duas grandes exposições que estão a ser preparadas".
Uma intitulada "Humanidades", em que a pintora Graça Morais vai apresentar cerca de 80 obras inéditas, para assinalar este décimo aniversário.
"São obras novas que vão fazer um diálogo com obras mais antigas, nomeadamente de 1982 até 1996, mas sobretudo são 80 pinturas e desenhos sobre papel que foram feitas de propósito a pensar serem expostas, pela primeira vez, aqui em Bragança", contou à Lusa a pintora Graça Morais.
Depois do CAC de Bragança, esta exposição irá seguir para o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, em Lisboa. A mostra tem a ver com as "grandes preocupações" da pintora com "os tempos inquietantes" que vive a Humanidade.
A maior parte dos desenhos e pinturas "são de pequenino formato, muito intimistas".
"Não é uma pintura do espetáculo. Não são desenhos que as pessoas olhem pela sua grandiosidade porque caem em cima delas (...). Esta pintura vai tocar de certeza as pessoas", na perspetiva da pintora.
Depois de dez anos a mostrar, em Bragança, as obras que foi realizando ao longo da carreira artística, Graça Morais não quis agora "continuar a escolher obras que já foram expostas". "Queria ultrapassar-me a mim mesma", afirmou, a pintora natural de Trás-os-Montes, da aldeia do Vieiro, em Vila Flor.
A segunda exposição preparada para o décimo aniversário do CAC de Bragança "é uma espécie de retrospetiva a todas exposições individuais que aqui foram apresentadas, de artistas portugueses, estrangeiros, de várias gerações", indicou o diretor Jorge da Costa.
Nesta mostra vão estar representados 30 artistas que passaram por este espaço cultural, desde Paula Rego, Júlio Pomar, Ana Vieira, Alberto Carneiro, a Pedro Calapez e Julião Sarmento, entre outros.
Simultaneamente, o Centro de Arte Contemporânea de Bragança vai mostrar, pela primeira vez, a coleção de arte própria, resultado de um acervo que foi somando ao longo dos dez anos, com doações dos artistas que por ali passaram e outras por instituições.
A coleção começou com a doação, ainda antes do centro abrir ao público, de 50 obras doadas pela pintora Graça Morais.
A par da pintora, grande parte dos artistas que aqui fizeram exposições foram doando também obras e "hoje a coleção já é significativa", com "todas as linguagens representadas, desde pintura, desenho, vídeo, instalação, fotografia".
É uma coleção muito heterogénea, como explicou o diretor do CAC, "porque tem de facto não só artistas portugueses e estrangeiros, mas tem também artistas das várias gerações".
"E uma das coisas extraordinárias também desta coleção é que grande parte das obras, e apesar de estarmos a falar de grandes nomes da arte contemporânea portuguesa, a maior parte delas foram criadas já no século XXI, são contemporâneas, no fundo, deste Centro de Arte ", acrescentou.
Entre as iniciativas programadas para comemorar os dez anos, o CAC vai colocar no jardim do edifício uma nova instalação que "tem uma dimensão monumental, para que as pessoas vivam o espaço na sua totalidade".
A temporada que se segue, em novembro, traz novidades com um novo projeto nacional, o "Gulbenkian Itinerante", que envolve a coleção da Fundação e cinco museu do país, a começar neste centro de arte de Bragança.
HFI // MAG
Lusa/fim
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