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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

A memória da prostituição em Bragança

O Bairro do Toural, na capital de distrito, ainda serve de paragem a quem vive do negócio do sexo
São nas “ruas da amargura”. Assim é conhecida entre muitos brigantinos, uma das zonas mais antigas da cidade. Ali ainda se redesenham memórias da prostituição em Bragança.

Quem, de tanto a palmilhar, conhece o traço e os relevos da calçada são “as meninas” que resistiram aos sucessivos fechos das casas e bares que lhes serviam como ponto de apoio e agora “andam por aí, andam na rua à espera” e depois “vão nos carros”, relatou “Maria”, que chegou a ser gerente de uma das mais antigas e resistentes casas associadas ao negócio do sexo na cidade transmontana.

“Levam 20 euros no máximo, mas há quem faça por 10”, assegurou a ex-proprietária enquanto ia contando que, por agora, “ficam perto de alguns dos sítios que antigamente lhes abriam portas e serviam de ponto de encontro”.

A “Rabala”, um estabelecimento com ar de tasca, já existia antes do caso as “Mães de Bragança”, que em 2003 pôs a cidade em alvoroço, manteve-se depois do fecho das várias casas de alterne na cidade. Além da rua onde era a “Rabala”, o negócio do prazer estende-se a outros recantos e espaços da cidade. “À beira do Santo António há uma casa alugada por duas, uma trabalha no primeiro andar, outra no segundo”, confirmou um contacto do Jornal Nordeste. “Assim à vista”, contam-se umas dez mulheres que fazem deste o seu destino e trabalho, mas, ainda que “jovens, de vinte e tal ou trinta anos”, são “decadentes”, relatou-nos.

É perto desta antiga taberna que, ainda outro dia, ao fim da manhã, vestida de tigresa, uma destas mulheres esperava um cliente. A ela juntou-se, poucos minutos depois, outra, mais recatada nas vestes. Enquanto trocavam conversa, continuavam à espera. E é assim, que normalmente, todos os dias, a rua relembra estas memórias não muito remotas. “Maria” relembra outros tempos e ainda tem frescas as recordações de outras décadas. “Na altura das brasileiras o bar já estava aberto” e “havia alguns clientes dos dois espaços porque ali era mais barato. A outra era uma prostituição de luxo, não era para todos os bolsos”, contou a nossa fonte, admitindo também que, para a “Rabala”, “o negócio foi sempre normal” até porque “não era o mesmo público, eram pessoas com mais idade e da aldeia”.

Quinze anos depois das “Mães de Bragança”, pela cidade há quem ainda viva as saudades dos tempos em que a capital de distrito acolhia as mulheres que vinham das terras de Vera-Cruz. Ao ter honras de primeira página na revista “Time” e ao fazer correr tinta pelos diversos jornais portugueses, uns falam do nome da terra que para sempre foi manchado mas outros falam sobretudo do prejuízo que o negócio sofreu com o fecho dos bares. E é assim, com nostalgia, que tanto José Pereira como Luís Miranda, taxistas em Bragança, recordam esses dias. José, mais conhecido por Vidal, relembra que na altura comprara um carro novo e só num ano percorreu com ele 180 mil quilómetros mas agora não consegue fazer isso “nem em quatro anos”. Enquanto trocava impressões com o colega de profissão, Luís assumia que “a cidade andava mais alegre” até porque “vinha gente do Porto, de Vila Real, de todo o lado”. Na cidade, que “não tem nada a ver”, pois antigamente “tanto de dia como de noite havia movimento”, Luís conta que no negócio todos perderam e da mesma opinião é Adelino Ferreira. Proprietário de um restaurante, o brigantino, emigrado no Brasil voltara a Bragança para fazer vida e abrir na cidade um espaço ao jeito do país que o recebeu mais de 40 anos. Aberto na época mais áurea da prostituição, “o restaurante quase vivia destas pessoas” nesses tempos. Depois do fecho dos bares, também o negócio de Adelino Ferreira perdeu até porque “não havia dia nenhum que não tivesse lá bastantes a jantar”.

Enquanto assumia ter “saudades” daqueles tempos, por Bragança, às brasileiras, que “eram asseadas” e “pessoas simpáticas e normais”, conforme Vidal as descreveu, “já não se lhes põe a vista”, mas por aqui ainda ficaram mulheres que continuam a atrair diversos homens que pagam para ter prazer.

Escrito por Brigantia
Carina Alves

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