O primeiro ano depois das eleições autárquicas de 2017 fica marcado, em Bragança, pelas queixas da oposição socialista à forma como é tratada pelo presidente da maioria social-democrata, Hernâni Dias.
O mais recente episódio aconteceu na Assembleia Municipal de setembro, em que os dois vereadores do PS ficaram sentados em cadeiras a um canto, ao lado da mesa onde estavam os cinco eleitos do PSD para a Câmara Municipal.
Enquanto a oposição aceitou fazer à Lusa um balanço do primeiro ano deste mandado, o presidente da Câmara, Hernâni Dias, recusou, argumentando que a altura certa será em dezembro, data em que faz um ano da tomada de posse.
Hernâni Dias está a cumprir o segundo mandato à frente da câmara da capital do distrito de Bragança, onde o PSD é poder há mais de 20 anos.
No concelho, ainda não são visíveis os mais de 50 milhões de euros de investimento privado na ampliada zona industrial que o autarca anunciou durante a campanha eleitoral.
Da mesma forma, segundo afirmou recentemente, só em 2019 deverão estar no terreno as principais obras dos 40 milhões de euros anunciados para a reabilitação urbana, em que se destaca a construção do Museu da Língua Portuguesa.
O PS entende que, "como político, o presidente da Câmara de Bragança tem saldo provisório negativo", como afirmou à Lusa o vereador do partido, Nuno Moreno.
"A política do presidente da câmara tem quatro características: a política de avestruz, mete a cabeça na areia, de Pilatos, lava as mãos, renunciou à social democracia e faz um a política de intimidação ao exercício democrático da oposição", considerou.
O socialista apontou como problemas que o presidente teima em não resolver os da poluição do rio Fervença, que atravessa a cidade, e o "cheiro nauseabundo" da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), construída há 20 anos junto à zona histórica.
O PS questiona também como é que se vai investir milhões "para destruir avenidas e fazer tudo de novo e não há meia dúzia de tostões para o saneamento básico em 27 das 114 aldeias do concelho".
A oposição considera que a reabilitação do centro histórico "deixa de fora as famílias" e acusa a liderança social-democrata de estar em incumprimento com as juntas de freguesia, por falta dos acordos obrigatórios de descentralização.
"Já lá vão cinco anos de incumprimento", vincou Nuno Moreno.
Os socialistas apontam mais uma vez o dedo aos 9,5 milhões de euros investidos no parque tecnológico Brigantia Ecopark, que "continua subsidiodependente com a Câmara a injetar 260 mil euros por ano e apenas com 14 das mais de cem empresas anunciadas".
O presidente da câmara é acusado de não estar a respeitar o exercício do direito de oposição, por não divulgar um relatório anual obrigatório por lei.
Os vereadores do PS dizem que, apesar de fazerem parte do executivo camarário, não são convidados para eventos, nem têm sequer um gabinete ou meios próprios para atender munícipes.
Criticam também a presidência do PSD por ter um excedente de quase nove milhões de euros e não redistribuir pelos municípios os cinco por cento a que tem direito de IRS (Imposto sobre o Rendimento Singular).
Querem ainda que o município reveja os contratos-programa com as coletividades desportivas do concelho para dar melhores condições às camadas mais jovens.
Nas eleições de 2017 o PSD obteve 57,05% dos votos, conquistando cinco mandatos, mais um do que em 2013. Já o PS manteve dois mandatos, com 27,12% dos votos.
Agência Lusa
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