O Colégio Ultramarino Nossa Senhora da Paz de Chacim, no concelho de Macedo de Cavaleiros, fechou portas este ano letivo.
Ao fim de 37 anos, aquela instituição privada, propriedade da Congregação das Servas Reparadoras de Jesus Sacramentado, viu-se obrigada a encerrar devido ao número de matriculados das aldeias de Chacim, Peredo, Olmos e Lombo, zona geográfica de abrangência do colégio, ser insuficiente para abrir turmas com, pelo menos, 26 crianças, total necessário para continuar a receber apoios através dos contratos de associação do Governo.
O ano passado, este colégio já funcionou apenas com duas turmas, uma de 8º e outra de 9º ano, sendo que, por cada uma delas, a escola recebia 80.500€ anuais.
Embora em 2018/2019, o colégio ainda pudesse funcionar com uma turma de 9º ano ao abrigo desses apoios, o que iriam receber seria insuficiente para manter as portas abertas, explica Emília Sextas, ex-diretora do colégio:
“Poderíamos ter continuado a funcionar com essa turma, mas a Congregação decidiu encerrar porque a situação era inviável.
No ano letivo anterior tivemos um prejuízo avultado durante o ano porque o contrato de associação que prevê cerca de 13 mil euros por mês com essas duas turmas, não seria suficiente para o pagamento dos funcionários docentes e não docentes, quanto mais para o resto das despesas.”
Um colégio que desempenhava um papel social na vida de muitos jovens, recebendo crianças institucionalizadas e com carências a vários níveis. Apesar de o ano passado a escola ter já apenas 50 alunos, os subsidiados era mais de 60% e, pelo menos três, foram encaminhados pelo Tribunal.
Emília Seixas diz não ter dúvidas que a falta do ensino do colégio está a prejudicar muitas crianças e acusa o governo de não se preocupar com isso:
“O colégio era somente de cariz social.
Não digo que foram todas, mas muitas dessas crianças remeteram-se ao absentismo escolar assim que foram para a escola pública, ficaram cheias de processos e foram até suspensas. Estou a falar de casos concretos que aconteceram no ano anterior.
Muitos dos alunos que foram para o 7º ano do ensino público foram logo alvo de processos disciplinas e consequente suspensão.
Mas esta é a parte que eu costumo dizer que não é importante para o Governo.”
A ex-diretora adiantou que chegou a pedir ao Governo uma excepção para abrir a turma de 7º ano no ano letivo 2017/2018, com apoios do Estado, pedido que acabou por ser negado por, e estamos a citar, ”não cumprir os requisitos previstos na lei”.
Este colégio empregava no último ano de funcionamento nove docentes e quatro não docentes, um número já bastante inferior aos anos anteriores.
Além do desemprego de muitos destes funcionários, o encerramento do colégio representa uma grande perda para a aldeia de Chacim, considera José Génio, presidente da junta de freguesia:
“O nosso colégio foi um dos que fechou e não ficamos contentes com isso porque era uma mais-valia para a aldeia de Chacim, assim como para as aldeias vizinhas. Este colégio dava movimento à aldeia.”
Em 2016, o Colégio Ultramarino Nossa Senhora da Paz tinha mais de 100 alunos, com turmas do 5º ao 9º anos, de todo o distrito e até de outros pontos do país.
Teve as primeiras instalações em Sendim, Miranda do Douro, mas desde 1981 estava sediado em Chacim, no concelho de Macedo de Cavaleiros.
Agora, fechou mesmo portas.
Escrito por ONDA LIVRE
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