O provedor da Misericórdia de Bragança está a tentar negociar a gestão da unidade psiquiátrica local, que promete rentabilizar com novas respostas para as demências a "metade dos custos" que o Estado tem, revelou hoje o responsável.
Eleutério Alves especificou que a Santa Casa da Misericórdia de Bragança (SCMB) propôs uma parceria à Unidade Local de Saúde (ULS) Nordeste para gerir a unidade psiquiátrica de Bragança e criar ali resposta às demências, inexistente atualmente na região.
A próxima valência que esta instituição particular de solidariedade social pretende disponibilizar à população de Bragança é precisamente na área das demências, sendo que o provedor já tinha manifestado a intenção de criar uma ala para este fim na Unidade de Cuidados Continuados, mas o projeto é agora outro.
O responsável falava à margem de um seminário para assinalar os quatro anos da Unidade de Cuidados Continuados da Misericórdia que disponibiliza 67 camas destinadas a quem teve alta hospitalar ou está em situação de dependência e precisa de serviços médicos, por onde passaram mais de 600 doentes.
A unidade abriu em 2014 com 40 camas, aumentou para 55 e agora tem mais 12 em regime privado, fora da rede nacional de cuidados continuados e não comparticipadas pelo Estado, sendo pagas integralmente pelo doente.
Na inauguração, o estado só comparticipou 40 das mais de 60 camas da capacidade da unidade e o provedor avançou com a intenção de ocupar as restantes numa ala destinadas a pessoas com demência.
Eleutério Alves revelou hoje que, ao longo dos últimos anos, tem, no entanto, tentado negociar com a ULS Nordeste um protocolo para a entrega da gestão da unidade psiquiátrica da Quinta da Trajinha à Misericórdia, com o propósito de criar ali resposta para estes doentes.
Numa altura em que a ULS está a elaborar, com a participação dos agentes locais, um Plano de Saúde Local, o provedor da Misericórdia entende que o mesmo deve ter em conta uma estratégia para atenuar a problemática das demências na região.
"Nós hoje temos muita gente dependente e sobretudo com doenças do foro mental - nós sentimos isso nos nossos lares de idosos e na população em geral - e era necessário criarmos essa resposta. Creio que, juntamente com a ULS Nordeste, podemos avançar para aí", declarou.
Eleutério Alves defende que "há hoje já instalações no âmbito hospitalar que podem perfeitamente ser protocoladas para uma gestão privada com a SCMB e ser mais rentabilizadas para dar melhor cobertura ao concelho".
O provedor refere-se à unidade da Quinta da Trajinha e indicou que "há vários anos" que anda a tentar esta solução, que tem sido discutida com os três últimos presidentes da ULS.
"É sempre pertinente e tem sempre pés para andar, mas acaba por não andar, porque na altura em que é preciso tomar alguma decisão, da parte da saúde há um retrocesso", contou.
A expectativa é de que agora com o plano local de saúde essa solução seja contemplada e o provedor da Misericórdia diz que "seria muito mais vantajoso para a Saúde em termos financeiros".
Segundo os cálculos que fez, garante que "se poderia poupar muito próximo dos 50% dos custos que aquela estrutura hoje está a ter com a gestão pública".
A resposta às demências é considerada tão necessário como a unidade de cuidados continuados, a maior do distrito de Bragança, que, desde a abertura há quatro anos, tem estado sempre lotada.
Segundo a diretora-técnica, Suzete Abrunhosa, a maioria dos utentes é idosa e "são essencialmente pessoas que sofreram AVC (acidentes vasculares cerebrais) e quedas". Na Unidade de Média Duração e na longa duração o maior número de casos é de feridas por pressão e também AVC com menos potencial de reabilitação.
Agência Lusa
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