Desde junho a cooperativa de energia elétrica, criada pelos municípios fronteiriços portugueses e espanhóis de Salamanca, Zamora, Bragança e Guarda, está a comercializar eletricidade ao preço de custo.
A ideia nasceu há dois anos no AECT - Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça Duero - Douro, que entre espanhóis e portugueses tem mais de 230 municípios e cerca de 200 mil habitantes.
E tudo se processa de uma forma muito simples. A EFIDUERO comprar a eletricidade no mercado ibérico, como todas as empresas o fazem e depois (e aqui é que está a diferença) vende-a ao preço de custo. É isto que a cooperativa EFIDUERO já está a fazer no lado fronteiriço espanhol de Salamanca e Zamora desde o final de junho.
"Os resultados são espetaculares. Já temos mais de 360 contratos em apenas 4 meses. A grande parte são municípios para que as pessoas percebam que isto é uma realidade e que se pode poupar".
Quem o diz é José Luís Pascoal, diretor do Agrupamento de Cooperação Transfronteiriça. Acrescenta que o ganho "para as entidades andará à volta dos 15 aos 30% e para os habitantes será na ordem dos 20 a 30%".
Um dos que já aderiu à EFIDUERO foi o Ayuntamiento (município) de Robleda em Salamanca. Luís Balas é o presidente e refere que " em Agosto pagámos pouco mais de 2000 euros quando o normal dos anos anteriores rondava os 3000. Cada vez temos mais obstáculos para viver nas nossas aldeias e esta poupança é muito importante para nós."
Garçon Martin presidente do município de Boada, também na província de Salamanca reforça a ideia. " Uma poupança entre 15 a 20 % é significativo e conseguimos isso com a EFIDUERO. Muito mais nestas zonas rurais com economias com muitas dificuldades". Ele própro já sentiu a diferença em casa. "Pagava 180 euros cada dois meses, agora poupo entre 15 a 25 euros".
Para que a Cooperativa Efiduero começasse a comercializar a energia no lado espanhol foi necessário entregar uma caução de 7500 euros. Montante único para qualquer empresa que queira começar o negócio nesta área. Do lado português REN e EDP pedem 100 mil para que o processo se inicie. José Luís Pascoal diz que "que é um exagero pedir dez vezes mais do que em Espanha a uma cooperativa que não vai ter lucros".
Mesmo assim, José Morais da Câmara de Moncorvo acredita que dentro de pouco tempo as populações raianas de Trás-os-Montes e Beira Alta irão poder usufruir da eletricidade a preço de custo. "Lamentamos que do nosso lado as dificuldades sejam maiores mas acreditamos que com o sucesso do lado espanhol mais rapidamente consigamos atingir os nossos objetivos".
A ideia inovadora do agrupamento transfronteiriço está a ter eco em Espanha. Representantes de Barcelona já pediram informações sobre o processo. Em Portugal poderão vir a aderir, instituições, empresas e particulares dos concelhos de Bragança, Vinhais, Miranda do Douro, Moncorvo Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida e Sabugal.
Afonso de Sousa
TSF
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