A presidente da câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, já reagiu às críticas de Hernâni Dias, presidente da câmara municipal de Bragança, sobre as reivindicações para as ligações a Espanha e o seu traçado. Júlia Rodrigues reitera que na CIM os autarcas não representam partidos políticos mas sim municípios.
Não se podem excluir pretensões de construção de infra-estruturas só porque algumas reivindicações são mais antigas que outras. É esta a ideia da presidente da câmara de Mirandela sobre as declarações do seu homólogo de Bragança, que alegou que a reivindicação da ligação a Espanha pela Gudinha, que recentemente integra as pretensões da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes, pode pôr em causa a ligação a Espanha pela Puebla da Sanabria, que frisa estar pedida há mais de 20 anos, considerando que houve uma tentativa clara de, dentro da CIM, aliviar as costas ao Governo no que tem a ver com a tomada de decisão sobre essa matéria.
“A nível de coesão territorial e quando nós criticamos o governo central por não dar o devido valor a esta questão, também temos que apostar na mesma coesão territorial de Bragança para com o resto do distrito e da própria CIM. Tem de haver uma alavanca de desenvolvimento integrado e inclusivo entre todos os concelhos. E aquilo que me parece é que a estratégia da CIM tem de passar também por essa coesão territorial. Portanto, os projectos que candidatamos foram apresentados e não podemos excluir infra-estruturas pelo facto de umas serem mais antigas e outras mais recentes. O que me parece é que está haver um oportunismo político”, salientou Júlia Rodrigues.
Hernâni Dias considerou ser lamentável que a CIM esteja a criar aquilo que a tutela gostaria de ter que seria uma desculpa para não fazer aquilo que verdadeiramente é importante e acredita que a CIM devia ter uma perspectiva de desenvolvimento integrado. Já Júlia Rodrigues reitera que os municípios não devem pensar apenas por si.
“Todos nós representamos expectativas, necessidades e ambições dos próprios territórios. A comunidade intermunicipal é aquilo que os autarcas desejam para o seu próprio território. A governabilidade tem que se conquistar e tem de ser solidária também com os outros municípios e as expectativas. E não cada município pensar por si e ter as soluções próprias que só beneficiam aquele município. Obviamente, que Bragança só se desenvolverá se os territórios que pertencem à mesma região estiverem também em vias de desenvolvimento. E por isso, Bragança nunca será um território competitivo se os outros concelhos não forem também competitivos e tem de haver um desenvolvimento integrado numa estratégia regional”, referiu a autarca mirandelense.
Júlia Rodrigues frisou que Hernâni Dias tem falta de visão estratégica para a própria CIM a par das suas palavras sobre entender que a comunidade não pode ser entendida como um mini parlamento onde há uns que são da cor do Governo e estão a governar e há outros que estão do outro lado e são a oposição.
“Eu considero que é uma interpretação errada e uma falta de visão estratégica para o próprio território da CIM. Quando se fala num mini parlamento, não me parece que seja um juízo bem feito sobre aquilo que se passa na comunidade. Nós não representamos partidos políticos, nós somos eleitos por partidos políticos. Representamos os municípios e por exemplo Mirandela, vai muito para além do que é Mirandela”, acrescentou Júlia Rodrigues.
Considerações de Júlia Rodrigues face às declarações proferidas por Hernâni Dias a par das comemorações dos 555 anos da elevação de Bragança a cidade.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves
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