A região de Bragança é das maiores produtoras portuguesas de castanha, mas tem uma fileira por explorar em que aposta o primeiro espaço que abriu nesta cidade dedicado ao fruto rei da Terra Fria, considerado o petróleo transmontano.
A "Marron Oficina da Castanha" propõe-se mostrar, em plena zona histórica de Bragança, que a castanha não é só São Martinho e que, além da venda do fruto a granel, há uma diversidade de aproveitamentos e derivados ainda por explorar.
A região de Trás-os-Montes é responsável por 80% da produção nacional da castanha, mas é de França, Espanha e do Alentejo que chegam ao novo espaço, aberto há 15 dias, alguns dos produtos que vão das cervejas aos licores, pão, doçaria, pastas, congelados e gelados, chá, compotas, cosmética, mel de castanheiro ao famoso "marronglacé".
Além duma mercearia, o espaço tem também um Centro Interpretativo, uma coleção inédita de assadores de castanha, bem como uma área para workshops à volta da castanha e do souto, divididos por dois pisos com capacidade para 60 pessoas e apoiados por uma cafetaria e bar.
O promotor do investimento de 166 mil euros, financiado em 90% pelo Turismo de Portugal, no âmbito da Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior, é João Campos, que acredita que "a castanha é um produto com muito potencial e que podia ser vendido de outro maneira e durante todo o ano", nesta região.
"Fala-se muito da castanha durante o outono, durante a apanha, mas a partir do Natal já ninguém fala e há motivos de interesse para visitar soutos todo o ano, desde a floração em maio, às sombras no verão, à apanha dos cogumelos, e para consumir castanha e derivados durante todo o ano", sustentou.
O que é certo é que para encher os expositores durante o ano, o empresário tem "de ir às compras fora.
"Grande parte dos produtos vêm da Galiza, da zona do Bierzo", indicou.
O outro lado da fronteira "tem muitas semelhanças com Trás-os-Montes" ao nível desta produção, a diferença, segundo diz, "está nas pequenas unidades artesanais que fazem uma grande transformação e que não há em Trás-os-Montes".
Há unidades lá fora que já apostam nos derivados e transformação da castanha desde 1882, como apontou.
João Campos tem ficado "surpreendido" com a adesão ao espaço, também de pessoas da região incluindo produtores e com a reação dos mesmos: "perguntam porque é que nós cá não fazemos isto?".
O investimento para a transformação é elevado, nomeadamente em maquinaria, todavia João Campos acredita que como se "fazem lagares de azeite, também há com certeza fundos comunitários" para este setor.
O empresário "preferia ter as prateleiras com mais produtos da região", mas constata que "era impossível abrir este espaço apenas com o que aqui se produz".
"Este negócio pode ser um estímulo para entusiasmar os produtos locais", afirmou à Lusa, sublinhando que "algumas pessoas não fazem ideia das aplicações que a castanha tem".
A ementa do bar e cafetaria permite degustar algumas das iguarias como um caldo de castanha, os bilhós, económicos ou bolas de Berlim com creme de castanha ou presunto certificado do porco Bísaro alimentado com castanhas.
O próximo passo será, a partir de abril, promover a castanha como produto saudável junto das escolas e chamar os mais novos ao novo espaço com visitas organizadas.
HFI // MSP
Lusa/fim
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