A aldeia de Uva, em Vimioso, concentra o maior número de pombais tradicionais, com a paisagem salpicada pelos redondos edifícios brancos, que motivaram o aparecimento de uma associação com nove trabalhadores fixos e voluntários nacionais e estrangeiros.
A Palombar, que foi buscar o nome a pombal em mirandês, nasceu há 18 anos com a criação do Parque Natural do Douro Internacional, e ganhou uma dimensão maior que a maioria das pequenas e médias empresas da região, dedicando-se a preservar o património cultural, paisagístico e natural com uma ação de que vai do norte do distrito da Guarda a Bragança.
O trabalho é feito a partir da aldeia de Uva, com pouco mais de uma centena de habitantes, escolhida, como explicou à Lusa Américo Guedes, da Palombar, pelo número de pombais que tem e por haver a possibilidade de a sede da associação ficar na antiga escola primária.
A Palombar já ajudou a recuperar “mais de meio milhar de pombais” na sua área de intervenção e estas edificações são o principal objeto de ação pela sua importância enquanto património cultural arquitetónico e por serem “excelentes elementos para a conservação da natureza, nomeadamente de várias espécies que se alimentam de pombos”.
Antigamente, era as populações que mantinham os pombais, como explicou o responsável, pois aproveitavam o estrume que os pombos faziam, chamado de “pombinho”, para fertilizante e também se alimentavam desta espécie, concretamente dos mais jovens, os “borrachos”.
O pombo era também útil porque, nestas zonas cerealíferas, limpavam os campos e é por isso que os pombais estão no meio de campos agrícolas.
A conjugação de vários fatores como a perda de população, falta de rentabilidade e abandono agrícola levaram ao abandono dos pombais, que ficaram a cair.
“São um património da região, um património arquitetónico, cultural e era uma pena”, observou Américo Guedes, explicando a razão da criação da associação com um propósito mais abrangente de conservação da natureza.
Os pombais que a Palombar está a recuperar são “muito direcionados para a águia de Bonelli, já que o pombo é um dos alimentos” e esta espécie protegida está presente no Parque Natural do Douro Internacional.
Na associação, trabalham “a tempo inteiro nove colaboradores, efetivos” e mais voluntários de longa duração, nomeadamente de serviço de voluntariado europeu, serviços civis franceses e italianos, que vivem na aldeia ou nas aldeias em redor.
Recebem também “gente um pouco de todo o país e de Espanha nas oficinas” que promovem e nos campos de trabalho de voluntariado internacional.
A associação já é proprietária de algumas propriedades direcionadas à conservação da natureza e, além dos pombais, também trabalha outro património, tem oficinas de construção de muros de pedra tradicionais, de carpintaria, tem em curso um projeto de escavações arqueológicas no concelho de Miranda do Douro, entre outros.
Agência Lusa
Fotografia: Palombar
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