Olá gentinha boa e amiga!
A tia Helena Madureira, de Alfaião (Bragança), festejou os seus 102 anos de vida no dia 22 de Maio, quarta-feira, dia de Santa Rita de Cássia, advogada das causas impossíveis, e por isso com a sua bênção, pois tem tornado possível esta idade tão bonita à tia Helena, com muita energia e grandes memórias. Foi no programa deste dia que o nosso tio Acácio, de Alfaião, mas a viver no Barreiro, nos informou deste aniversário, dedicando em directo e a pedido da aniversariante a música “A Saia da Carolina”, que ela tanto canta e gosta. Resolvi deslocar-me a Alfaião desse dia, para falar pessoalmente com tal monumento vivo e fiquei deveras impressionado com a lucidez e memória que a tia Helena ainda tem, pois quando me viu, a primeira coisa que disse foi “agora sim, está muito mais bonito! Já não está gordo!!!...”. Acrescentando ainda que “a única vez que o vi, foi há vinte e tal anos, na Taberna Benfica, a beber uns copos”. Além de recordar claramente este episódio, também se lembra de que o meu avô era o barbeiro do seu pai e que eram muito amigos, acrescentando “você foi criado naquela casinha, da esquina da Caixa Geral de Depósitos”. Como fiel ouvinte do nosso programa, recordou muitos acontecimentos da nossa família, como por exemplo a poesia do tio Carlos Vaz, de Serapicos (Bragança), a expressão característica do tio Firmino Ginja, de Carção (Vimioso), “até no cemitério já há vaidade, tio João!”, e muitos outros ouvintes que Deus já chamou.
A nossa aniversariante diz as coisas com o seu característico humor brejeiro e algumas asneiras à mistura, como quando nos confidenciou que a única vez que teve de ir a um hospital para levar pontos, já tinha 101 anos, quando andava a podar e “parti os cornos num poste das videiras”, asseverou. Escusado será dizer que no hospital foi um fartote de risa com os ‘alhos’ que por lá semeou e ao mesmo tempo de admiração, por ser a primeira vez, com a sua idade, que entrava num hospital.
A tia Helena Madureira nasceu no ano das aparições de Nossa Senhora de Fátima, 1917, na Rua do Brás, em S. Paulo, no Brasil. Aos 4 anos de idade veio para Alfaião com o seu pai, porque o irmão da sua avó paterna era padre nesta localidade e tinha terras agrícolas e o seu pai veio para as trabalhar. Desde então viveu em Alfaião e recorda a sua infância, sempre ligada à agricultura, com vacas e vitelas. Esteve solteira até aos 35 anos, altura em que, num dos serões de Inverno na aldeia, o seu futuro sogro se virou para a sua mãe e lhe propôs que a casasse com o seu filho Camilo. Na altura diz que não gostou muito da ideia, mas o que é certo é que dali a um ano ‘pariu’ o único filho que teve, o João, proprietário do Restaurante Pitês, nesta aldeia. Ficou viúva há cerca de vinte anos, continuando sempre a trabalhar na agricultura e, mesmo agora, ainda é ela que sega as couves para as pitas. Só há cerca de 2 anos é que passou a viver em casa do seu filho.
Diariamente percorre a aldeia toda, munida do seu pauzinho, não para a amparar e ajudar a caminhar, mas por uma questão de hábito e sentir-se mais segura. Também nos confidenciou que o seu segredo é o ‘motor’ e nunca ter feito dietas, comendo sempre “de tudo a eito”.
Depois de ter visitado a tia Helena, parece que vim de lá com mais vida e com o convite feito pela própria para daqui a um ano voltar. Faço votos que isto seja possível, porque ainda está ali para as curvas. Que a saúde que a tem acompanhado até aqui, não lhe falte.
Nos escritórios da terra, à hora a que o nosso programa começa, nota-se que há muita gente a trabalhar, porque durante o dia o sol já aperta. O tio Zé Carlos Pinto, de Tabuaço (Viseu), disse-nos que este ano é ano de muita cereja, embora sejam mais pequenas que o habitual. Também a maior parte dos nossos pastores já têm os seus rebanhos ‘despidos’ e assim podem pastorear as ovelhas até mais tarde.
Quem esteve de parabéns na última semana foi o tio Aniceto (69), de Samil (Bragança); a tia Ângela Cabral (61), de Bragança; Vasco Micael (18), de Pombares (Bragança); João Alberto (40), de Pinhal do Douro (Carrazeda de Ansiães); tio Ribas (81), de Póvoa (Miranda do Douro); tio Manuel Teixeira (74), de Montesinho (Bragança) e a nossa menina especial, a rainha das rendinhas, a Leninha (49), de Vilarandelo (Valpaços). Que para o ano seja possível festejarem outra vez o seu aniversário connosco. Muita saúde para todos.
Tio João
in:jornalnordeste.com
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