Os ataques têm acontecido nas aldeias de Salselas e Carrapatas.
Em Salselas, segundo os habitantes, são três os cães vadios que andam à solta e já mataram mais de dez animais. Isabel Pinto é uma das habitantes lesadas, e conta que a situação está a deixá-los assustados, até porque um dos cães já atacou também uma pessoa. “Três mortas, duas feridas e uma desaparecida ainda neste momento. É um choque a gente andar a trabalhar, chegar ali e ver os animais mortos. Estamos muito assustados porque um dos cães, ao tentar apanhá-lo, atacou a pessoa. Tem os dedos feridos e foi um deles que o atacou”.
Luís Brás trabalha para um proprietário de ovelhas de Salselas e conta que os ataques aos animais têm sido frequentes. “Já por três ou quatro vezes que foram atacadas. Ainda há dois ou três dias atacaram dois ou três cordeiros. Na altura, estávamos nós para sair, e os cães já estavam à espera para atacar as ovelhas, o que ainda aconteceu com uma. Já morreram uma ou duas por causa disso. Estão lá algumas feridas que nem conseguem sair do estábulo. Temos que estar de vigia, porque eles não saem dali e estão sempre à espera para atacar. Às vezes também aparecem aqui na aldeia à noite. Acho que deviam fazer alguma coisa, se uma pessoa mata um cão vai para a cadeia, mas então que o levassem para o canil”.
Segundo o presidente da Junta de Freguesia de Salselas, João Pinto, os ataques têm vindo a acontecer há cerca de dois meses e confessa que já comunicou à autarquia mais que uma vez, e ainda nada foi feito. “São pelos menos três os ataques que estão declarados à GNR que este aqui, e há mais um ou dois casos em que atacaram mas que não chegaram a morder. Logo que aconteceu reportamos à câmara e, fui falar com o Vereador Vilarinho e com o Dr. Nuno (veterinário municipal) para reportar a situação, e eles disseram que iam tratar do caso, mas estando o canil cheio, iam ver o que podiam fazer naquela altura. No entanto, o tempo foi passando e aconteceu novamente. Agora dizem que amanhã já vêm buscar os cães, logo de manhã, para os levar para o canil”.
Mas o caso de Salselas não é o único no concelho de Macedo.
Também na aldeia de Carrapatas este fim de semana um rebanho foi atacado por cães, matando 12 animais, como conta o presidente da junta, Armando Carrazedo. “Aconteceu de sábado para domingo, durante a noite. Atacaram as ovelhas, matando 12. Foi lá a GNR e o veterinário municipal e, pelo que sei, tiveram que carregar os animais mortos para um reboque. Algumas ovelhas tiveram de ser abatidas porque estavam a sofrer. Ainda cheguei a ver os cães, devem ser uns três ou quatro cães. Agora não sabemos se tem dono ou não. Tenho de fazer um ofício e mandá-lo para a câmara”.
Contactado, Pedro Mascarenhas, vice-presidente da autarquia de Macedo, justifica que a gestão dos animais abandonados tem sido complicada devido à lotação esgotada do canil intermunicipal, mas garante que pelo menos uma das situações vai ficar resolvida já amanhã. “O canil intermunicipal, onde devemos entregar os cães, está cheio. Não podemos proceder à apanha dos cães porque não temos onde os entregar. Tentamos reactivar o nosso canil municipal, que ainda existe, para nos podermos desenrascar, mas não é permitidopois dizem ser ilegal. Assim sendo, estamos de mãos atadas e é-nos muito complicado fazer a gestão dos cães vadios, porque não temos onde os por. Há situações que nós temos que avaliar, e quando os animais são considerados perigosos, aí o canil intermunicipal tem mesmo que arranjar espaço para os cães, é uma prioridade. E é isso que se passa nestes casos. Em Salselas vai ser feita já amanhã (quinta-feira) uma acção para tentar capturar os cães e entregá-los no canil, e a seguir iremos fazer o mesmo em Carrapatas”.
O vice-presidente sublinha ainda que a capacidade de recolha esgotada do canil intermunicipal tem criado constrangimentos no concelho. “Tem causado constrangimentos porque as pessoas que já não podiam ter os cães vinham entregá-los para serem levá-dos para o canil. Neste momento, nós não podemos aceitar esses cães e há muitas pessoas que optam por abandoná-los. Temos cães na cidade e cães nas aldeias abandonados que começam a dar problemas grande de saúde pública, porque realmente nós não os podemos apanhar que não temos onde os pôr”.
De lembrar que a entrada em vigor da lei que proíbe o abate de animais levou ao rápido esgotamento da capacidade do canil intermunicipal da Terra Quente Transmontana, que serve os municípios de Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Mirandela e Vila Flor, estando previstas obras de ampliação no próximo ano.
Escrito por Onda Livre (CIR)
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