Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

VIVER NÃO CUSTA…

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Meses depois de ter casado, na Igreja, fui viver para andar de prédio, que ficava nos subúrbios da minha cidade.
No rés-do-chão, vivia casal de idosos, que tinham o provinciano costume de, em dias quentes de verão, passarem o serão, sentados no passeio contíguo ao prédio.
Isso incomodava-me, tanto mais, que, sempre que passava, metiam conversa. Quase sempre lamentando-se da carestia da vida, e das parcas pensões, que recebiam
Certa ocasião foram passar férias a Viseu. O homem sentiu-se mal, e teve que regressar de ambulância.
Por camaradagem e bom relacionamento, com a vizinhança, resolvi visitá-lo.
Encaminharam-me para o quarto, onde o doente se encontrava deitado, sobre colcha de fustão, que cobria o leito, em troco nu.
Depois de agradecer a visita inesperada, a conversa descambou para as fracas reformas, que mal dão para sobreviver, num país, que quer ser do primeiro mundo.
Como lhe dissesse que as pensões mínimas tinham subido, esclareceu-me:
- “Fui chamado para ser aumentado, mas não aceitei…
Fiquei banzado; mas logo me esclareceu:
- “Tenho vantagem em não ter aumento…Como recebo pouquinho, e a reforma de minha esposa, não chega ao salário mínimo, podemos ter muitos descontos…
-“Sim!?” – Respondi, não atinando onde queria chegar.
-“Vou de férias e fico em bons hotéis, quase de graça. Passo as tardes no lar, gratuitamente, e ainda merendo…; minha filha estudou de graça, em bons colégios…Se sou aumentado… perco regalias…
Soube, mais tarde, que oferecera uma moradia, à filha, quando casou. Tem terras na aldeia; e é sócio de pequeno comércio, no centro da cidade…Quando era jovem fora proprietário de armazém de produtos de limpeza, que passara, por motivo de doença…
Viver não custa. O que custa é saber viver…

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Sem comentários:

Enviar um comentário