José Joaquim das Neves está aprender a ler aos 93 anos

Nem aos 93 anos é tarde para prender e a prova disso é o Sr. José Joaquim das Neves, que com esta idade decidiu aprender a ler e a escrever.

Trabalhou durante anos na jeira como agricultor e não teve a possibilidade de ir para a escola. Conheceu João Vasco e há menos de um mês já é o novo aluno da aldeia de Martim, Bragança, onde reside. Zé das Neves, como quer ser tratado, conta como conheceu o João e como, a partir daí, começou a aprender a ler.

“Olhe um dia ele veio aí, mora em Carrazedo, eu estava na casa do povo, lá lhe disseram que eu era amigo do Ti Mário e começamos assim a conhecermo-nos. Depois ele começou a vir cá e eu a ir lá a Carrazedo… e eu disse um dia, estávamos os dois, gostava de saber ler e ele cismou que me eu devia de aprender e que ele me ensinava. Passa-se um bocado entretido”, contou Zé das Neves.

Com a convivência foram ganhando proximidade e começaram a tratar-se por primos. João é actor já tinha feito alfabetização para adultos, o que tornou tudo mais fácil. Com aulas três vezes por semana, João diz que o seu primo Zé das Neves tem evoluído.

“Começamos pelo básico, o A, E, I, O e U e a junção das vogais com as consoantes mais fáceis de pronunciar, o P, o B… Espantosamente, 5 dias depois (das aulas terem começado) fomos almoçar e estávamos a ver televisão e o Primo Zé olhou para a televisão e disse “Rui Rio”. Passado 5 dias já sabia identificar o R, o U e o I”, referiu.

E se Zé das Neves aprende muito com João Vasco, o contrário também se verifica. São a motivação um do outro. João acredita que é possível que Zé das Neves aprenda a ler e a escrever e afirma que o seu primo é a sua inspiração.

“Dificilmente terei tido oportunidade para conhecer alguém como este homem, ao longo dos meus 45 anos e com cursos universitários. O que me motiva a vir é a beleza intrínseca que tudo isto tem. Acho grandioso, é uma inspiração para mim. O meu primo é o meu Mestre. Aprendo mais eu que ele”, acrescentou.

Com 93 anos, José Joaquim das Neves, da aldeia de Martim, Bragança, diz que não vai desistir de aprender a ler e a escrever.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais