Na Rotunda das Forças Armadas ergue-se o conjunto escultórico de Homenagem ao Lavrador, também designado por Monumento ao Agricultor Bragançano e à Raça Bovina Mirandesa, da autoria do escultor Rui Anahory (Rui Manuel Anahory dos Santos).
Rui Anahory, licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (1979), e mais tarde docente no Departamento de Escultura da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, participou em inúmeras exposições nacionais e estrangeiras, tendo uma obra altamente credenciada.
Em 10 de agosto de 1998, foi apresentada pelo Presidente da Autarquia, em reunião de Câmara, uma proposta, que seria aprovada por unanimidade, para a execução de um Monumento ao Agricultor Bragançano e à Raça Bovina Mirandesa (também conhecido pelo nome de Chega de Bois), a ser colocado em lugar público de Bragança, apontando-se como data limite para apresentação de propostas por parte de artistas portugueses o dia 30 de novembro de 1998. A 25 de janeiro do ano seguinte, a entrega da adjudicação do referido grupo escultórico a Rui Anahory foi aprovada por unanimidade, tendo por base a informação do Departamento de Obras e Urbanismo.
Tendo sido aberto concurso público pela Câmara Municipal de Bragança, e uma vez que todos os requisitos se achavam contemplados na proposta do artista, esta foi selecionada pelo júri reunido para o efeito, constando esta decisão da ata final datada de 9 de setembro de 1999, posteriormente ratificada em reunião de camarária.
De acordo com a memória descritiva do monumento apresentada pelo artista, sabemos que assumiu como tema central do seu projeto o enquadramento em que ocorrem as chegas de bois, acontecimento que envolve sempre uma participação entusiástica das gentes da região. São dois os elementos estruturais da composição: o Homem (agricultor) e o Boi de raça mirandesa. Intrinsecamente ligados, homem e animal fazem parte de um mundo rural que persiste em manter vivas as suas tradições ancestrais, não cedendo à modernidade invasiva que, muitas vezes, apaga da memória coletiva a tradição passada pelas sucessivas gerações. Por um lado, com a representação dos chegadores dos bois, o escultor pretende trazer até nós “o símbolo do homem, em convívio permanente com o animal, o boi, dono de uma força bruta que ele domestica e coloca ao seu serviço, na luta pela vida; o cultivador de terrenos à volta da aldeia, dos vales cheios de verdura, caminhante de veredas sombreadas por onde conduz os bois e as vacas para os lameiros”.
De igual modo, dá especial realce à caracterização fidedigna da raça bovina mirandesa, entendida como “raça autóctone”, que na “sua intimidade com o homem, de ajuda generosa e dócil, são atores e protagonistas de uma das mais arreigadas tradições do Nordeste Trasmontano”. A composição escultórica representa o momento em que os dois animais medem forças, incitados pelos seus donos, até que um deles vença ou desista, afastando-se do outro. A vitória tem especial significado para a aldeia a que pertence o homem e o animal, sendo um momento de júbilo devidamente comemorado.
Ainda seguindo a memória descritiva, deparamos, a nível da implantação do monumento, com algumas considerações interessantes por parte do artista. Assim, devia ter-se em consideração o local onde seria erguido, referindo-se especificamente o centro da urbanização (não devendo em média os edifícios ultra passar os sete andares), situando-se no ponto de encontro das ruas de acesso à urbanização, bem como da principal avenida de entrada e saída da Cidade. Por outro lado, ao ser montada a composição, a Chega dos Bois, como elemento estruturante, seria colocada de forma visível no alinhamento da mesma avenida.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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