Por despacho de 21 de dezembro de 2010, foi autorizada a execução de uma escultura destinada à rotunda da zona do Campelo, sendo esta decisão confirmada pelo parecer de 13 de janeiro de 2011, saído do Departamento de Obras e Urbanismo. Em 9 de março de 2011, foi exarada a escritura da encomenda ao escultor Hélder de Carvalho do grupo escultórico alusivo à caça a instalar na referida rotunda, hoje conhecida por Rotunda da Caça.
Na memória descritiva temos explicitada a conceção da obra: o projeto “radicava no desejo de enriquecer plasticamente um espaço público, de intervenção urbanística recente”, procurando-se “acrescentar a esse espaço novas e originais imagens urbanas”. Com efeito, e de acordo com o crescimento previsível da Cidade, a implantação espacial revela-se decisiva, apontando para a futura centralidade da escultura.
O artista, ao elaborar o grupo escultórico, teve em linha de conta um aspeto curioso: a perceção da importância do binómio escultura-transeuntes e sua relação dinâmica; daí, ao tratar o tema da caça como prática desportiva inerente à região, havia que propor um movimento articulado em várias direções que permitisse, a todos aqueles que circundassem a rotunda, uma visibilidade diferente consoante o ângulo de posicionamento do observador. Colocando a parte central do conjunto de frente para a Avenida Cidade de Zamora, zona de grande movimento e onde confluem várias vias, o escultor vai possibilitar uma visão impactante, devido à configuração do espaço articulado em diferentes cotas.
No essencial, e ainda segundo a memória descritiva, o escultor transmite-nos uma ideia precisa dos seus objetivos: “Na intercessão de três vértices que tocam o chão desenham -se em plano três temas de caça, como que descrevendo cenários no ambiente natural que é possível encontrar na região para tal prática. Os temas, assumidamente figurativos, surgem por contraste com as linhas estruturais minimalistas que, noutra escala, significam as montanhas […] Estes desenhos, recortados na superfície, definem pelo contraste cheio/vazio os contornos dos temas selecionados para interpretar os referidos cenários de caça”.
Hélder de Carvalho, na sua conceção de arte pública, diz-nos que, para si, o essencial é a utilização de “linguagens plásticas dialogantes e compreensíveis para o público usufruidor, por forma a que este as assimile e lhes dê um valor”, o que consegue alcançar neste seu trabalho.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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