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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

UM ABADE DE “ SANTO ILDEFONSO

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


Durante o verão, estive na casa de praia. Nas horas de lazer, que eram quase todas, entretinha-me a reorganizar a minha biblioteca de férias, que há muito não o fazia.
Deparei, entre outros livros, a colectânea de crónicas do conhecidíssimo jornalista: Agostinho Campos (“Jardim da Europa” - Edição Alaud e Bertrand - Lisboa, 1919)
Abri, a obra, ao acaso, e encontrei referencias a velho abade da Igreja de Santo Ildefonso, no Porto, o Dr. Moreira Freire.
Após tecer rasgado elogios ao insigne sacerdote, como homem e como padre, o cronista, narra curiosas anedotas, ou melhor: ditos espirituosos, do ilustre abade, que corriam, na época, pela cidade do Porto.
Para regalo do leitor portuense, amante das coisas e ocorrências de inilio tempore, vou utilizar a saborosa prosa do grande jornalista e notável linguístico, do início do século XX.:
“ Já nos últimos anos, minado pela dispepsia cujos caprichos dolorosos o faziam dizer que tinha estômaga, o abade saíra à rua pela primeira vez, emagrecido por uma longa crise. Todos o saudaram carinhosamente pela convalescença, e uma das suas ovelhas mais fiéis e mais indiscretas cumprimentou-o desta maneira:
“ Muito folgo, Sr Abade, de o ver outra vez restabelecido. De mais a mais alguém me disse que V. Revª  não tinha cura.
“- Enganaram-na, minha senhora: tenho duas curas, respondeu logo o Dr. Moreira Freire.
“ De outra vez, numa sala, em conversa ligeira, certa dama queixava-se da injustiça com que os homens acusavam as mulheres de curiosidade. E, voltando-se para ele, perguntou-lhe de chofre:
“ - Não é verdade, Sr. Abade, que os homens são tanto ou mais curiosos do que as mulheres? …
“ - Os homens mais curiosos são os padres no confessionário. Mas é prudente não esquecer que são homens… vestidos de saias.”
Consta que o Dr. Moreira Freire, foi sacerdote exemplar e irrepreensível. Possuía grandes virtudes, e era bastante modesto, a ponto de recusar honras e distinções, que lhe quiseram dispensar.
Nos tempos prosaicos, que correm, nem sempre é fácil topar sacerdote de semelhante quilatar. É pena…para bem da  Igreja e dos fieis.

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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