Nos primeiros 11 meses do ano nasceram 591 bebés. Lembre-se que, em 2018, o distrito foi o que teve menor taxa de natalidade: havia uma percentagem negativa de -9,2%. Até Novembro desse ano tinham nascido 550 bebés no distrito. Em termos absolutos, o distrito ainda é a o segundo com menos nascimentos.
Os nascimentos marcaram o ano mas as mortes também:
A 16 de Março, uma avioneta caiu e provocou a morte a dois homens, um de 59 anos e outro de 26, nas imediações do aeródromo de Bragança, num terreno agrícola perto da aldeia de Varge. Os dois ocupantes eram sócios do Aeroclube de Bragança e estavam num voo de treino. Dias depois, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários emitiu uma nota informativa indicando uma “falha estrutural catastrófica da raiz da asa direita” como causa do acidente.
Em Maio, aos 73 anos, Artur Pimentel, que foi presidente da Assembleia Municipal de Vila Flor e ex-presidente desta câmara municipal, durante duas décadas disse-nos adeus.
Já a dia 15 de Setembro morreu o cantor Roberto Leal, natural de Vale da Porca, em Macedo de Cavaleiros. Faleceu em São Paulo, no Brasil. O cantor lutava contra um cancro de pele que lhe estava a ameaçar a visão.
Em 2019, no fim de Julho, um jovem, de 14 anos, morreu afogado na Praia da Ribeira, na Albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros. O jovem, que era natural de Ala, no mesmo concelho, foi encontrado perto de uma plataforma, que se encontra a flutuar na água. O verão negro no Azibo não ficou por aqui. Em Setembro houve mais uma vítima mortal, um homem, de 44 anos, que estaria com a família em lazer, num local fora da zona balnear, não vigiado, morreu, também afogado.
Os acidentes com tractores continuaram a matar na região: desde o início do ano, no distrito de Bragança, registaram-se nove acidentes com tractores agrícolas dos quais resultaram sete mortos e três feridos graves.
Quanto aos serviços, em 2019 continuou o abre e fecha dos CTT. Em Setembro a estação dos correios de Vila Flor voltou a abrir portas, depois de ter fechado no final de 2018. Já Vinhais perdeu, no mesmo mês, o centro de distribuição postal, que ia ser centralizado em Bragança.
Algumas reivindicações antigas e outras mais recentes vieram em 2019 à baila... O Plano Nacional de Investimentos, que foi apresentado no início de Janeiro, levantou questões. Os autarcas da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes reclamaram porque o documento não contemplava investimentos rodoviários, ligações transfronteiriças, ferroviárias e ainda a passagem do aeródromo de Bragança a aeroporto regional, antigas pretensões da região.
Em termos de transportes, para este ano, os nove municípios que compõe a CIM Terras de Trás-os-Montes receberam 172 mil euros para os passes e melhoria da rede de transportes públicos. Um valor que contrastava com os cerca de 74 milhões de euros para a área metropolitana de Lisboa. Em Abril a comunidade anunciava que iria utilizar a verba para reduzir o preço de transportes públicos e aumentar a oferta durante o período de férias escolares, sendo que a partir de 1 de Maio, os bilhetes e os passes iriam ficar 15% mais baratos.
Já em Junho, a Rede de Transportes Públicos das Terras de Trás-os-Montes estava perto de se tornar uma realidade. O processo de reestruturação fora concluído, definindo circuitos e a própria rede. Preconizava-se ligar todas as localidades da comunidade às sedes de concelho, os concelhos entre si e os que fazem fronteira com este território. Corria já o mês de Setembro quando foi anunciado que o novo sistema de transportes seria adjudicado no primeiro trimestre de 2020.
Ainda nos transportes... Neste ano, em Fevereiro apontou-se que em Agosto o comboio voltaria a apitar na linha ferroviária do Tua, entre a Brunheda, em Carrazeda de Ansiães, e Mirandela. Já em Maio anunciou-se que a situação já não seria uma realidade no verão em Julho já havia nova data para a conclusão das obras na linha: seria 1 de Maio de 2020. As obras começaram, por fim, em Outubro.
Este foi também o ano em que a Rodonorte e a Rede Expressos estabeleceram uma parceria , que foi anunciada em Novembro. A oferta, que agora é conjunta, tem suscitado várias reacções negativas. Os utilizadores queixam-se de que há menos autocarros directos e do aumento do preço dos bilhetes.
O ano foi também marcado pelo processo das minas de Torre de Moncorvo. Em Março o processo estava atrasado, à espera de um parecer do governo espanhol. Em Abril, o presidente da câmara de Moncorvo, Nuno Gonçalves, garantia que Setembro seria o mês de arranque. No começo de Novembro, foi anunciado que a empresa Aethel Mining comprara a maioria das acções da MTI, Ferro de Moncorvo, SA. Ricardo Santos Silva, da empresa, adiantou que “os trabalhos estão previstos começar o mais rapidamente possível” e, apesar de não avançar uma data específica, perspectiva-se que a exploração comece em Fevereiro ou Março de 2020
A Sousacamp também marcou 2019. Dois empresários estrangeiros, em Junho, apresentaram uma proposta de investimento na empresa, com sede em Benlhevai, concelho de Vila Flor. No fim do mês era garantido que a produtora não encerraria nem se ia despedir nenhum dos trabalhadores, já que tinha viabilidade económica. Já no fim de Julho era anunciado que, afinal, a empresa seguia para liquidação pois os credores reprovaram a proposta de aquisição da fábrica, por falta de garantias financeiras.
Agora, em Novembro, a Sousacamp tem um plano de recuperação que vai permitir salvar o emprego de 450 pessoas. A gestora de capital de risco CoRe Equity notificou a Autoridade da Concorrência da compra da Varandas de Sousa, principal empresa do Grupo Sousacamp. A autoridade já deu luz verde à compra.
2019 ficou também marcado por alguns problemas no sector do azeite. Em Outubro os proprietários dos lagares e cooperativas de Bragança, Vila Real, Beira Alta e Minho mostraram o seu descontentamento em relação às empresas que transformam o bagaço de azeitona, que querem deixar de pagar o produto e exigir aos lagares os custos do transporte. Os lagareiros tentaram convocar uma reunião com as empresas de extracção de bagaço de azeite e anunciaram que a melhor solução passaria por criar uma associação para lançar uma unidade extratora.
Este ano o sector ficou marcado pelo preço da azeitona, que foi paga ao produtor a pouco mais de 25 cêntimos o quilo, ao passo que, no ano passado, estava a ser paga a 40 cêntimos e há dois anos a 60.
Este ano, o Parque Natural de Montesinho cumpriu, em Setembro, quarenta anos de vida mas o aniversário ficou marcado pelas críticas à gestão da que já foi considerada a “jóia da coroa” do ambiente em Portugal.
Quem não ligou a estas quezílias e supostas más gestões foi um urso pardo que, mais de 170 anos após ter sido considerado extinto em Portugal, voltou ao nosso país. Este exemplar apareceu nada mais nada menos que no Parque Natural de Montesinho, em Vilarinho.
Quanto à cultura... A candidatura dos Caretos de Podence foi aprovada pela UNESCO a 12 de Dezembro e a tradição transmontana passou a integrar a lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Este ano, a 25 de Abril, Bragança voltou-se a lembrar do comboio. Com um espólio de duas centenas de peças, a capital de distrito viu abrir as portas do Museu Nacional Ferroviário de Bragança, no Núcleo Museológico ferroviário da cidade, encerrado há 17 anos.
2019 foi também o ano em que a pintora transmontana Graça Morais foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural atribuída pelo Governo.
Na política... O PS ganhou as eleições legislativas de Outubro mas o distrito de Bragança negou a tendência e deu a vitória ao PSD. O partido laranja voltou a eleger dois deputados, Adão Silva e Isabel Lopes, para representar o círculo eleitoral brigantino. O PS, que teve o segundo melhor resultado de sempre no distrito em legislativas, teve Jorge Gomes reeleito.
Este ano foi também marcado pelo facto de cinco secretários de Estado terem ligações ao distrito. Repetente na função é Sobrinho Teixeira, de Mirandela, ex-presidente do IPB, que se mantêm-se com a pasta da Ciência Tecnologia e Ensino Superior. Isabel Ferreira, de Bragança, chegou a tomar posse, este ano, como vice-presidente do politécnico brigantino, é a secretária de Estado da Valorização do Interior, no novo ministério da Coesão Territorial. Berta Nunes, de Santa Maria de Lamas, distrito de Aveiro, que foi presidente da câmara de Alfandega da Fé, foi convidada para secretária de Estado das Comunidades. Antero Luís, juiz desembargador, de Vinhais, integra o ministério de Eduardo Cabrita como secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna. Ligações a Bragança tem também o secretário de Estado para a Transição Digital, André de Aragão Azevedo, filho de uma brigantina.
Não podíamos falar do distrito sem dar destaque à gastronomia... O G Pousada e a Tasca do Zé Tuga, ambos em Bragança, foram distinguidos no Guia Michelin, de 2020, pelo segundo ano consecutivo. O G Pousada recebeu novamente uma estrela Michelin, já a Tasca do Zé Tuga voltou a ser distinguida com o Bib Gourmand, selo atribuído aos restaurantes que oferecem boa comida a preços moderados.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário