O programa para a valorização de produtos regionais, o PROVERE, foi reforçado na região Norte de Portugal com mais 20 milhões de euros, anunciou hoje a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Depois da conferência de imprensa a Ministra Ana Abrunhosa, e Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, foram a Vimioso ao Parque Ibérico da Natureza e Aventura.
O Programa tinha uma verba global de 34,5 milhões de euros que aumenta para 54,5 milhões de euros disponíveis para as cinco sub-regiões do norte, como informou o presidente da CCDR-N, Freire de Sousa, em Vimioso, no distrito de Bragança.
Os PROVERE mostram a importância do investimento público nos territórios. No Parque Ibérico da Natureza e Aventura de Vimioso anunciamos o reforço de 33,5 M€ para este instrumento na região Norte. E redescobrimos o que de melhor temos, único e inimitável, no nosso país
Integrados no programa 2020, os Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) destinam-se a investimentos “considerados “projetos-âncora” a implementar por instituições locais, como municípios, entidades intermunicipais e associações de desenvolvimento local”, segundo a CCDR-N.
Cada PROVERE “assume-se como um plano de marketing territorial para cada uma das cinco sub-regiões” do Norte de Portugal, nomeadamente Alto Tâmega, Douro, Alto Minho, Cávado e Ave, Terras de Trás-os-Montes e Tâmega e Sousa.
O PROVERE destina-se também a “territórios de baixa densidade da Área Metropolitana do Porto, prevendo ações como a requalificação de património cultural, a promoção de rotas turísticas, a revitalização de infraestruturas termais, a aposta em ecovias e passadiços ou a promoção de produtos locais”, como esclareceu a CCDR-N.
A finalidade destes programas é “incutir uma maior dinâmica na economia local das sub-regiões consideradas menos competitivas da região” Norte.
Primeiro-ministro faltou a Vimioso, onde o Governo chegou por Espanha
O primeiro-ministro, António Costa, faltou hoje à visita agendada para Vimioso, um concelho “habituado a esperar” e onde tudo “custa tanto a chegar” que a alternativa é Espanha, até para o Governo.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, acabou por ser a única da comitiva prevista a encerrar os dois dias do Governo Mais Próximo em Bragança, dedicado à valorização do Interior e que terminou num dos concelhos mais isolados do Nordeste Transmontano.
“Um território onde custa tanto a chegar a alguns”, como observou o presidente da Câmara, Jorge Fidalgo, porque falta uma estrada pedida há décadas. A alternativa é Espanha, ali ao lado, e, talvez porque a própria tecnologia GPS é para lá que orienta os automobilistas, a ministra foi pelo estrangeiro para chegar ao interior profundo.
Cinco minutos separam Vimioso de Espanha e de uma rodovia que permite viajar comodamente entre o concelho português e Bragança. Por Portugal são 20 minutos de uma sucessão de curvas pelo vale do Rio Maçãs atenuada por poucos quilómetros de autoestrada já perto da capital de distrito.
“Eu estive hoje com várias pessoas que aqui vierem e diziam elas: isto fica mesmo no fim do mundo. Não estão habituados hoje a percorrer estradas com 50, 60 ou mais anos e que não oferecem as condições de segurança e de comodidade que oferecem hoje as novas vias”, observou à Lusa o autarca local.
Vimioso tem ficado para trás e continua a aguardar a concretização da estrada que há décadas esbarra em obstáculos ambientais e que até já foi travada por um rato, o chamado rato Cabrera, protegido pela União Europeia.
O projeto está finalmente aprovado e o presidente da Câmara conta agora com o primeiro-ministro, António Costa, para em breve “pôr a primeira pá de cimento da travessia Vimioso-Carção”.
“Nós já estamos habituados a tanta coisa”, desabafou o autarca, apontando outro caso, o do regadio de Santulhão, um projeto de “quatro a cinco milhões de euros” que foi incluído pelo Governo no Plano Nacional de Regadios e, depois de prontos os estudos necessários, foi reprovado porque os organismos do Estado “não sabem se vai ter água”.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, pediu desculpa por o primeiro-ministro não estar presente, mas assegurou que “ele virá certamente” noutra ocasião.
“Nem o senhor presidente, nem as forças vivas têm de ficar melindradas com o senhor primeiro-ministro porque ele só não veio porque o Conselho de Ministros acabou de facto muito tarde”, justiçou a ministra, referindo-se à reunião que decorreu em Bragança.
O Governo aprovou hoje medidas para valorizar o Interior com a ministra da tutela a realçar que alterar o atual estado das coisas “demora tempo, mas significa não desistir, significa criar incentivos, articulá-los com os autarcas, as comunidades intermunicipais”.
A governante considera que “há situações que é impossível reverter” porque “não se pode obrigar as pessoas a viver onde não querem viver nem o investidor a investir onde não quer investir”.
Em Portugal, continuou, “é a tendência europeia, que é as populações e a atividade económica tendem a concentrar-se nos centros urbanos e os espaços rurais tendem a perder população e atividade económica”.
“Isso não quer dizer que desistamos das pessoas que lá estão e que procuremos que os territórios fiquem abandonados, porque este territórios podem ser ocupados com a agricultura, com a floresta, nós não podemos é abandonar as pessoas e os territórios”, afirmou.
Ana Abrunhosa encerrou, em Vimioso, dois do Governo Mais Próximo no distrito de Bragança com António Costa e vários ministros pela região e um Conselho de Ministros em Bragança. A próxima iniciativa é, em março, na região de Castelo Branco.
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