sábado, 21 de março de 2020

COVID-19: FAÇA BIRDWATCHING DA SUA JANELA OU VARANDA. SEM SAIR DE CASA

Melro-preto, pardal-comum, rabirruivo-preto e andorinhas são algumas das aves que podemos ver da nossa janela, varanda ou jardim. Os amantes de aves estão a organizar-se em maratonas de birdwatching, sem sair de casa.

As aves selvagens fazem parte do nosso dia-a-dia, quer tenhamos consciência disso quer não. Agora, com milhares de pessoas em casa, essas aves podem ser um consolo que ajuda a passar estes tempos difíceis.

Um pouco pelas redes sociais, os amantes de aves e da natureza organizam grupos e iniciativas de observação e partilha das espécies que observam a partir das suas janelas, varandas, terraços ou logradouros e quintais.

Uma das iniciativas, com a hashtag #AvesDesdeCasa, surgiu em Espanha a 14 de Março na rede social Twitter por iniciativa da organização Aver Aves e é apoiada pela Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife).

Até este momento, dia 20 de Março, já tinham sido observadas 128 espécies diferentes.

São mais de 150 pessoas a partir de mais de 40 localidades de toda a Espanha e de outros países, incluindo Portugal, “com os seus binóculos, telescópios e guias de identificação, observando aves a partir de janelas e varandas”, segundo uma nota do Aver Aves.

Segundo Javier Rico, responsável pelo Aver Aves e jornalista de Ambiente, esta “é uma forma de procurar o lado positivo da obrigação de ficarmos em casa para colaborar e travar a propagação do coronavírus. São momentos muito duros, que serão superados, e é preciso tentar passá-los da melhor maneira possível.”

E as aves podem ajudar. “Elas deixam-se ver e ouvir, com os seus voos ou pousadas, procurando alimento, com os seus cantos e chamamentos e até com as suas estratégias de caça.”

Entre as aves que Javier Rico já observou estão a cegonha-branca, o rabirruivo-preto, o estorninho, o piriquito-de-colar, o pardal-comum e o melro-preto. “Aquela que mais alegria nos deu ver é o casal de andorinhas-das-chaminés que, depois de milhares de quilómetros de viagem, voltou a nidificar na garagem do edifício onde habitamos”, em Madrid.

A iniciativa já passou fronteiras e há pessoas a fazer o mesmo em Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha ou Colômbia e Panamá.


Outra das iniciativas nasceu em Itália, com a hashtag #BWKM0 (Birdwatching at Zero Km), por Matteo Toller.
David Lindo, escritor e apresentador naturalista, é apenas uma das pessoas que já aderiu a este movimento.
A SEO/Birdlife lançou a campanha #QuédateEnElNido e apela às pessoas para aproveitarem o tempo em casa para fazerem Ciência Cidadã.

“Ainda que a situação de emergência sanitária nos obrigue a permanecer em casa, podemos continuar a contribuir para conhecer melhor a biodiversidade, especialmente as aves, do sítio onde moramos e assim ajudar à sua conservação”, escreve a SEO/Birdlife em comunicado.

“A partir das nossas janelas, varandas, terraços ou jardins particulares podemos, com as nossas observações, dar um grande contributo para o conhecimento e conservação das aves das cidades e vilas.”


Para isso, a organização espanhola convida as pessoas a inserirem essa informação na plataforma eBird, aplicação gratuita coordenada pelo Cornell Lab of Ornithology na qual milhares de pessoas de todo o mundo registam as suas observações de aves selvagens.

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) sugere estas 22 espécies de aves para observar, sem sair de casa, na sua cidade:

Pisco-de-peito-ruivo
Rabirruivo-comum
Melro-preto
Toutinegra-de-barrete
Pardal-de-telhado
Alvéola-branca
Carriça
Chapim-azul
Chapim-real
Gaio
Andorinha-das-chaminés
Andorinha-dos-beirais
Trepadeira
Verdilhão
Felosinha-comum
Pintassilgo
Milheirinha
Estrelinha
Pombo-torcaz
Peneireiros
Periquito-rabijunco

Milhafres-pretos

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