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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 17 de março de 2020

O POVO UNIDO

Boas tardes, minhas gentes. Já aqui fui relatando as teias desta história. Os chineses não sabiam o que isto era e quando fecharam as portas já o bicho se tinha escapado.
No entanto, os europeus também estiveram a assistir sentados durante mais de um mês e pouco ou nada se precaveram quando ele bateu à porta desse lado. Mas agora não tem qualquer interesse andar a remoer estas coisas, porque a questão é agir e procurar respostas para o imediato. É um problema público. Não interessa a dimensão, mas sim que é algo que tem de ser resolvido com a participação de todos nós, sem falta. Como tal, é importante seguir-se de forma comprometida o que as autoridades recomendam. As instituições e os meios de comunicação, como este distinto jornal, têm o dever de cumprir este papel junto das comunidades a quem chegam. 
Algumas pessoas, especificamente, também têm uma importância enorme na forma como se passa a mensagem. Por exemplo, pessoas como o Tio João que tem uma grande responsabilidade em manter as pessoas que o ouvem a par do que têm a fazer, sobretudo as que estão mais desatentas e menos cientes do que realmente estamos a atravessar. Eu sei que muita gente já passou por muita coisa e eventualmente até por coisas bem piores do que isto, mas isso não é desculpa para não se precaverem e protegerem a vossa saúde. Todas as pessoas nas vilas e aldeias com maior responsabilidade social devem também ter esta preocupação porque, posso-vos dizer que, às vezes, os problemas passam na televisão, nos jornais e nas rádios até à exaustão, mas isso pouco chega às pessoas. 
A avaliar pelo número de vezes que, a esta distância, liguei o computador ou telemóvel e vi notícias sobre o coronavírus nos meios de comunicação portugueses, a informação que saltava, os inúmeros debates, as incontáveis opiniões, inclusive relatos de quem cá estava, todo esse barulho junto de pouco serviu. E no entanto, nem medidas foram tomadas, nem as pessoas sabiam patavina. Por isso é que volto a sublinhar, é importante neste momento que as pessoas que agora estão mais informadas façam este trabalho de grande importância social. Não é o fim do mundo, mas também não é nenhuma brincadeira. Sigam as medidas, tomem precauções, evitem aglomerados, reduzam saídas, se possível neste período evitem a interação com pessoas externas ao vosso grupo social, limpem com maior regularidade e tenham especial atenção a superfícies manuseadas por muitas pessoas (portas, corrimãos, puxadores). Redobrar a lavagem das mãos, ao entrar em casa lavar as mãos antes de tocar em alguma coisa, todos os cuidados são poucos. Evitar também levar as mãos à cara. 
O vírus não passará se toda a gente fizer o seu. O povo transmontano tem uma característica que é sem dúvida uma vantagem nesta batalha. A sua tradição de sentido comunitário, os hábitos de proximidade, a entreajuda dos mais novos para com os mais velhos, a atenção dos que têm mais energia para quem não tem tanta. Todos esses valores que toda a gente diz escassearem nos dias hoje mas que se fazem sentir a nordeste. O transmontano não está tão destreinado nestas coisas como outros, pelo que agora é o momento para se reforçarem estas práticas. Mas, atenção, que a resiliência transmontana não sirva para encher o peito de ar nem desvalorizar esta pandemia. É altura de pôr mãos à obra com muitos caldos de galinha. Se cada um de nós proteger a sua própria saúde já está a prestar um enorme serviço para a comunidade. Na verdade é o único contributo que se nos pede. Uma conduta individual que contribui diretamente para o bem de todos. Poucas acções individuais têm um efeito mais imediato e visível, mas também mais social e global do que esta. Com cada um fazendo o seu, levando a vida normal, sem dramas que nada ajudam, este bicho não vai ter para onde ir. Há uma parte boa nesta história. Há um lado bom e poderoso na história dos dias negros. 
O lado em que dependemos mais do que nunca uns dos outros, o lado em que temos de caminhar juntos a compasso, o lado em que o povo transmontano observa para todas as cicatrizes que traz na pele enquanto um sorriso se lhe escapa pelo canto da boca, o lado em que as gerações mais novas podem sentir uma amostra dos apertos pelos quais os pais e avós foram conseguindo escapar. E sentir de como sair desses dias negros tornam outros problemas mais pequenos, mais fúteis. Este vírus vai ter o mérito de nos fazer ver o lado bom dos dias maus. 
Os colectivos dias maus para quem deles já estava pouco lembrado ou para quem os mesmos não passaram de histórias contadas por outros. O povo trasmontano unido diz sempre presente a todas as pedras no caminho, a todas as batalhas a precisar de ser vencidas. Desta vez não vai ser diferente. Estamos unidos. Um abraço!

* Leitor de Português na Universidade de Sun Yat-sen, Cantão Guangdong – China

Manuel João Pires

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