Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 28 de abril de 2020

ARTES E OFÍCIOS ANCESTRAIS EM LIVRO

Olá minha querida e boa gente.

Estamos a chegar ao fim do primeiro terço do malfadado ano de 2020. Pelos vistos, vamos continuar a lidar com o vírus. Estamos à espera, como do pão para a boca, da tão desejada pica (vacina).

Até lá temos de ter muito cuidado. Vamos ter de andar de nariz e boca tapados para estarmos mais protegidos e dar mais segurança a quem se cruza connosco. A vida só irá voltar à normalidade quando estivermos vacinados.

O nosso programa está no topo, cada vez temos mais artistas do povo que, com os seus instrumentos musicais, muito animam a gente que está triste, deprimida e com medo. Muitos dos nossos tios e tias dizem que esta família é um antibiótico diário e uma vacina de amor e de amizade.

No meio agrícola anda-se nas hortas a fazer pelo renovo, outros continuam a estrumar as terras embora algumas ainda estejam encharcadas, porque o mês de abril tem sido um pingão.

O Tio Alcino Silva, de Vinhais, contou-nos que para evitar o pulgão e o escaravelho da batata deve pulverizar-se com um líquido feito com água, ortigas ou ortigões. Devem estar num bidão no mínimo oito dias, mas há quem os tenha todo o ano, mas tem que se pulverizar o renovo antes de chegarem as pragas, porque não as tira, apenas as evita. Outra maneira de não pegar o pulgão no feijão é semear uma fava a cada metro e meio do feijão, desta forma só a fava é atingida.

No dia 23 de Abril, quinta-feira, assinalou-se o dia mundial do livro. Por isso mesmo, nesta edição, achei interessante dar-vos a conhecer o terceiro livro de Mónica Ferreira, de Genísio (Miranda do Douro), com o título “Artes e Ofícios Ancestrais”.

Quem também vai publicar em breve um livro é o nosso poeta Belmiro dos Santos «Valdemar», de Grijó de Parada (Bragança).

Aproveito para vos oferecer os últimos versos com que ele nos brindou no programa.

O nosso ministro dos parabéns, o João André, cantou os parabéns a Marco Póvoa e à sua esposa Isabel, ambos (44), António Póvoa (68) ,Tinhela (Valpaços); Carlos Alberto (49), Vilarandelo (Valpaços); Nuno Tomeno (77), Babe (Bragança); Joaquina Pires (70), S.Julião (Bragança); Domingos Meirinhos (83), Bragança; Catarina Domingues (78), Genísio (Miranda do Douro); Ana Maria (83), Alimonde (Bragança) e Maria Vieira, de Seixo de Ansiães.

A todos muita saúde e paz porque o resto a gente faz.

Já lá vai o tempo em que a biblioteca passava nas aldeias e o Sr. Castro nos mostrava os livros que trazia expostos nas prateleiras de uma carrinha vermelha; a doceira com a sua banca cheia de doces marcava presença nas festas de verão e de inverno; o barbeiro cortava barba e cabelo com navalha e tesouras e usava uns alicates para arrancar dentes;  o cesteiro encostado à parede da sua casa, entrelaçava, em dias solarengos, as vimes para fazer os cestos;  a lavadeira ensaboava os trapos, esfregava-os e colocava-os a secar ao sol; os ceifeiros, já cansados e debaixo de um calor abrasador, faziam o transporte do cereal em carros de bois para as eiras e eu, da janela da casa dos meus pais,  podia ver as trilhas, a limpa, a recolha do grão em sacos para depois serem guardados no interior de casas domésticas; o endireita e a curandeira com as suas rezas e mesinhas tratavam-nos da saúde; a fiadeira, o moleiro, a padeira, o propagandista realizavam também tarefas relacionadas com a sua profissão. São, estes e outros ofícios que recordo com saudade e partilho convosco através deste livro. 

É curioso vermos qual a relação do homem com o meio, pelos instrumentos que constrói e o ajudam no processo de produção em cada ofício que desenvolve e como é que em três décadas a maior parte destas profissões desenvolvidas com arte e de forma manual, desapareceram. 

Esta obra, escrita em português e em mirandês, presta homenagem a todos os profissionais que nas áreas aqui referenciadas, laboraram: administração; agricultura, animação de festas, artesanato, construção, exploração mineira, pastorícia, saúde e bem-estar, sector livreiro, segurança pública, vendas, profissões generalizadas. Apresenta-se também como um jogo: assim, após o leitor expor a quadra, os ouvintes tentam adivinhar a que profissional ela se refere.  

Convido-vos a recuar no tempo e a entrar nesta viagem ao mundo das artes e ofícios ancestrais.

Mónica Ferreira 

Mudança do Tempo
A terra está alerta,
Pois nunca tremeu tanto,
Está completamente coberta
Com um negro manto.

Nasceu lá para os lados da China,
Chamam-lhe Covid-Dezanove,
A esta pandemia assassina
Que tantos mata e nos comove.

Há uma faixa negra
Que chega do Sol á Lua,
Pedem-nos para cumprir a regra
E para não sair à rua.

Cada dia que passa 
Maior é a escuridão,
Nunca uma desgraça
Afetou tanta Nação.

Só o poder Divino
Nos poderá valer,
E acudir a este povo Latino
Que tanto está a sofrer.

Esta maldita pandemia,
Já percorreu milhares de léguas,
Roubou-nos toda a alegria
E não os quer dar tréguas.

Daqui para a frente
O mundo não será igual,
E talvez seja para muita gente
Uma lição moral.

Com o povo a chorar
E tantos a partir sem despedida,
Assim não vou festejar
Os meus 74 anos de vida.

Minhas filhas genros e neta,
Também não podem cá estar,
Andam nesta guerra que nos afecta
Com outros mais a batalhar.

Se pró ano estiverem à minha beira,
E eu ainda cá estiver,
Faremos a festa à nossa maneira,
Se Deus quiser.

Belmiro dos Santos
Tio João

Sem comentários:

Enviar um comentário