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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Notícias da aldeia... a aguardente será a redenção

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Tudo na mesma… os cerdeiros não se esquecem e aguardam pacientemente o vermelho das cerejas. A rosa anuncia-se no recato do botão… Os idosos continuam gemendo e mancando e lá vão dizendo: - O que nos havia de acontecer! Nunca se viu nada assim!… Mas na verdade a sua vida pouco mudou… e a estrada continua a ser o lugar de todas as esperas depois das longas partidas… Os cães vagueiam… livres como sempre ladrando ao desconhecido na ausência dos automóveis que animavam o longo silêncio do povoado.
… tudo na mesma… e logo será agosto… e os filhos hão de vir para a festa do verão e para em breve dizerem entre lágrimas: - Até para o ano!
… adeus meu filho que se calhar não te volto a ver! A estrada lá está… sempre a mesma… sempre a estrada que traz e leva os sonhos e o amor! Que fatalismo!
Um vizinho, rapaz do meu tempo, aproxima-se como quem não quer a coisa.
- Pois é… o tempo está nos a lixar… ora chove, ora faz sol! Não há quem entre nas hortas!… Mas olha uma coisa… ainda tens aguardente?… Calou-se… Um breve silêncio como quem perscruta o tempo certo para revelar um segredo.
- É que a aguardente tem mezinha… é boa para tudo… até para matar o bicho… e no tempo em que estamos nada melhor que a aguardente!… Lembras-te dos velhos que todas as manhãs iam beber um copico de aguardente à taberna?! Pois é… era para matar o bicho… eles é que sabiam… e duraram uma catrefada de anos!… Eu logo já te trago mais um garrafão de aguardente… da boa!
… obrigado amigo!
Afastou-se satisfeito como quem cumpre um dever de aconselhar os amigos na sabedoria ancestral dos mais velhos… e a aguardente será a redenção!
… o problema é que eu não gosto de aguardente!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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