sexta-feira, 22 de maio de 2020

Habitantes de Palaçoulo, Miranda do Douro, com mais fé no futuro mosteiro

Depois do ceticismo inicial, os habitantes de Palaçoulo, em Miranda do Douro, parecem demonstrar mais fé em que o futuro mosteiro de monjas trapistas seja uma realidade, agora que a casa de acolhimento entrou em fase de conclusão.

Quem passa pelas imediações do lugar de Alacão, a escassos três a quatro quilómetros daquela aldeia do distrito de Bragança, já pode contemplar a casa de acolhimento, em avançado estado de construção, onde os 50 operários que ali trabalham diariamente entraram nos acabamentos deste primeira fase do empreendimento religioso.

Quase a fazer um ano, após o lançamento da primeira pedra da casa de acolhimento do mosteiro trapista, uma espécie de albergaria, quem por ali passa refere que a obra está andar a bom ritmo é que já é parte integrante da paisagem do lugar do Alacão.

"No que vejo, a obra está a decorrer a bom ritmo e está ficar muito bem. Trata-se de uma casa religiosa com boas condições onde não pouparam esforços para garantir a sua qualidade e conforto para quem aqui vier", disse à Lusa Romeu Rodrigues, um dos habitantes de Palaçoulo.

Segundo o testemunho deste habitante, há muitas pessoas do concelho de Miranda do Douro que por aqui passam e durante as suas caminhadas aproveitam para acompanhar o ritmo das obras.

"Este convento vai ser uma regalia para as aldeias das redondezas e poderá atrair muita gente para fazer turismo ou meditação", frisou

Romeu Rodrigues frisa que as pessoas no início não se mostravam muito crentes nestas obras, mas "passados dois anos a situação é bem diferente"

"A construção deste mosteiro é, para nós, um orgulho e dentro de poucos anos teremos aqui uma grande obra", vincou Romeu Rodrigues.

Já para Fernando Andrade, um agricultor com propriedades no perímetro do futuro convento, a obra está a crescer "a olhos vistos", o que vai valorizar todas a freguesia de Palaçoulo e não só.

"Ainda não estive dentro da obra, porque a passagem está interditada. Cá de fora, vejo muito movimento de máquinas e homens. Trata-se de obra grande e ainda só está no início. Quando para aqui vierem as freiras, acredito que este lugar seja bem diferente ", contou à Lusa.

Segundo o pároco de Palaçoulo e procurador das monjas trapista, António Ferreira Pires, o prazo de execução da obra é de 36 meses, sendo que está primeira fase estará concluída em outubro de 2020.

"Se formos otimistas e se tudo correr bem, 24 meses serão suficientes para a construção do mosteiro, que deverá estar concluído por volta da primeira metade de 2023, depois de ultrapassados todos trâmites legais e de construção do mosteiro", afiançou o pároco.

O investimento do futuro equipamento religioso, que terá capacidade para 40 monjas e será "orientado para a contemplação e culto divino, dentro do recinto, e segundo a regra de São Bento", será suportado integralmente pela Ordem formalmente designada Cisterciense da Estrita Observância e custará cerca de seis milhões de euros.

"O dinheiro necessário para a construção do mosteiro virá da Igreja, de doadores ou benfeitores. Há sempre muita gente empenhada nas obras da Igreja. Vamos contar com campanhas nacionais e internacionais para angariações e fundos para este mosteiro. Contudo, por vezes, também há uma certa contrainformação provocada por quem não está pode estar dentro do processo", explicou António Ferreira Pires.

As monjas trapistas integram uma ordem ligada ao Mosteiro de Vitorchiano, em Itália.

O empreendimento religioso vai ocupar uma área de 30 hectares de terrenos que foram cedidos, permutados ou comprados pela Paróquia de S. Miguel de Palaçoulo e situados no lugar de Alacão.

O bispo da diocese Bragança - Miranda Bragança disse que as obras estão de correr conforme o planeado.

"Mesmo em tempo de pandemia provocada pela covid-19, a empresa elaborou um plano de continência que permitiu, dentro dos possíveis a realização das obras dentro da sua programação", indicou José Cordeiro.

O próximo passo, de acordo com o clérigo, será a constituição da comunidade de monjas com a chegada a Palaçoulo de uma dezena de irmãs, que habitarão a casa de acolhimento do mosteiro.

"A casa de acolhimento, também designada por hospedaria, terá a capacidade para acolher até 40 pessoas", disse o bispo diocesano.

Esta casa de acolhimento terá uma capela, áreas de retiro, salões, uma emblemática lareira e um amplo espaço agrícola onde já foram plantadas várias centenas de amendoeiras e outras árvores de fruto.

A aldeia de Palaçoulo, que conta com cerca de 550 habitantes, é considerada a mais industrializada do Nordeste Transmontano.



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