Abutres-pretos. Fotografia Palombar. |
O número de abutres-pretos que frequentaram esse CAAN no dia 7 de maio pode, no entanto, ter sido superior, visto que há várias imagens com um número variado de indivíduos da espécie em que não é possível confirmar, nalgumas, se os indivíduos se repetem ou se são novos. Os exemplares registados estiveram cerca de duas horas a alimentar-se e a descansar no CAAN.
Abutres-pretos. Fotografia Palombar. |
A presença de abutres-pretos é frequente nos CAAN e, ao longo dos últimos anos, foram registadas pela Palombar sessões de alimentação com cinco a sete indivíduos a alimentarem-se ao mesmo tempo e, agora, foi atingido um novo recorde. Apesar de não ser possível saber a proveniência dos exemplares registados, esse aumento observado no número de efetivos da espécie representa uma esperança de que possa nascer uma nova colónia no PNDI a longo prazo.
Os CAAN têm provado ser uma ferramenta fundamental para a conservação de espécies estritamente e/ou parcialmente necrófagas ameaçadas não só na Península Ibérica, como também na Europa, como é exemplo o abutre-preto, a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) e a águia-real (Aquila chrysaetos).
As principais ameaças à conservação do abutre-preto são a mortalidade por envenenamento ou por colisão ou eletrocussão, o abate ilegal, a redução da disponibilidade de alimento, a degradação do habitat de alimentação e de nidificação e a perturbação humana.
Abutre-preto: o gigante planador que domina o céu
O abutre-preto é a maior rapina da Europa, podendo ter uma envergadura de asa de quase três metros. Mesmo à distância, o seu tamanho é notório. Apresenta uma plumagem muito escura e as suas asas são longas e largas, com “dedos” compridos. Em voo, a cabeça e a cauda apresentam-se curtas. A cor das patas é geralmente cinzento-claro. Plana no céu em círculos e desliza com as asas muitas vezes com as partes exteriores arqueadas para baixo.
O habitat preferencial do abutre-preto são regiões remotas de difícil acesso e pouco humanizadas. Normalmente vive em locais com extensas manchas florestais ou matagais arborizados.
Esta ave é quase exclusivamente necrófaga. Alimenta-se principalmente de carcaças de médio e grande porte, tanto de ungulados silvestres, como de gado doméstico (ovelhas, cabras e vacas). O abutre-preto pratica, com o grifo, um sistema cooperativo de procura de alimento, sendo frequente ver estas duas espécies a alimentarem-se juntas. O abutre-preto encontra-se associado às zonas de aproveitamento silvo-pastoril, onde ocorre a criação extensiva de gado bovino e ovino. Os abutres aproveitam as correntes de ar térmicas para voarem a grande altitude para procurar alimento.
O abutre-preto nidifica quase exclusivamente em árvores e raramente em penhascos e, como a maioria dos outros abutres, é monogâmico. Normalmente, é no topo de árvores que faz o seu ninho. Para nidificar, procura terrenos mais afastados e tranquilos, preferindo matagais arborizados, muitas vezes em áreas montanhosas ou em vales de rios. De uma forma geral, esta espécie reutiliza os seus ninhos de ano para ano.
A relação entre os membros do casal é de longa duração, podendo mesmo ser para toda a vida. Ambos os progenitores cuidam e alimentam a cria. Põe apenas um ovo por época reprodutiva. Durante o período reprodutor, o abutre-preto desloca-se normalmente numa área até cerca de 80km em redor do local de nidificação.
Os casais normalmente passam as noites nos ninhos, mesmo fora da época de reprodução. Têm ainda o hábito de pernoitar em rochas ou em árvores próximas do local onde se estiveram a alimentar, para continuar a refeição na manhã seguinte.
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