sexta-feira, 12 de junho de 2020

Produtores do distrito reinventam-se para vender na internet

No distrito de Bragança, têm sido vários os produtores e agricultores que estão a reorganizar-se para fazer face aos efeitos da pandemia, tentando escoar os produtos através da internet.
O mel biológico “Montesino”, proveniente de Carragosa, no concelho de Bragança, e de Mofreita, no de Vinhais, também está agora na online. A marca de mel existe desde 2005 e, apesar de ter página virtual, nunca tinha sido vendido através destas plataformas, mas o encerramento das lojas que o tinham à venda obrigou a produtora, Sandra Barbosa, a seguir este caminho. O produto não teve saída através da plataforma "Alimente quem o Alimenta", criada pelo Governo. Valeram-lhe páginas de Facebook criadas para valorizar os produtos portugueses, nomeadamente a "Reerguer Portugal". "Não tivemos feedback nenhum dessa página, tivemos dos outros grupos que surgiram com a pandemia, de forma a valorizar os produtos portugueses. Daí surgiram bastantes encomendas. Já estamos a receber segundas encomendas. Tentámos procurar outros caminhos para pôr o mel na casa das pessoas e nunca tínhamos experimentado este caminho, desta forma, porque acreditávamos que os portes de envio a pagar eram muito caros".

António Vila Franca é de Lamas, no concelho de Macedo de Cavaleiros, onde tem uma exploração de 500 ovelhas. Há um ano e meio também se aventurou com uma queijaria, em Travanca, mas com a pandemia tudo mudou. O produtor decidiu arregaçar as mangas e criar uma página na internet para vender o queijo. Apesar de ser uma ajuda, o online não lhe resolveu os problemas, porque “não cobre a quebra”. "O engraçado é que 90% das encomendas têm sido para o centro, sul e litoral do país. Ajudou a explorar mais a área de venda online. Ajuda um bocadinho mas está longe de ajudar muito. Complementam-se perfeitamente, a venda online e a venda local".

João Meireles tem um talho em Mirandela, vende carne e enchidos. O filho convenceu-o a pôr os produtos à venda na internet e, apesar de com as carnes não ter dado resultado, o fumeiro seguiu um bom caminho. O talhante confessa que a internet será uma boa opção para dar a conhecer o fumeiro. "Quando se vende mais alguma coisa já é boa ideia. Vendemos um bocadinho de fumeiro e pode dizer-se que se vendeu para todo o país".

No mercado online está também o queijo “Terrincho”. Segundo Bruno Cordeiro, presidente da QUEITEC - Cooperativa dos Produtores de Leite de Ovinos da Terra Quente, o queijo, noutros anos, era facilmente escoado, mas agora, a quebra nas vendas fez-se sentir e tentou-se comercializá-lo na internet, através da plataforma do Governo. Para já, ainda não se vendeu nada mas há esperança que a situação mude. "Temos dificuldade mas a nossa produção é escoada. Este ano, com esta situação, as nossas encomendas caíram e tivemos que procurar soluções. Estamos numa fase inicial, decidimos aderir mas ainda não vendemos nada. Esperamos que venha a dar frutos e, se as coisas não mudarem, este pode ser o caminho".

Abílio Sauane é um pequeno produtor, de Quintanilha, no concelho de Bragança. Como estes dois meses “foram complicados”, decidiu aventurar-se na internet e inscrever-se no na plataforma criada pelo Governo. Ainda assim, garante que a internet não o ajudou em nada. "Estou a vender igual. A internet não me ajudou nada. Tive que baixar preços porque mal dá para trabalhar. Se tivesse empregados tinha que fechar".

Nesta fase, e após dois meses de confinamento, a internet começa a ser uma opção para vender produtos locais e têm sido vários os municípios que estão também a apostar na criação de plataformas para ajudar os produtores locais.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

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