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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Autenticidade. Autenticidades.

Segundo este jornal o responsável pelo Turismo do Porto e do Norte de Portugal foi a Rio de Onor em viagem de promoção turística, como não podia deixar de ser botou faladura, patati-patatá generalista pós prandial e, num assomo de genialidade retirada do manual do Senhor de la Palice, proclamou: autenticidade é o melhor argumento para atrair turista nacional. Li e reli a notícia, aumentando a minha perplexidade, pois o Nordeste (enfiado no ambíguo Norte de Portugal, o saudoso Afonso Praça dizia: não sou do Norte, sou de Trás-os-Montes) pauta-se por ser santuário de várias autenticidades e pseudo outras.
Não sei se no almoço da autenticidade foram apresentadas alheiras, apesar de estarem fora da autêntica época, a tecnologia conserva-as contribuindo para adulteração da cozinha transmontana, se foram deglutidas o seu passaporte de autenticidade foi emitido pelas burocráticas autoridades, ou provinham de genuína operação das Mestras cozinheiras da Lombada. Ninguém coloca em causa a autenticidade das alheiras da Adelina de Mirandela, seria revoltante pôr em dúvida as alheiras de Rio de Onor. Sendo assim, e é: quais são as mais autênticas? Este exemplo pode ser multiplicado por mil e um, e pergunto ao funcionário Martins: as alheiras de bacalhau elaboradas e apresentadas na Feira do Fumeiro de Vinhais são autênticas?
No campo da criação artesanal da cerâmica o problema da autenticidade levanta outro tipo de autenticidade, basta pensarmos na louça de Pinela, ou nas cantarinhas sem ou com laivos de artes decorativas. O Senhor Martins referiu as alfaces colhidas na horta da casa. Está bem. E as alfaces receberam estrume ou tiveram tratamento contra os parasitas?
No que tange ao turismo de natureza importava fazer-se um inventário rigoroso de todas as espécies animais e vegetais, importava classificar as infestantes comestíveis e as nocivas aos humanos numa amostra de pedagogia educativa dos visitantes interessados e não das hordas da máquina fotográfica em riste a disparar zumbidos imitativos de insectos que não identifico porque o senhor do Porto já inscreveu no programa de actividades a criação de rotas a eles relativas. A política da entidade de turismo relativa ao Nordeste tem-se pautado por muita farronca, muita parra e pouca uva, assim irá continuar porque o vice-rei do Norte (Rui Moreira) quer, manda e pode. A regionalização operada demonstra o óbvio: a cidade que possui um rio de ouro (Douro) e um Palácio de Cristal (da cerveja que apagou a marca Cristal), procura canibalizar as comunidades nordestinas, estas por seu turno coçam para dentro e afagam os egos (tenho memória) em guerras intestinas, sem sentido, a renderem juros ao vizir tripeiro.
O funcionário Sr. Martins conhece o Nordeste de raspão, se tivesse uma única ideia, desde que bem alicerçada nas raízes locais em vez de empregar o vocábulo de várias significâncias, preferia fazer/fazendo o caminho no sentido do célebre poeta sevilhano António Machado, escorado na real/realidade do algarvio Ramos Rosa, porém tanto o sentido como real implicam estudo a sério, ponderada reflexão, bom senso e sentido da medida. Cousas desconhecidas na Torre dos Clérigos. Cousas conhecidas pelos clérigos!

PS. Relativamente a indústrias da cultura a visita não suscitou temas? Era interessante saber-se o que pensavam os convidados.

Armando Fernandes

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