terça-feira, 18 de agosto de 2020

“ENQUANTO TIVER VIDA E SAÚDE ESPERO NÃO DEIXAR DE ESCREVER, ESPERO MORRER COM A CANETA NA MÃO”

António Manuel Pires Cabral tem 79 anos e é natural de Chacim, concelho de Macedo de Cavaleiros. Começou a sua carreira profissional como professor, mas foi a literatura que lhe trouxe as maiores felicidades.
Estreou-se em 1974 com o livro de poesia “Algures a Nordeste”, mas também se dedica aos romances, ficção e teatro. Há muitos anos que vive em Vila Real, mas é no Nordeste Transmontano que encontra a sua inspiração
Licenciou-se em Filologia Germânica e Ciências Pedagógicas e esteve a leccionar aqui na região, em Torre de Moncorvo e Bragança.
Comecei a minha vida profissional em Macedo de Cavaleiros. Nasci no concelho, em Chacim e a família vivia aqui. Frequentei aqui o colégio, na altura chamava-se Externato Trindade Coelho, que hoje já não existe. Nesse mesmo externato vim depois a ser professor quando terminei o curso em 1965. Fui convidado a ficar aqui a dar aulas e estive aqui durante três anos. Depois comece i a pensar que Macedo, na altura, era um ambiente um bocado provinciano. Eu gosto da província e sou um provinciano nato, mas parecia-me demais. Entretanto tinha casado e os filhos começaram a chegar e pensei que era preciso navegar daqui para fora. Fui para Bragança, onde estive dois anos, depois fui para o Porto onde fiz o estágio pedagógico e depois fui colocado em Vila Real. Antes ainda estive em Torre de Moncorvo a dirigir a escola Industrial e a Preparatória. A minha carreira de professor terminou em Vila Real. Quando foi no 25 de Abril, era eu director em Moncorvo, os directores foram dispensados e então eu tive que regressar à Industrial e depois nos primeiros anos deste milénio aposentei-me.

A vida encaminhou-o para Vila Real e por lá ficou. Porquê?
Vila Real teve os argumentos suficientes para me prender. Uma cidade com algum progresso, com uma universidade que, na altura, tinha sido criada e estava a dar frutos, que tinha uma vida cultural que já mexia e que me agradava. Pensei que em Vila Real estava bem e em Vila Real fiquei até hoje.

Mas podemos dizer que o amor da sua vida surgiu em 74 quando lançou o seu primeiro livro de poesia?
Se é o grande amor da minha vida não posso responder, porque felizmente sou um homem de amores, tenho muitos amores incluindo a família. A minha carreira literária começou de facto em 74 com um livro pequenino chamado “Algures a Nordeste”. “Quem pega na bussola vê/ oito direcções de mundo,/ oito métodos de estar./ O oitavo é o Nordeste”, de alguma forma este pequeno poema condensa a minha visão do que é o Nordeste e todo este sentimento de gratidão que eu tenho para com a terra que me viu nascer e me deu tudo aquilo que eu tenho espiritualmente e para a qual sinto que tenho uma dívida que vou pagando aos poucos com livros.

Jornalista: Ângela Pais

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