Chris Mouton visitava regularmente a região transmontana com a mulher há mais de 20 anos.
O casal belga gostava da tranquilidade e a hospitalidade das pessoas, tendo passado a visitar a zona todos os anos. O Parque Natural de Montesinho era local de paragem obrigatória e ficavam hospedados em Casares, concelho de Vinhais, conta Caroline Stevens. “Nos primeiros anos as pessoas não percebiam muito bem porque íamos ali. Diziam ‘não há nada aqui’, mas nós gostávamos da tranquilidade, de passear, não ter telefone, nem computador, nada, só bicicleta”.
O gosto por Portugal levou mesmo Caroline a aprender a língua de Camões, quando teve de estar alguns meses de repouso, e o casal abriu uma loja de produtos portugueses na Bélgica há 6 anos, o que aconteceu por sugestão de Pedro Garcias, jornalista e produtor de vinhos no Douro, um dos amigos que fizeram no nosso país. “Eu fui o padrinho na questão dos vinhos e de criar uma loja. Uma vez que gostavam tanto dos produtos começaram a promovê-los na terra deles e correu bem. Faziam duas feiras por ano e as pessoas vinham de vários sítios da Bélgica e de Bruxelas e compravam vinhos e produtos portugueses. Eles criaram uma paixão incrível por Portugal”.
Caroline conta que o ano passado, ainda antes de saber que estava doente, o marido lhe tinha pedido para, caso lhe acontecesse alguma coisa, ela regressar a Portugal. Pedido que se repetiu quando soube que tinha uma doença terminal. “Em Março, quando ficou doente, depois de seis semanas de terapia, tinha muita esperança de voltar a Portugal. Nas últimas semanas ele sempre me disse que tinha que voltar a Portugal porque aqui tínhamos muitos amigos”.
O regresso aconteceu para a homenagem a Chris, na terra de que tanto gostavam, dois meses depois de ter falecido. “O meu irmão disse que como não podíamos fazer o funeral na Bélgica talvez pudéssemos fazer algo aqui. Foi muito emocional. Chris fica um pouco em Portugal e os nossos amigos portugueses todos estiveram presentes. Foi bonito saber que o Chris esteve uma última vez connosco em Portugal”.
A homenagem, em Portugal, acabou por ser a última viagem do belga que se encantou por Portugal e por Trás-os-Montes.
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