Por esta altura, em 2015, os bombeiros de Mogadouro foram chamados para o combate a um incêndio em Castelo Branco, naquele concelho. Para Lúcia Mendes, da corporação mogadourense, o desfecho não foi o esperado. A bombeira voluntária, há cerca de 25 anos, ficou ferida com a explosão de uma botija de gás. Ao saltar para se proteger acabou por cair nas chamas. O filho, também ele bombeiro, e presente naquele incêndio, foi quem a ajudou. “Eu não ardi nem a farda ardeu. Foi a roupa que me queimou. Eu assei por dentro. A dor era tanta que já não sentia nada mas saí do INEM pelo meu próprio pé”.
Lúcia Mendes ficou com 80% do corpo queimado e esteve internada sete semanas no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e outras duas no Hospital de São João, no Porto. Chegou a estar em coma induzido porque, para além da gravidade das queimaduras, teve ainda problemas de estômago devido à medicação que estava a tomar. Pensar num amanhã melhor ajudou-a a sobreviver. “A que me agarrei? Em pensar que no dia seguinte tudo seria melhor. Tinha que sobreviver porque tenho filhos. Dou graças a Deus por ainda estar cá para contar”.
Em Agosto deste ano, um incêndio em Torre de Dona Chama, no concelho de Mirandela, também deixou João Carvalho, bombeiro de Bragança, com um história para contar. No combate ao fogo que consumia uma habitação, o bombeiro estava a tentar controlar as chamas e teve que se aproximar delas, tendo ficado com queimaduras nas pernas. "Temos que nos manter frios e tentar resolver a situação o melhor que pudermos, estando em segurança, mas, às vezes, não conseguimos controlar a força da natureza. Há uns anos, em Rabal, também estive numa situação um pouco perigosa mas tudo se resolveu com a força da equipa".
Apesar destas situações, João Carvalho, bombeiro há 15 anos, está a cumprir um sonho de criança com a profissão que escolheu. "Foi sempre a vontade de ajudar o próximo. Proporcionou-se entrar para os bombeiros. Inscrevi-me, fiz a escola e cá estou".
João Carvalho garante que nem estes episódios o fizeram desistir de nada e que tem cada vez mais vontade de continuar, ainda que na época de incêndios chegue a passar praticamente as 24 horas do dia nos bombeiros e no terreno.
A história de dois bombeiros do distrito de Bragança que, apesar das situações de perigo que já viveram, decidiram que virar costas à profissão não era sequer uma possibilidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário