quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Campanha da castanha com muitas incertezas por causa da Covid-19 e da vespa

 Vespa da galha do castanheiro deve afetar cerca de 30% da produção. Preços e procura do mercado também trazem incertezas.
© Rui Manuel Ferreira / Global Imagens
As primeiras castanhas já começaram a cair mas, mesmo com a previsão de estar adiantada cerca de duas semanas, a campanha deste ano, deverá acontecer em força na segunda quinzena de outubro. Por causa da Covid-19, os produtores temem alguma indefinição nos mercados e a praga da vespa da galha do castanheiro deverá interferir negativamente na produção deste ano

Paulo Silva já apanhou as primeiras: "Um balde delas no fim de semana." O produtor da aldeia do Parâmio, no concelho de Bragança, acredita que a castanha este ano seja boa mas em menos quantidade por causa da temida praga que já se instalou nos soutos.

"A qualidade prevê-se que seja boa mas há muito menos que os outros anos. E a vespa da galha do castanheiro, na nossa zona, deve afetar cerca de 30% da produção." Paulo Silva colhe em média dez mil quilos. Este ano há muita apreensão em relação ao escoamento e ao preço por causa da Covid-19.

"A gente está com um bocado de receio porque não sabemos se os compradores aparecem, se podemos vender ou não e possivelmente o preço será mais baixo, quer dizer, o preço não sei mas o escoamento talvez esteja comprometido por causa da pandemia."

Abel Pereira é produtor de castanha no concelho de Vinhais e presidente da ARBÓREA - Associação Agroflorestal da Terra Fria Transmontana. Tem a mesma ideia sobre o que aí vem.

"Em termos de produção e dadas as condições climatéricas não será uma campanha má, em termos de preços é um bocado inseguro, está tudo instável. Um bom preço seria a rondar os dois euros."

E comunga da mesma ideia sobre as incertezas dos mercados por causa da pandemia. "Dado que a castanha, 80% é exportada não sabemos como funcionam os mercados internacionais e como vai funcionar o preço porque está sempre dependente desses fatores."

Apesar de já estar presente em todas as regiões do país que produzem castanha, Abel Pereira não acredita que este ano a vespa do castanheiro tenha já uma influência muito negativa. "Provavelmente na campanha do próximo ano começa a haver quebras, embora comecem já a aparecer efeitos indiretos."

A verdade é que as variedades mais temporãs já começaram a cair. O tempo fresco está a adoçar o apetite por elas. Bragança e Vinhais produzem cerca de 60% da castanha nacional e este é um dos produtos que mais dividendos dá às famílias transmontanas.

Este ano, por causa da pandemia, as duas feiras que lhe são dedicadas anualmente nestes dois concelhos, foram canceladas.

Afonso de Sousa

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