terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Operador do Plano de Mobilidade do Vale do Tua poderá abandonar processo

 O Plano de Mobilidade do Vale do Tua espera, há cerca de quatro anos, para receber luz verde para ser implementado e é ilustrativo da complexidade burocrática dos processos, envolvendo, neste caso, entidades regionais e nacionais, públicas e privadas, desde a CP, Infraestruturas de Portugal, Instituto da Mobilidade Terrestre, EDP e a Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, que integra os Municípios abrangidos (Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alijó e Murça).
Há cerca de meio ano que já foram concluídas as obras de estabilização dos taludes e reabilitação da linha centenária, entre Brunheda e Mirandela, no valor de 5,6 milhões de euros, investidos pela Agência do Vale do Tua que resultaram de vistorias e avaliações feitas à linha, em 2017 e 2018, que obrigaram à realização destas obras.

A Infraestruturas de Portugal (IP) já realizou a inspeção a esta ultima intervenção, mas sugeriu algumas correções na obra que já foram efetuadas, aguardando-se pela inspeção final.

Mediante esta morosidade, Mário Ferreira, operador a quem foi entregue a concessão da mobilidade no Tua, terá manifestado aos autarcas que está cansado de esperar e que não colocava de parte desistir do processo.

Júlia Rodrigues, a autarca de Mirandela que preside à administração da ADRVT, não confirma nem desmente esta versão, e espera que o acordo que existe seja cumprido

“Mantemos todas as expectativas que tínhamos em relação ao operador. Existe um acordo firmado, existe também a vontade e o trabalho conjunto entre as várias entidades e também o operador que tem vindo a proceder aos procedimentos legais que tem que fazer para a certificação como operador. Garantimos que mantemos essa confiança e estamos em crer que se vai manter este processo”, referiu.

Ainda assim, a autarca não esconde que está muito preocupada com toda esta morosidade.

“Estamos preocupados pela burocracia e pelo envolvimento de várias entidades e, portanto, apelamos a todos os envolvidos para que isto seja uma realidade”.

A autarca confirma que foi solicitada ao operador uma reunião com carácter de urgência.

“Estamos em crer que o sistema de mobilidade do Tua depois de aprovação da linha e a reabilitação das automotoras e do comboio turístico estejamos em condições de ter a mobilidade turística e quotidiana em funcionamento”, acrescentou Júlia Rodrigues.

Até ao momento já foram investidos cerca de 16 milhões de euros em obras, infraestruturas e equipamento. Em causa está a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz-Tua, que já está em funcionamento, e que deixou submersos 23 quilómetros da linha férrea centenária do Tua e suspendeu a circulação nos restantes 36 quilómetros onde o comboio devia regressar.

O sistema de mobilidade prevê um trajeto composto pelos percursos que estabelecem a ligação entre a Estação Ferroviária do Tua e Mirandela, combinando o troço rodoviário entre o Tua e a Barragem, num percurso de cerca de 4 kms, efectuado em autocarro. Há depois o troço fluvial de 19 Kms, entre o cais da Barragem e o cais de Brunheda, onde já está atracado, há mais de 2 anos, o barco rabelo. Finalmente, o troço ferroviário de 36 Kms, entre Brunheda e a estação de Mirandela, onde já está, desde agosto de 2017, o comboio adquirido pelo operador.

Escrito por Terra Quente (CIR)

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