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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

UMA “CONTA” TRANSMONTANA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Ouvi esta “conta” narrada pelo “tio” Jacinto, na terra natal de minha mãe.
Certo serão, do mês de Agosto, noite quente e de lua cheia, estava sentado nas escaleiras do “tio” Jacinto, juntamente com outros jovens, quando este, depois de ter olhado fixamente para a lua redonda e luminosa, disse:
- Sabem, o que significa aquelas manchas escuras, que aparecem na lua?
Ninguém respondeu. Então, começou a contar velha história, que, segundo nos declarou, escutara da boca de sua querida avozinha:
Era uma vez um homem, que nunca ia à missa, esse desleixo era motivo de escândalo, na aldeia, pois ele ia para o campo trabalhar.
Ora, certa ocasião em que  tapava com silvas secas, fenda num cercado, fenda por onde poderiam entrar animais: cabras, porcos, ovelhas, apareceu-lhe Nosso Senhor, e disse-lhe:
- Não sabes que não se trabalha ao domingo?
-Sei, Senhor, mas… - respondeu o homem, desculpando-se da falta.
-Não há mas, nem meio mas: domingo é domingo. Terás teu castigo pelo mau exemplo que dás. E, para que o castigo te sirva de escarmento aos outros, como tu, serás bem visível para todos: aparecerás na lua, nas noites claras, sobraçando esse molho de silvas.
Dai em diante, quem afirmar a vista para a lua cheia, lá verá a sombra do desgraçado,  com seu molho de silvas às costas.
Concluiu o “tio” Jacinto, muito empertigado.
Todos tentamos, vislumbrar, na lua, o homem curvado, com seu molho de silvas.
Então, meu priminho João, apontou para o céu com o indicador, esticando muito o braço:
- Eu vejo! …Eu vejo! …Eu vejo! …
-Não apontes, rapaz, para as estrelas, que te nascem cravos, nas mãos – Recomendou o “tio” Jacinto.
Todos se riram, troçando do cachopo. Mas meu priminho, muito compenetrado, ficou a mirar, receoso, as mãos.
E todas as manhãs, logo que levantava o sol, vinha ligeiro, ainda em pijama, ao meu quarto, para eu lobrigar se já haviam cravos…

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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