quinta-feira, 18 de março de 2021

Maioria do comércio em Macedo de Cavaleiros reabriu segunda-feira ao postigo. Fomos saber como estão a correr as vendas

 A confirmação é de Paulo Moreira, presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços:
“Numa análise genérica, o que se verifica é que a maior parte dos comerciantes estão a trabalhar. Em uma primeira abordagem nota-se que os cabeleireiros estão a trabalhar e a maioria dos comerciantes aderiram à venda ao postigo, sendo que alguns ainda não estarão abertos porque se estão a readaptar ao sistema de abertura. É o possível para esta fase.”

A Onda Livre foi ouvir alguns comerciantes macedenses que depois de quase dois meses fechados voltaram na segunda-feira a abrir, desta vez não a porta mas sim o postigo.

Começamos pela venda de roupa.

Cidália Arrátel é proprietária de uma loja na cidade e considera que a venda ao postigo não é apropriada para este género de artigos:

“Não está a correr muito bem.

Estive este tempo todo em casa e não me importava de continuar até ao dia 5 porque vender ao postigo em uma loja de roupa não faz sentido nenhum.

As minhas clientes gostam de entrar, ver, experimentar, ter a minha opinião e na venda ao postigo isso não acontece.”

O mesmo se verifica com a venda de calçado.

Maria José tem uma sapataria e diz que vender ao postigo não compensa:

“Está a correr muito mal, acho que não vale a pena.

Estou aqui porque tenho muito que fazer, mudar as condições e limpar para estrar preparada para poder abrir no dia 5.

Os clientes quando vêm queres ver e tocar o artigo, e não se pode.

Desde segunda-feira têm sido poucos os clientes, não compensa.”

Cenário semelhante aponta Carlos Pragueiro, proprietário de uma loja de artigos têxteis:

“Muito parado. As pessoas têm medo.

A venda assim compensa e não compensa porque as pessoas gostam de ver, apalpar e ver as cores mais ao vivo do que apenas nós trazendo à porta.

Sinto que as pessoas têm necessidade de fazer algumas compras, também estamos a caminho da Páscoa e querem renovar algumas coisas. Mas parece-me que o fazem mais para sair de casa.”

Por sua vez, Júlia Santos, que é dona de um café, diz que os clientes têm aderido à nova modalidade de venda:

“De manhã há algumas pessoas e à tarde é mais calmo. As pessoas já tinham saudades do cafezinho. Não se juntam, bebem o café e vão embora.

Acho que quando abrirem as esplanadas, dando às pessoas a possibilidade de se sentarem, sempre ficam e consomem mais um pouco.”

Não ao postigo mas por marcação voltaram também a trabalhar os salões de cabeleireira.

No caso do estabelecimento de Carla Vieira, o saldo está a ser positivo e confessa até que as clientes já aguardavam pela reabertura com alguma ansiedade:

“Ótimo. As pessoas estavam à espera, ansiosas, e psicologicamente estávamos todos a precisar assim de um ar mais leve.

As clientes vêm mais para mudar o visual e ficarem mais leves porque estão tristes, desanimadas, e querem sentir-se mais vaidosas e bem com elas próprias.”

As opiniões dos comerciantes a dividirem-se a meio da primeira semana do início do desconfinamento, que deu a possibilidade de muitos reabrirem os estabelecimentos, maioritariamente ao postigo.

Uma forma de venda que o presidente da ACISMC, Paulo Moreira, reforça não ser o ideal e apela à população que ajude o comércio local:

“Os empresários precisam de vender mercadoria e que os clientes vão aos seus comércios. E apelo que pelo menos as pessoas do nosso concelho façam consumo local agora mais que nunca.

O comércio ao postigo vai trazer alguns problemas de logística porque o lojista tem de trazer à porta os produtos para mostrar, o que me parece que pode ser ainda pior pois o contacto se não acontece lá dentro, acontece fora. Acho que era preferível limitar a utilização a um cliente dentro do estabelecimento do que estar a introduzir este critério do postigo.”

Para já, é assim que vai continuar a venda de diversos artigos considerados não essenciais, pelo menos até dia 5 de abril, altura em que as lojas até 200m2 com porta para a rua vão poder voltar a receber pessoas no interior.

Escrito por ONDA LIVRE

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