Já regressou às aulas presenciais?
Neste momento não. Neste momento, a escola de guitarra online é tudo o que eu faço. Tivemos um crescimento muito grande e muito rápido e a verdade é que estou completamente dedicado ao projecto da escola de guitarra online.
A pandemia obrigou-o a reinventar-se?
É verdade. Às vezes nós precisamos de um empurrão ou que alguém nos corte as pontas para poder pensar noutras coisas. Quando uma porta se fecha abre-se uma janela. E a pandemia foi aquele marco que obrigou a passar para o online e a conseguir sair de Macedo de Cavaleiros e de Bragança para chegar ao país todo e até ao mundo.
E quando tentou entrar no mundo do online sentiu alguma limitação?
No início foi complicado, porque eu tive que começar por perceber como é que eu podia apresentar o meu produto. Nós podemos ser os melhores professores do mundo e ter o melhor produto do mundo, mas se ninguém nos conhecer acabamos por ser uma moeda de ouro no fundo do mar.
Mas já tinha alguns clientes das aulas presenciais que depois foram para as online?
Não, começámos do zero no online. Nós acabámos por mudar o nosso público-alvo. Quando eu tinha as aulas físicas e presenciais eu ensinava, na maior parte, crianças e jovens e por algum motivo quando começámos a fazer o marketing e a espalhar esta mensagem da escola de guitarra online, começámos a atrair as pessoas da terceira idade ou as pessoas já com tempo ou reformadas, que tinham o sonho de aprender a tocar guitarra durante a vida toda e faltava aquele clique para começar. O público-alvo anda ali entre os 45 e os 60 anos. O que tem acontecido, até em Bragança, é que os pais se inscreveram e depois acabam por passar o bichinho para os filhos e acabam por aproveitar o curso e aprender juntamente com os filhos e avós a aprenderem com os netos, o que tem sido incrível.
E com o online há também uma flexibilidade maior nos horários e no tempo?
Uma flexibilidade total. A escola de guitarra online foi criada com esse pensamento, de o aluno poder aprender a partir do conforto de casa e poder dedicar o tempo que tem para dedicar. Não há um horário fixo. O programa tem neste momento 160 aulas gravadas e as pessoas podem fazer uma aula por semana ou cinco. Mas também temos acompanhamento por videoconferência, que é o que diferencia o programa de outros, porque nós temos sempre um professor, várias horas por semana, para tirar dúvidas.
E os alunos nunca sentiram que o facto de estarem longe, de não terem alguém fisicamente para os ajudar no momento, pode ser uma limitação?
Acredito que não, porque essas aulas são muito específicas e eu mostro ao pormenor, mas se as pessoas ficarem com dúvidas podem ir ao plantão de dúvidas, ligam a câmara do computador e mostram ao professor e o professor corrige. Temos também um grupo privado de alunos no Facebook, com mais de 700 pessoas, e as pessoas publicam vídeos das coisas que estão aprender e motivam-se uns aos outros. Os benefícios de aprender online têm-se mostrado muito superiores em relação ao presencial.
Este projecto começou do zero, quantos alunos já conseguiu?
Neste momento temos oito turmas e mais de 800 alunos. Começámos com uma turma de 14 alunos, em Março do ano passado, neste momento a nossa turma maior é de 191. Tem sido um crescimento constante. O feedback tem sido incrível e os próprios alunos vão passando a palavra. Temos alunos na Suíça, na França, em Angola, no Brasil, temos alunos espalhados pelas comunidades portuguesas.
E onde é que as pessoas o podem encontrar?
Nós apenas abrimos inscrições algumas vezes por ano, o programa não está sempre aberto, abrimos até agora oito turmas. Mas as pessoas podem procurar ‘Rafael Santos Escola de Guitarra Online’ e podem receber as informações sobre o que fazemos diariamente.
Quando criou o projecto, imaginou que tivesse esta dimensão?
Não, de todo. Aqueles 14 alunos que eu tive na primeira abertura foi uma grande vitória, para uma pessoa que de um momento para o outro ficou sem qualquer tipo de rendimento. Passados dois meses, na segunda abertura tive 94. Foi uma evolução muito grande, que me tem surpreendido e continua a surpreender. O ano passado, em termos de facturação foi muito superior a qualquer outro que tive anteriormente e este ano, a meio do ano, já bati a previsão que tinha em termos de facturação.
Este é um projecto que nunca teria surgido se a pandemia também não surgisse ou estava na gaveta e só precisava de um empurrão?
Por exemplo, o primeiro módulo do curso estava já gravado, mas quando nós estamos acomodados a alguma coisa acabamos por pensar que não vai ser hoje, não vai ser amanhã, ou no próximo mês e por vezes precisamos destes empurrões. Foi de facto a pandemia que deu esse empurrão.
Foi uma coisa que foi acontecendo naturalmente ao longo do tempo?
Sim, tanto que nem tem dado muito para pôr os pés no chão e para tentar perceber o que está acontecer, porque estou completamente surpreendido com a quantidade de alunos, mas principalmente com o feedback das pessoas. Por exemplo, o nosso aluno mais velho tem 90 anos. Eu tenho uma página ‘escoladeguitarraonline.com/ testemunhos’, onde se podem ver dezenas e dezenas de testemunhos dos alunos e neste caso de uma pessoa com 90 anos, que veio agradecer. Ele disse ‘eu não estou à espera de aprender, de ser um profissional da guitarra, mas eu estou muito feliz por me ter inscrito e com o que tenho conseguido’.
Com as coisas a poderem voltar ao normal no próximo ano, pode ser um entrave ao projecto, ou uma vez no digital, para sempre no digital?
Eu acredito que a pandemia veio acelerar um processo que o mundo estava a viver mais lentamente. Muitas vezes os preços que se praticam conseguem ser mais baratos, porque não exigem a componente pessoal ou tanto do nosso tempo e eu acredito que a pandemia veio acelerar, e muito, esse processo de evolução para o digital. Nós já fizemos aberturas de turmas em época de confinamento e já fizemos há duas ou três semanas e os nossos números não baixaram.
E qual é que é o próximo objectivo? Chegar a um público mais novo?
Sim. Na próxima abertura de turma vamos tentar ver qual é a aceitação de um público mais novo. Mas também fazer crescer o programa, neste momento a nossa oferta vai desde uma pessoa que nunca pegou numa guitarra ao nível intermédio, portanto falta-nos do intermédio ao avançado e perceber também nos públicos mais novos qual é a aceitação.
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