Conheço o Professor Doutor Francisco Cepeda desde os bancos e carteiras da Escola Primária sita no então tamanino Bairro da Estação, da época das nevadas a paralisarem a circulação dos comboios cujos apitos imitavam os amoladores de tesouras, facas de cozinha e navalhas a anunciarem iminente zurvada ou chuva bem caída.
Na Escola imperava a professora Dona Aninhas Castro, senhora que impunha respeito, bastava um olhar, e mesmo os repetentes do calibre do Herculano (Michelin) ou do Fernando (Calcada) metiam os queixos no pescoço e nem tugiam, nem mugiam. Pelos anos fora continuámos a estimá-la, a ouvir os seus conselhos, a temer os seus ralhetes. O «Xixo» Cepeda impunha-se através do seu comportamento conciliador e bem-humorado e, primacialmente, devido à sua pendularidade de bom aluno desprovido de espúria jactância. E, assim continuou, no secundário perdeu-se de amores, tendo sido correspondido por uma menina bragançana, o amor solidificou-se numa união que persiste, a qual costumo salientar a propósito de tudo, a propósito de banalidades quotidianas.
Parabéns à Julieta, qual Penélope esposa amantíssima. Em 1967, sou colocado no Batalhão Caçadores Nº 10, em Chaves, ali roía o tempo «militar» o alferes Cepeda. O meu destino era bater com os ossos no então Ultramar, porém durante três meses o poiso era Chaves numa altura de angustiante desalento que uns papéis agora a repousarem na Torre do Tombo explicam a causa da provação. Pois bem, mal coloquei a mala no quartel, por um feliz acaso surgiram o Francisco Cepeda e o Mário Carneiro e logo me concederam todo o gasalho possível. A gratidão não se vende nas farmácias, exalto-a quando surge a ocasião. É o caso.
Por nás e nefas tenho acompanhado o percurso académico e social do autor desta notável investigação referente ao modo como a imprensa da velha urbe acompanhou o palpitar daquela comunidade viveu e sobreviveu durante cem anos, o século XX, enfrentando o isolamento, a castração cultural, o advento e a plena fruição da democracia, as crises expressas em doenças, em sofrimento e morte das populações, os minguados tempos de alguma abastança, logo relativa prosperidade e o mais que adiante irei referir. Não se confinou ao ram-ram da docência no ensino secundário, muito menos ao adormecimento intelectual, do mesmo à letargia cívica no alvorecer da democracia. Por assim ter sido, foi tenaz, doutorou-se na prestigiada Universidade Técnica, acumulou trabalhos da sua autoria nas bibliotecas especializadas, correu Mundo, interveio na vida da cidade, do desempenho de funções profissionais das várias áreas do conhecimento, gastou energias na representação cultural e científica do terrunho brigantino com brilho e distinção.
Tudo isto, no passado de há mais de meio século, estou convicto que assim irá continuar dado o seu resoluto ânimo. Este ingente e suado labor sem dificuldades, decepções e claro que não, serena e elegantemente colocou os energúmenos especialistas na inveja, nas raivosas ciumeiras, demonstrando de modo incisivo o ser um Homem bom, um Homem justo. Nos tempos correntes dos génios das bagatelas e especialistas na discussão do efémero, ter um amigo do Talante de Francisco Cepeda concede-me felicidade e fortaleza para aguentar a pandemia ética e moral a engordar no nosso País e, no tocante à pandemia cujo braço armado em punha a gadanha da morte (título de um livro de ilustre republicano anti-salazarista) tenho procurado e procuro fugir- -lhe.
Está na altura de emitir opinião acerca do seu livro Bragança no Século XX. Que dizer depois do magnifico e desenvolvido artigo a ele referente do Engenheiro António Jorge Nunes? Muito pouco na justa medida de o nosso comum amigo ter dito tudo. O livro é um fino e acerado repositório das Instituições e figuras de várias matizes e mutações de ordem religiosa, científica e técnica, sem esquecer a sociedade, as comunidades das sucessivas gerações, nos dias quotidianos, nos dias de regozijo e farândula. Não andarei longe da real/ realidade ao escrever que nos vários capítulos deste livro existem lembranças de múltiplos tons e sons a recordarem o rolar dos seixos na calçada das dez décadas do burgo do Braganção, ora registados pelo Senhor Professor ousado capaz de no Inverno da produzir tão belo e brioso trabalho ao qual ouso colocar na estante dos trabalhos só possíveis a quem detém uma paciência de copista beneditino.
Na Escola imperava a professora Dona Aninhas Castro, senhora que impunha respeito, bastava um olhar, e mesmo os repetentes do calibre do Herculano (Michelin) ou do Fernando (Calcada) metiam os queixos no pescoço e nem tugiam, nem mugiam. Pelos anos fora continuámos a estimá-la, a ouvir os seus conselhos, a temer os seus ralhetes. O «Xixo» Cepeda impunha-se através do seu comportamento conciliador e bem-humorado e, primacialmente, devido à sua pendularidade de bom aluno desprovido de espúria jactância. E, assim continuou, no secundário perdeu-se de amores, tendo sido correspondido por uma menina bragançana, o amor solidificou-se numa união que persiste, a qual costumo salientar a propósito de tudo, a propósito de banalidades quotidianas.
Parabéns à Julieta, qual Penélope esposa amantíssima. Em 1967, sou colocado no Batalhão Caçadores Nº 10, em Chaves, ali roía o tempo «militar» o alferes Cepeda. O meu destino era bater com os ossos no então Ultramar, porém durante três meses o poiso era Chaves numa altura de angustiante desalento que uns papéis agora a repousarem na Torre do Tombo explicam a causa da provação. Pois bem, mal coloquei a mala no quartel, por um feliz acaso surgiram o Francisco Cepeda e o Mário Carneiro e logo me concederam todo o gasalho possível. A gratidão não se vende nas farmácias, exalto-a quando surge a ocasião. É o caso.
Por nás e nefas tenho acompanhado o percurso académico e social do autor desta notável investigação referente ao modo como a imprensa da velha urbe acompanhou o palpitar daquela comunidade viveu e sobreviveu durante cem anos, o século XX, enfrentando o isolamento, a castração cultural, o advento e a plena fruição da democracia, as crises expressas em doenças, em sofrimento e morte das populações, os minguados tempos de alguma abastança, logo relativa prosperidade e o mais que adiante irei referir. Não se confinou ao ram-ram da docência no ensino secundário, muito menos ao adormecimento intelectual, do mesmo à letargia cívica no alvorecer da democracia. Por assim ter sido, foi tenaz, doutorou-se na prestigiada Universidade Técnica, acumulou trabalhos da sua autoria nas bibliotecas especializadas, correu Mundo, interveio na vida da cidade, do desempenho de funções profissionais das várias áreas do conhecimento, gastou energias na representação cultural e científica do terrunho brigantino com brilho e distinção.
Tudo isto, no passado de há mais de meio século, estou convicto que assim irá continuar dado o seu resoluto ânimo. Este ingente e suado labor sem dificuldades, decepções e claro que não, serena e elegantemente colocou os energúmenos especialistas na inveja, nas raivosas ciumeiras, demonstrando de modo incisivo o ser um Homem bom, um Homem justo. Nos tempos correntes dos génios das bagatelas e especialistas na discussão do efémero, ter um amigo do Talante de Francisco Cepeda concede-me felicidade e fortaleza para aguentar a pandemia ética e moral a engordar no nosso País e, no tocante à pandemia cujo braço armado em punha a gadanha da morte (título de um livro de ilustre republicano anti-salazarista) tenho procurado e procuro fugir- -lhe.
Está na altura de emitir opinião acerca do seu livro Bragança no Século XX. Que dizer depois do magnifico e desenvolvido artigo a ele referente do Engenheiro António Jorge Nunes? Muito pouco na justa medida de o nosso comum amigo ter dito tudo. O livro é um fino e acerado repositório das Instituições e figuras de várias matizes e mutações de ordem religiosa, científica e técnica, sem esquecer a sociedade, as comunidades das sucessivas gerações, nos dias quotidianos, nos dias de regozijo e farândula. Não andarei longe da real/ realidade ao escrever que nos vários capítulos deste livro existem lembranças de múltiplos tons e sons a recordarem o rolar dos seixos na calçada das dez décadas do burgo do Braganção, ora registados pelo Senhor Professor ousado capaz de no Inverno da produzir tão belo e brioso trabalho ao qual ouso colocar na estante dos trabalhos só possíveis a quem detém uma paciência de copista beneditino.
Armando Fernandes
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