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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 18 de julho de 2021

A TORTURA NA ESCOLA NO FIM DO SÉCULO XIX - OU - A TRISTE INFÂNCIA DE UM GRANDE ESCRITOR (1ª Parte)

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Era uma terça-feira do mês de Junho (18,) do ano de 1861, quando o Sr. João recebeu, no estabelecimento, a irmã Jacinta.
Em alvoroço, exclamou eufórica:
- " Parabéns, João, tens mais um filho!..."
- " Olha, que grande coisa!..." – contrapôs, este, serenamente.
Casara na cidade do Porto. Tinha duas meninas e um rapaz. Trindade Coelho, era o quarto.
O Sr. João fazia-se insensível, mas no íntimo, era homem bom: Gostava de auxiliar, mas receando que viessem a saber, dissimulava, para não o julgarem: "mole".
A esposa, perfeita dona de casa, cuidava com esmero, do maneio da casa, e aplicava, muitas horas na costura e a passajar.
Fazia o conserto da roupa, numa salinha, com janela para o Convento de S. Francisco, onde se prendia a corda, que accionava o sino, da torre.
Trindade Coelho, muitas vezes, tocava as "Avé-Marias", da janela. Ajudava à missa, com perfeição. Gostava de "celebrar" e "pregar". Por brincadeira, chamavam-no: " O Sr. Padre José".
Certa ocasião, bebeu trago de vinho, das galhetas. Descoberto, foi severamente repreendido e castigado: tinha que pedir perdão, ao Sr. Abade.
Lá foi o rapazinho, de cabeça baixa, a tremer, muito enfiado, a casa do Prior. Este, sorrindo, desculpou-o, e em "recompensa" deu-lhe punhado de cerejas.
Em dia frio de rigoroso Inverno, chegou a casa sem camisa. A mãe interrogou-o asperamente. Em prantos, contou, que a dera a menino pobre, que tinha muito frio.
Foi castigado; mas a mãe, enquanto lhe batia, ria-se de alegria, por dentro.
Aos domingos, ia à casa do oleiro, vê-lo a fazer louça. Levantava-se muito cedo, quase de madrugada, para observar o Sr. Domingos, girar a roda, e o barro ganhar a forma de utensílios.
Frequentava, com algum gosto, a escola, mas tinha também, professor particular.
Em suma: era feliz, até ao momento, que o pai resolveu levá-lo, com o irmão, à aldeia de Travanca, no intento dos filhos prosseguirem os estudos.
Ficaram hospedados na casa do professor, que ficou na incumbência de os educar.

(Continua)

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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