Completou 90 anos dia 7 de Junho. Gastou uma vida inteira a aprender e a ensinar. Dele falam aqueles que tiveram a sorte de ser seus alunos e também as Instituições escolares de que foi diretor.
E dele restam para a posteridade os testemunhos registados, com o máximo rigor, os dez volumes da Bibliografia do Distrito de Bragança. Além de outros, de temas populares, de etnografia, de falares e de dizeres. Ainda hoje, no degredo obrigatório que comprou, para viver os últimos anos da sua vida e de sua mulher. A certa altura da vida ficou ela totalmente dependente.
O casal deixou Coimbra, onde se radicara profissionalmente, sem nunca renegar as origens. Na casa dos 80 anos, compraram uma suite numa instituição de caráter social. A Senhora ficou totalmente inválida. Sem filhos e sem apoio institucional, o drama bateu-lhes à porta. Há cerca quatro 6 anos ela faleceu. O marido ficou só, no espaço a que tinha direito e nas condições acordadas.
O «2º Abade de Baçal», que a Câmara Municipal apoiou na edição dos vários volumes da sua Bibliografia do Distrito de Bragança, continuou a escrever.
É um dos mais laboriosos autores do Nordeste Transmontano.
O isolamento a que se submeteu com a saída de Coimbra para Bragança, não lhe proporcionou a vivência que chegou a ter em Coimbra, onde mantém a casa que habitou nos anos felizes da sua atividade académica.
A sua vasta obra abrange todas as áreas do saber. Nos nove, dos dez volumes, da BdB, deu vez e voz a milhares de autores, artistas e figuras de proa. Mas muito poucos desses famosos, se lembram deste silenciado autor que acaba de completar 90 anos de vida.
Trago este tema à análise da sociedade Transmontana para me congratular com o gesto cultural e cívico da Câmara de Macedo de Cavaleiros pela justa deliberação de atribuir o nome de um dos seus mais ilustres filhos: A. M. Pires Cabral. Apenas soube desta merecida e oportuna decisão Macedense pela Academia de Letras.
António Manuel Pires Cabral, nasceu no histórico lugar de Chacim, em 1941, distrito de Bragança. Licenciou-se em Filologia Germânica e optou pela docência.
Exerceu-a com grande intensidade e fez de Vila Real o quartel Geral da suas preocupações. Uma diversidade de temas tratados com o rigor científico que merecem e uma quantidade de títulos: em livro, em separatas e em revistas.
Provavelmente o autor com maior volume títulos, muitos deles, premiados em concursos, em projetos coletivos, em antologias. Para além disso – e sobretudo por isso – pelas ideias inovadoras que como assessor cultural as Câmara de Vila Real propôs e liderou, ao longo de vários anos e em mandatos sucessivos.
A Câmara de Vila Real foi modelo nacional. Apostou em estruturas inovadoras, todos os políticos lhe deram meios que geriram num departamento Municipal que, na maioria das câmaras municipais, é aproveitado pelo partido vencedor, para fazer os favores aos às clientelas associativas. Sei do que falo e, sempre denunciei aqueles que fizeram dos pelouros da cultura, do desporto, do turismo, um saco azul para engrossar a votação.
Afirmo-o aqui e exemplifico com a Câmara de Guimarães. Durante um quarto de século, a cultura, o paralelo e o alcatrão, foram «a moeda boa e a moeda má». O líder do partido chegou a ser condecorado pelo PR, como modelo de autarca e, nos próximos atos eleitorais, essa geração de políticos, nem precisa de fazer campanha.
Vila Real não passou por esse «calvário democrático». Embora dependente de político do setor, Pires Cabral geria o orçamento da cultura abstraindo das orientações partidárias. O Grémio Literário foi um modulo sui generis que pode servir de modelo a todas as Câmaras do país.
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