Em entrevista à Lusa, a artista disse que gostava de ver em Portugal o exemplo de outros países onde os ricos financiam as artes, mas considera que o que se vê é "infelizmente a quantidade de bandidos, que não têm outro termo, que têm roubado o país e que não criam riqueza, só acumulam para eles".
No entender da pintora, que está em Bragança a preparar a próxima exposição, o que Portugal tem é "falsos mecenas que compram arte com dinheiro que nos pertence", o que a leva a concluir que "muitos dos problemas do nosso mundo" resultam de as pessoas se terem tornado "demasiado ambiciosas".
"Ser rico não é defeito, agora estes bandidos que enriqueceram e que colocaram o dinheiro não sei aonde e roubaram o país e roubam-nos a nós todos os dias, que temos de pagar estes impostos violentos, isso só mostra que há pessoas que perderam a cabeça", acrescentou.
Graça Morais aponta exceções como o empresário Rui Nabeiro, que disse admirar "imenso, porque é um homem que nasceu pobre, foi enriquecendo, mas criou riqueza para a comunidade e para o país".
No mecenato ressalvou também o exemplo de alguns bancos, mas reiterou que a situação portuguesa está longe do que "se passa, por exemplo, em França e na América, onde há pessoas que sentem que têm que oferecer à comunidade".
Entendem, como destacou, que "parte da riqueza deve ser para oferecer à comunidade e essa oferta muitas vezes é feita para ajudar as pessoas mais pobres, mas também para a arte, porque sabem a importância da arte no mundo porque a arte é que fica".
"Nós não temos mecenas em Portugal", insistiu, lamentando também que simultaneamente o país tenha "um Ministério da Cultura com um investimento também muito reduzido em arte".
Graça Morais vai mostrar trabalhos inéditos na primeira exposição depois da pandemia, com inauguração marcada para sexta-feira, no Centro de Arte Contemporânea de Bragança.
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