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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 7 de agosto de 2021

O que procurar no Verão: o poejo

 O poejo (Mentha pulegium) é uma das espécies mais conhecidas do género Mentha. De aroma intenso, esta planta aromática encontra-se agora em flor, e pode ser vista em locais húmidos e junto a cursos de água.

Foto: H. Zell/WikiCommons

O género Mentha, a que pertence o poejo, é uma das designações botânicas mais antigas e ainda em uso. É um género de plantas da família Lamiaceae.

São 24 as espécies do género Mentha, aceites e descritas, com uma distribuição cosmopolita, presentes em todos os continentes. Dessas, cinco são espécies nativas em Portugal Continental, das quais duas também surgem de forma espontânea nas Ilhas dos Açores e três no Arquipélago da Madeira.

As plantas deste género são aromáticas, perenes, raramente anuais, de porte herbáceo ou arbustivo. Na generalidade, estas plantas são utilizadas desde a antiguidade para fins medicinais, aromáticos e condimentares.

O poejo é uma planta herbácea, rizomatosa, robusta e perene, que pode crescer até cerca de 40 cm de altura. É composta por talos quadrangulares, muito ramificados, prostrados, ascendentes ou eretos, consoante as condições de desenvolvimento em que se encontra.

As folhas são aromáticas, ligeiramente pubescentes e verdes, algumas mais claras e outras mais escuras, pontilhadas de glândulas translúcidas. Apresentam uma forma que varia entre oval a elíptico, pecíolo curto e margem levemente serrilhada ou quase inteira.

As flores surgem no final da primavera e durante todo o verão. São muito pequenas e surgem agrupadas em inflorescências globosas e densas, nas axilas das folhas, em verticilos compactos e afastados entre si. O cálice é tubular, de cor púrpura e pubescente, e as sépalas possuem forma triangular. As pétalas exibem um tom rosado a lilás.

O fruto é uma pequena núcula, de forma elíptica e de cor castanho claro ou amarelado.

Foto: Eiku/WikiCommons

O nome científico do poejo tem uma história mítica associada. O termo genérico Mentha deriva do latim Menta e do grego Minthe, uma ninfa transformada em planta por Perséfone (Deusa das ervas, das flores, dos frutos e dos perfumes), que a obrigou a viver em lugares húmidos e sombrios. A designação pulegium deriva da palavra latina pulex, que significa “pulga”, devido a, no passado, esta planta ter sido muito utilizada, no interior das casas, para repelir estes insectos.

Aromática e Medicinal

O poejo é uma espécie nativa da Macaronésia, Mediterrâneo, Europa e Ásia Ocidental.

Em Portugal surge de forma espontânea em todo o território nacional, incluindo nas regiões autónomas.

Ecologicamente, o poejo tem preferência por locais luminosos, com boa exposição solar, solos ácidos e húmidos, mesmo que periodicamente alagados. É frequentemente encontrado nas margens e leitos secos de linhas de água temporárias ou permanentes, em áreas de pastagem ou prado, em barrancos e noutros locais temporariamente inundados. É uma espécie não tolerante a temperaturas muito baixas.

Esta planta aromática é bastante conhecida pelas suas propriedades medicinais. Toda a planta, em especial as flores e o óleo essencial, possuem propriedades antisséptica, cicatrizante, colagoga, espasmolítica, desintoxicante, calmante e estimulante.

As infusões, preparadas com as partes aéreas desta planta, são utilizadas em medicina tradicional para aliviar sintomas de gripes, resfriados, tosse, febre, insónias, dores reumáticas, acidez do estômago, enjoo, bronquite, asma e cólicas menstruais. Também estimula o apetite, reduz os sintomas de azia e melhora a digestão.

Foto: Lazaregagnidze/WikiCommons

Externamente, essas infusões podem ser usadas em cataplasmas, no tratamento de doenças de pele, erupções cutâneas e para aliviar sintomas da gota.

Do campo para a cozinha

Esta erva aromática faz parte da cozinha tradicional alentejana. Quem nunca ouviu falar da açorda de poejos, por exemplo? As flores são comestíveis e servem de aromatizante e para temperar pratos de carne, peixe, açorda, saladas e também no fabrico de licores e pratos doces, como pudins, tortas, compotas e na salada de fruta. 

Apesar das diversas propriedades medicinais e interesse culinário, é necessário algum cuidado no uso desta planta, pois doses elevadas ou em períodos longos podem originar vómitos e outros problemas mais graves, ao nível do fígado, devido à presença de hepatotoxinas. Nos cozinhados, por exemplo, deve ser usado de forma moderada e evitado completamente pelas grávidas, uma vez que pode provocar aborto.

O poejo também não deve ser utilizado por pessoas com sensibilidade gastrointestinal ou com doenças neurológicas e está contraindicado no período de aleitação, e por crianças com idade inferior a 12 anos.

Além disso, diz-se que o óleo essencial de poejo é um excelente repelente natural, usado para afastar pulgas, formigas e traças, devido ao odor forte que liberta. Também tem revelado demonstrar ser um bom pesticida natural, no controlo e crescimento de fungos, bactérias e outros parasitas das plantas.

Foto: Stefan Lefnaer/WikiCommons

As folhas desta planta também são usadas para fazer sabão, para limpar tecidos.

O poejo é uma erva muito versátil. É também importante no controlo da erosão, junto dos cursos de água, é um excelente habitat animal e atrai inúmeros insetos polinizadores. A fragrância das suas folhas e a floração efusiva que surge no verão, torna-a uma excelente escolha ornamental, para cultivar junto a lagos, tanques e outros espelhos de águas, em vasos e em canteiros.

E se gostou de conhecer um pouco mais sobre esta espécie nativa, agora só falta explorar a natureza e descobrir a beleza e aroma refrescante que possui.

Dicionário informal do mundo vegetal:

Rizomatosa – planta cujo caule é subterrâneo (rizoma).
Rizoma – Caule subterrâneo, que cresce geralmente na horizontal, com aspeto de raiz, composto de escamas e gemas, como se de um caule aéreo se tratasse.
Prostrado – ramo estendido sobre o solo.
Ascendente – ramo que se desenvolve na posição horizontal ou quase, mas que tende a verticalizar.  
Pubescente – que tem pelos finos e densos.
Elíptica – folha com forma que lembra uma elipse, mais larga no meio e com o comprimento duas vezes a largura.
Tubular – cálice que possui um tubo muito alongado.
Núcula – fruto seco, indeiscente do tipo esquizocarpo, semelhante a uma pequena noz.
Esquizocarpo – fruto seco que na maturação se divide em frutos parciais.

Carine Azevedo

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