terça-feira, 17 de agosto de 2021

Porque os tratam assim? Porque nos privaram das nossas festas de agosto? Nós também somos gente, e gente de Portugal!

 Atendendo ao considerável número de emigrantes vindos das mais diversas paragens que, especialmente em Agosto, apesar de todas as dificuldades, não resistem à vontade de passar as suas férias nas suas terras junto das suas famílias, limitando-me a moderar, compreensivelmente, alguns excessos de linguagem, nos próximos parágrafos procurarei transmitir fielmente os sentimentos , as críticas e a as mágoas que alguns deles se disponibilizaram a partilhar comigo, exclusivamente com o intuito de dar voz aos que a não tem, permitindo-lhes, dentro do possível, extravasar o desencanto, a mágoa a dor e a revolta que lhes vai na alma.

Muito sinceramente , gostava muito de compreender porque é que agora em Portugal a alguns, quase sempre os mesmos, dão todas as condições, quando não mesmo todos os incentivos, para fazerem o que muito bem e lhes apetece.

Depois, é vê-los , sem rei nem roque, a torrar ao sol nas praias, a gritar nos campos de futebol , amontoados nos passeios das cidades ou na berma das estradas a aplaudir os ciclista, até altas horas na zona da Ribeira do Porto ou nos bairros típicos de Lisboa, amontoados, uns em cima dos outros, como os gados no esteio debaixo das oliveiras no calor do Verão, encharcados em álcool, ou talvez noutras coisas, malbaratando o dinheiro vindo, sabe-se lá bem donde e, arrenega diabo, não estou a pensar nos subsídios nem em coisas parecidas.

Note-se que, com isto não se pretende criticar as praias, o desporto ou muitas outras atividades de lazer, cada qual a mais necessária, mas tão só a fundamentação irracional, estúpida e injusta das recentes medidas de alívio do desconfinamento, não restando qualquer dúvida da preocupação quase compulsiva de escolher sempre os mesmos para serem os eternos bodes expiatórios, esquecendo que:

- Durante dezenas de anos servimos para equilibrar as contas do estado com as nossas remessas de moeda estrangeira, fruto do nosso trabalho;

- Estamos quase todos vacinados e a gente que vive nas aldeias já é tão pouca que, se por absurdo, se conseguisse juntar toda no mesmo local, mesmo assim, dificilmente se desrespeitaria a obrigação do distanciamento social, bem ao contrário dos grandes centros onde muitos continuam a reger-se pelo ditado “fé em Deus e todos à molhada”;

- Cumprimos disciplinadamente todas as diretivas da DGS, como usar a máscara, lavar as mãos e guardar o distanciamento social;

- Vimos apenas para matar saudades da nossa terra e das nossas gentes, cumprir as promessas das nossas devoções, tratar das nossas coisas e retemperar forças para mais um ano de ausência e de trabalho;

- Em vez de vir dar despesa, e sem qualquer apoio, com o nosso dinheiro vimos para dar algum alento à vida das nossas terras, ajudando a revitalizar o comércio local e o pouco que resiste de outras atividades.

- A continuar tudo assim, teremos de reconsiderar se valerá a pena voltar.

F. Costa Andrade

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