quinta-feira, 30 de setembro de 2021

As aves da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo | EuroBirdwatch 2021

 No sopé da serra da Nogueira, e rodeada de importantes bosques de vegetação autóctone, a albufeira do Azibo alberga uma importante comunidade de aves, de onde se destacam as espécies aquáticas, que durante os períodos migratórios podem apresentar densidades e diversidade muitas vezes surpreendentes.


Percorrendo alguns dos locais mais desconhecidos da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, daremos a conhecer este rico património natural e tentaremos descobrir as muitas espécies de aves que visitam este local.

Ponto de encontro
Parque de estacionamento da Praia Fluvial da Ribeira (41.587063°, -6.907442°)

Recomendações
Roupa e calçado adequados a caminhadas
Água e pequeno farnel para a manhã
Caso tenha binóculos será útil se trouxer este material consigo

Contactos
Sérgio Bruno Ribeiro

Telemóvel: 963567201
Email: sbaribeiro@hotmail.com

Organização
BIOMATER – Ambiente, Sustentabilidade e Conservação da Natureza

Informações e Inscrições AQUI.

Coordenação

𝐁𝐢𝐨𝐝𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 | 𝟏𝟐.ª 𝐞𝐝𝐢𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐝𝐚 𝐑𝐞𝐮𝐧𝐢𝐚̃𝐨 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐔𝐧𝐠𝐮𝐥𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐒𝐢𝐥𝐯𝐞𝐬𝐭𝐫𝐞𝐬 𝐈𝐛𝐞́𝐫𝐢𝐜𝐨𝐬

 A 12ª edição da RUSI (Reunião sobre Ungulados Silvestres Ibéricos) será realizada nos dias 1 e 2 de outubro de 2021 no Campus Universitário da UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real (Portugal).
No dia 02 de outubro a cerca de meia centena de participantes na XII RUSI vai realizar a Rota do Corço, em Macedo de Cavaleiros, que compreende a visita ao Centro Interpretativo do Corço em Grijó e uma caminhada de 6 Km com visita ao cercado dos corços.

COMO CHEGOU O CAFÉ AO BRASIL

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Antes de Cabral desembarcar em Porto Seguro – sabem quem é o décimo sexto neto do navegador? Chama-se Bernardo Vasconcelos e Sousa, e é director da Torre do Tombo, – na imensa Pindorama, não havia: galinhas, cavalos, bois... nem o maior amigo do homem – o cachorro.
Era, também, desconhecido, a cana-de-açúcar – trazida da ilha da Madeira, – e muito menos, o café.
Só mais tarde, no século XVIII, Gabriel Clieu, ao ser nomeado governador de Martinica, o cafezeiro foi introduzido na ilha.
O aparecimento do café em terras de Santa Cruz, realizou-se um pouco mais tarde:
Quando Francisco de Melo Palhete, visitou a Guiana francesa, por incumbência do governo do Pará, era governador Claudel D'Orvilliers.
Tanto ele como a simpatiquíssima esposa, receberam -no, em Caiena, em grande hospitalidade e por cortesia, ofereceram-lhe o delicioso cafezinho.
Palhete, desconhecia a bebida, e encantou-se com o aroma e sabor, mostrando-se interessado em o cultivar, também, no Brasil.
Esclareceram-no – para sua tristeza, que era proibido o envio ou oferta de sementes ou mudas de cafezeiro, para fora, – ordem de França.
Palhete compreendeu, e aceitou as sinceras desculpas do governador.
Em compensação, Caudel, convidou-o a visitar cafezal, para conhecer a planta e os redondinhos e rubros frutos
Durante a demorada visita, entrecortada de silêncios e aprazível conversas, a mulher de Caudel, por gentileza, sorrateiramente, introduziu no bolso da jaqueta de Palhete, punhado de sementinhas de café.
Regressou eufórico, a terras brasileiras, e logo tratou de as mandar semear.
Mas, nem no Pará, nem no Maranhão e Amazonas, se desenvolveu, quiçá à qualidade da terra ou desconhecimento da técnica de cultura.
Os resultados foram desastrosos.
Reinava o desânimo nos agricultores... Entretanto, João Alberto Castelo Branco, teve a feliz ideia de o trazer para o Sul do País.
Aí, sim: o cafezeiro cresceu, desenvolveu e reproduziu-se, abundantemente. Mas a planta era cultivada só para uso doméstico e amigos, em insignificantes áreas.
Por esse tempo, o Padre Couto, abastado fazendeiro, resolveu cultivá-lo intensamente, para venda.
Rapidamente a cultura do café expandiu-se: pelo: Rio, São Paulo e Minas, tornando-se numa das maiores riquezas agrícolas do País.
Será que o Brasil soube agradecer, devidamente, à mulher do governador da Guiana, o gesto polido?
Duvido. A gratidão não é comum entre o humano, e ainda menos entre as nações.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Concerto de António Zambujo 02/10 - ESGOTADO

 No dia do espetáculo, o acesso aos lugares sentados é feito por ordem de chegada e consoante indicação do staff do CCM.
Próximos espetáculos no Centro Cultural de Mirandela:
📌 Dia 09 de outubro - 21:30h
Música - Bárbara Tinoco
Preço do bilhete: 10 euros
Bilhetes à venda a partir de 4 de outubro (segunda-feira)
📌 Dia 15 de outubro - 21:30h
Dança - Alucinação26
Preço do bilhete: 5 euros
📌 Dia 23 de outubro - 21:30h
Teatro - CLOWNS
Preço do bilhete: 5 euros
📌 Dia 30 de outubro - 21:30h

Música - Sons do Douro 
Preço do bilhete: Gratuito / Levantamento de bilhete obrigatório (Protocolo Museu do Douro)
Levantamento máximo de 4 bilhetes por pessoa.
Os eventos decorrerão sob as orientações da Direção Geral de Saúde. Uso obrigatório de máscara.

Autarquia de Alfândega da Fé elaborou a Carta Desportiva Municipal

 O Município de Alfândega da Fé elaborou a sua Carta Desportiva Municipal, aprovada na reunião de câmara do passado dia 7 de setembro. Trata-se de um documento que reúne informação relevante sobre todos os espaços desportivos, clubes e associações desportivas do concelho e que pretende servir de suporte para futuras decisões estratégicas na área do desporto.


A importância de um documento desta natureza prende-se com a necessidade de, no futuro, se desenvolverem planos integrados dentro do Município, racionalizando os meios financeiros e humanos.

A elaboração e aprovação deste documento reflete a forte aposta que a autarquia tem feito ao nível do desporto local e que tem merecido várias distinções por parte de entidade externas, como os consecutivos galardões de Município Amigo do Desporto, o selo de qualidade no desporto sénior e no desporto adaptado.

A Carta Desportiva Municipal está disponível online e pode ser consultada AQUI.

Cultura | Dia Mundial da Música - MIRANDELA

 Dia Mundial da Música assinalado no Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes com um concerto da Esproarte - Escola Profissional de Arte de Mirandela - 01 de outubro | 17 horas | Lotação limitada | Entrada gratuita

BALCÃO MÓVEL - Alfândega da Fé

 Consulte aqui o horário do Balcão Móvel na sua freguesia, para o mês de outubro.

Conheça a Cascata do Cachão da Malhadinha através da caminhada de Eiras Maiores até Negreda, no dia 9 de outubro de 2021

 A saída de autocarro (até Eiras Maiores) é às 08h30, na Praça do Município.
O transporte é gratuito, mediante inscrição no Posto de Turismo, onde é possível realizar até 5 de outubro.

INSCRIÇÕES ABERTAS | PISCINA MUNICIPAL COBERTA

 A Piscina Municipal Coberta abrirá ao público para a atividade de natação livre e aulas nas diversas atividades no dia 4 de Outubro.

✍ Inscrições junto ao balcão existente nas instalações da Piscina, entre as 9h00 e as 17h00.

 📝 Pode obter a ficha de inscrição AQUI.

UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE - Alfândega da Fé

 Consulte aqui os horários da Unidade Móvel de Saúde na sua freguesia, da primeira quinzena do mês de outubro.

𝗕𝗥𝗔𝗚𝗔𝗡𝗖̧𝗔 𝗖𝗟𝗔𝗦𝗦𝗜𝗖𝗙𝗘𝗦𝗧 – 𝟭 𝗢𝗨𝗧𝗨𝗕𝗥𝗢, 𝟲𝗮 𝗙𝗘𝗜𝗥𝗔, 𝟮𝟭:𝟬𝟬

 𝗖𝗢𝗡𝗖𝗘𝗥𝗧𝗢 𝗗𝗘 𝗔𝗕𝗘𝗥𝗧𝗨𝗥𝗔 - 𝗗𝗶𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗱𝗶𝗮𝗹 𝗱𝗮 𝗠𝘂́𝘀𝗶𝗰𝗮
Orquestra de Câmara de São Petersburgo

Juri Gilbo - Direção musical
Filipe Pinto-Ribeiro - Piano
Obras de Seixas, Mozart e Tchaikovsky
Teatro Municipal de Bragança

𝗜𝗡𝗙𝗢𝗥𝗠𝗔𝗖̧𝗔̃𝗢 - Município de Bragança

 Em conformidade com o Decreto-Lei n.º 78-A/2021, de 29 de setembro e com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 135-A/2021, de 29 de setembro, o Teatro Municipal de Bragança informa que a lotação de sala(s) regressou aos 100% de ocupação. 
Por conseguinte, existe uma nova disponibilidade de bilhetes para os espetáculos a acolher de 01 de outubro de 2021 em diante.

…quase poema…ou da beleza

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

- Pronto! Está bem… já pedi desculpa!

Isto de gerir as sensibilidades dum quintal onde coabitam uma infinidade de espécies, tem que se lhe diga!
Eu sei que ultimamente toda a minha atenção e afeto têm sido para as rosas, pois são elas que se impõem pela exuberância e beleza no pequeno universo do quintal....
Mas há pouco reparei que as pequenas cerejas, peras, maçãs, uvas, pêssegos e até as delicadas alfaces me olhavam de lado e no seu pequeno coração de fruto e no seu pequeno coração de legume pensavam baixinho:
- Pois é… só há atenção para as rosas porque são bonitas! 
E amuadas queixavam-se dum, ou outro pulgão que andava por perto comendo regalado as folhas mais tenras.
Ora, como no quintal não se usam pesticidas, nem inseticidas por causa das joaninhas e até do sapo que lá andam na sua faina de jardineiros, toca de pulverizar as folhas mais atacadas com água com sabão e a bicharada menor lá foi embora, ficando só os que bastem para alimento das joaninhas e do sapo.
- Pronto, já está tudo bem… pronto, já pedi desculpa!
Com vergonha, não disseram nada… mas eu sei que em breve as cerejas, os pêssegos, as maças, as peras, as uvas e mesmo as alfaces terão o coração cheio de sol e de doçura e hão de cheirar a frutos maduros e a legumes frescos! E nesse tempo já não haverá rosas e somente diremos que alfaces tão tenras… que frutos tão doces… que cores tão bonitas!
Pois é!... vivemos muito depressa… olhamos para a beleza… só pela beleza e não somos capazes de adivinhar o belo e a doçura que não se vê, mas habita no coração humilde dos pequenos frutos, dos frescos legumes que esperam, pacientemente, pelas longas tarde de sol.
…e a beleza é tão efémera.

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.


Se bebe água da torneira, em Bragança, faz muito bem! A ÁGUA DA TORNEIRA É SEGURA EM PORTUGAL

 Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) a água da torneira, em Portugal, é segura

A qualidade da água da torneira em Bragança, atingiu em 2020, 99,09%.

Consulte AQUI o Relatório RASARP 2021.


ROTEIRO DE BRAGANÇA: O QUE VISITAR, FAZER, ONDE COMER E DORMIR

 PORQUE HÁ UM LUGAR ONDE CRIAMOS MEMÓRIAS QUE PERDURAM PARA SEMPRE. BRAGANÇA, NATURALMENTE.

Bragança conserva um património ímpar num centro histórico compacto, que facilmente se percorre a pé. As suas pedras gastas são testemunhas de uma História atribulada, que remonta à Idade do Bronze, conta com a presença de romanos, suevos e visigodos, prosseguindo com combates que ajudaram a estabelecer as linhas de fronteira e a importância estratégica do burgo. A Torre de Menagem quatrocentista destaca-se num dos mais harmoniosos e bem preservados castelos do país, que abriga um conjunto monumental digno de nota pela sua originalidade. É o caso da enigmática Domus Municipalis, edifício que se acredita ter acumulado as funções de cisterna com a de local de reunião dos “homens bons” do concelho. A seu lado ergue-se a elegante Igreja de Santa Maria, cuja frontaria barroca, de tipo retabular, traduz no granito a talha dourada dos altares. Formando uma união singular entre épocas bem distintas, o pelourinho medieval está incrustado num berrão, estátua zoomórfica com origem em povos castrejos da proto-história. Para lá das muralhas, as ruas empedradas guiam o viajante por um rosário de templos, em que se destacam o Convento de S. Francisco, as igrejas de S. Vicente e da Misericórdia, e a Sé, com um claustro renascentista e sacristia merecedores de visita atenta. O mesmo percurso está recheado de magníficos solares, edificados entre os séculos XVI e XVII, que hoje albergam instituições públicas.

Domus Municipalis

Basílica de Santo Cristo de Outeiro

Em Bragança os caminhos para o futuro assentam em tradições com origens milenares. Nesta cidade dinâmica, com uma eclética oferta cultural, a arquitetura contemporânea convive com desfiles de caretos (mascarados que evocam rituais de iniciação) e os museus expõem tanto a herança etnográfica da região como as últimas criações de artistas consagrados. Mas os tesouros monumentais não se limitam ao coração da cidade. Nas redondezas encontram-se joias como o Mosteiro de Castro de Avelãs, cuja cabeceira de planta circular revestida a tijolo é exemplar único em Portugal do estilo românico-mudéjar, ou a majestosa Basílica de Santo Cristo do Outeiro, com um esplêndido interior em talha barroca e assinalável pintura sacra.

Rua dos Museus

Street Art

Mosteiro de Castro de Avelãs

Poucos territórios possuem biodiversidade tão rica como o Parque Natural de Montesinho, situado às portas de Bragança. Com oitenta por cento dos mamíferos que ocorrem em Portugal, só aqui se poderá deparar com um grupo de veados junto à estrada, avistar um corço a alimentar-se num carvalhal, descobrir sinais da presença de javalis num prado ou escutar o uivo de um lobo.

Parque Natural de Montesinho

O fabuloso mosaico de paisagens, composto por montes arredondados, os vales encaixados dos rios Sabor, Maçãs e Baceiro, searas, lameiros, soutos extensos, bosques de azinheiras e a maior mancha de carvalho-negral da Europa, é percorrido por inúmeros trilhos assinalados que permitem agradáveis passeios a pé ou a prática de BTT em cenários de arrebatadora beleza. Neste vasto território é ainda possível descobrir inúmeras aldeias onde a comunidade convive em harmonia com a sua paisagem, como Montesinho e Rio de Onor. Grande parte ainda são comunitárias, onde as terras agrícolas, pastagens e fornos são partilhados entre todos os habitantes. São notáveis, ainda, os exemplos de arquitetura popular que utilizam os materiais característicos da região, como os pombais, os moinhos de água e as forjas do povo.

Montesinho

A gastronomia de Bragança destaca-se pela qualidade dos seus produtos, com sabores e aromas que parecem exalar das paisagens de onde provêm. A confeção simples é orientada por mãos sábias, que conhecem bem a origem dos ingredientes, muitas vezes trazidos diretamente da horta para a cozinha. A gastronomia que poderá saborear em Bragança, ficará na sua memória.


A democracia funcionou

 As eleições autárquicas são mais uma prova de que a democracia, não obstante todos os seus vícios, defeitos e erros, funciona melhor do que qualquer ditadura, seja ela civil, militar, teocrática ou republicana.
Não é preciso ser formado em Ciência Política para perceber que a discussão dos assuntos da polis podem colocar-se em 2 planos distintos: a Administração Central e a Administração Local. Quanto à primeira, a discussão pode ser feita a 4 níveis diferentes: o regime político, o sistema económico, o programa de governo, a medida X, Y ou Z do ministério A, B ou C.
Em termos de regime político, podemos optar pela monarquia ou pela república, pela democracia ou pela ditadura. Um regime político para se poder considerar democrático tem que resultar do voto popular e não da vontade de qualquer grupo oportunista que diz dispensar as eleições com desculpas esfarrapadas sem qualquer fundamentação objetiva, como acontece com os salazaristas e com os marxistas. Os primeiros invocam a vontade Deus, enquanto que os segundos se autoproclamam “vanguarda esclarecida”, relegando para o limbo da estupidez todos os que se lhe opõem.
Ao nível do sistema económico, deparamo-nos com 3 teorias diferentes: o marxismo, com a sua teoria da coletivização da propriedade, que vê na propriedade privada a origem de todos os conflitos sociais; o liberalismo duma Direita ressabiada com o Estado que lhes oferece as infraestruturas para as suas empresas funcionarem, mas que lhes cobra impostos e impõe regras de funcionamento, que eles não querem respeitar; e, finalmente, o socialismo democrático ou social-democracia que aposta na concorrência entre privados e entre privados e o Estado, ao mesmo tempo que impõe regras para evitar as hecatombes do tipo de crise de 2008, em que o sistema financeiro mundial só não ruiu totalmente porque os governos dos diferentes países se chegaram à frente para cobrir as fraudes financeiras que circulavam entre Bancos. Infelizmente, nesta área ainda há muito caminho para percorrer e aperfeiçoar o sistema social-democrata.
Posto isto, é fácil de ver que estas eleições autárquicas, que mostraram duma forma insofismável a necessidade e a oportunidade destas eleições para encostar e substituir os corruptos ou incompetentes, seriam impossíveis tanto no regime salazarista como em qualquer país em que o marxismo se tenha apoderado do aparelho de Estado. Nesses casos, todos os líderes locais dependem da sua fidelidade – sinónimo de subserviência - ao líder nacional.
- Está tudo bem nas autarquias?
- É óbvio que não. Continua a haver incompetências, os partidos continuam a dar sinais das suas limitações e fragilidades, apresentando muitas vezes candidatos que são fruto do seu narcisismo e egoísmo, que os leva a apoderarem-se dos partidos através de autênticos sindicatos de voto. Mesmo assim, qualquer outro regime político potenciaria a corrupção e a incompetência dos autarcas nomeados pelo Poder Central, sem que o povo pudesse substituí-los ou penalizá-los.
Por isso, será necessário existir uma permanente abertura para aprofundar a democracia que temos, tornando-a mais transparente em tudo o que envolva negócios e contratações de pessoal, quer a nível nacional, quer a nível local, mas nada substitui a democracia, como as últimas eleições autárquicas vieram demonstrar, sem margem para dúvidas.

César Rodrigues

Cruz Vermelha de Bragança dedica Outubro ao cuidador informal com debate sobre este estatuto

 O Estatuto do Cuidador Informal pode, muitas vezes, não atender às necessidades de quem goza dele
Por isso, o presidente da Cruz Vermelha de Bragança, considera que é preciso debatê-lo. É o que será feito, ao longo de Outubro, mês que a delegação escolheu para dedicar ao cuidador informal.

O estatuto é dado aos que prestam informalmente cuidados a pessoas em situação de dependência e prevê um subsídio de apoio, direito ao descanso e apoio psicossocial e à integração no mercado de trabalho. Duarte Soares admite que há outras medidas que deviam fazer parte do estatuto.

“Aliteracia para a saúde, a própria saúde do cuidador informal, o acesso atempado e célere a cuidados de saúde para o cuidador informal, a relação com as equipas públicas de saúde e sociais, são alguns exemplos de questões que não estando plasmadas no estatuto são preocupações que fazem com que os cuidadores informais se mostrem incapazes de manter a situação em casa”, referiu.

A Cruz Vermelha de Bragança entendeu que os cuidadores da região precisam de apoio e, por isso, desde o início do ano que tem um serviço domiciliário dirigido a estas pessoas. Duarte Soares quer reforçar o serviço.

“Entendemos que era necessário ter uma equipa de enfermagem de forma permanente com serviço de prevenção, mas sobretudo dirigida a cuidados domiciliários, na área da saúde e social, com assistentes sociais, educadores, sociais, enfermeiros, psicólogos, que pudesse apoiar não apenas o doente em si, mas dar um forte apoio aos cuidadores informais. Temos que ter em atenção que os cuidadores muitas vezes estão tanto ou mais doentes que as próprias pessoas que estão a ser cuidadas. Este serviço já é utilizado por entre 25 a 30 cuidadores”, destacou.

Além de se trazer a debate o estatuto destas pessoas, no dia 22 também vai decorrer uma conferência que junta os especialistas nesta área e os próprios cuidadores. As actividades não ficam por aqui e muitas delas serão dirigidas aos jovens, para que se aproximem da comunidade mais velha.

O propósito da Cruz Vermelha de Bragança é tornar visível a dedicação diária destas pessoas e alertar a população para a importância dos cuidadores na sociedade, já que a delegação considera que é preciso cuidar de quem cuida dos outros.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

Santuário da Senhora da Assunção vai abrir uma escola de música

 O Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Assunção de Vilas Boas, em Vila Flor, vai abrir uma Escola de Música. Será já no próximo dia 9 de outubro e destina-se a organistas paroquiais bem como a curiosos de todas as idades.
A Escola de Música Nossa Senhora da Assunção (EMNSA), sediada num dos mais belos santuários marianos da Diocese de Bragança-Miranda, está a dar os primeiros passos e quer contribuir para a formação dos fiéis que, através da música, queiram servir a Igreja, em cada paróquia e unidade pastoral.

De acordo com o Pe. Delfim Gomes, reitor do Santuário, a EMNSA “oferece não só formação a organistas paroquiais que pretendam melhorar o acompanhamento de cânticos e hinos mas também a curiosos de todas as idades que queiram iniciar o seu percurso neste instrumento”.

Recorde-se que, no último trimestre de 2020, o Santuário adquiriu um órgão de tubos (datado de 1964) à Comunidade Evangélica de Neunkirchen, na Alemanha, tendo o concerto inaugural decorrido no passado mês de maio, com a interpretação da soprano Rosana Orsini e do organista Marco Brescia.

Nesta fase inicial, a Escola de Música propõe quatro cursos (dois de organista litúrgico - nível I e II, um curso livre de instrumento e um curso livre de teoria). As aulas serão em regime presencial e terão lugar aos sábados (09h00 às 12h00 e das 14h00 às 19h00) e aos domingos (09h00 às 12h00). As disciplinas teóricas (formação musical e harmonia) contarão com uma sessão online de acompanhamento no fim de semana em que não decorrem as aulas presenciais.

“A escola está aberta para qualquer pessoa com vontade de aprender e desfrutar da música”, conclui o sacerdote.

SDCS

Inertes do rio Pepim em Aveleda (Bragança) vão ser analisados para serem utilizados na construção civil

Os inertes do rio Pepim, na aldeia de Aveleda, Bragança, vão ser analisados para se perceber se podem ser reutilizados na construção civil
Foi aprovada uma candidatura pelo Fundo Ambiental, para financiar esta investigação, que será feita pelo Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação do Instituto Politécnico de Bragança, em parceria com a União das Freguesias.

“O objectivo é analisá-los, estudá-los, baixar os níveis de metais pesados que os inertes têm, para que possam ser reintegrados na construção civil. Até porque o desassoreamento implica um local para depósito desses inertes, que não temos, e que também não é fácil armazenar esses materiais com quantidade de materiais pesados que têm e integrá-los na construção civil seria uma mais-valia”, explicou o presidente da União das Freguesias da Aveleda e Rio de Onor, Mário Gomes.

A quantidade excessiva de inertes no rio Pepim causa problemas graves aos habitantes da aldeia no Inverno, uma vez que o caudal sobe e provoca inundações. A investigação deve ser feita até Novembro, mas será necessário alargar o prazo.

O autarca acredita que esta é mais uma forma de pressionar o Ministério do Ambiente a arranjar uma solução para o excesso de areia no rio. Mário Gomes quer ainda que seja construída uma represa, mas até agora não há autorização da Agência Portuguesa do Ambiente.

“No projecto também está contemplada a construção de uma pequena represa para reter os inertes e impedir que as represas a jusante se assoreiem. Estamos a ter algumas dificuldades com o licenciamento junto da APA, mas iremos encontrar alguma solução”, explicou.

A candidatura, submetida no âmbito do Programa Juntar+, do Fundo Ambiental, é de 36 mil euros, 32 mil a fundo perdido. A análise dos inertes começará em breve e será feita pelo Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação, do IPB.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

Época venatória está prestes a começar e as montarias estão de regresso

 A época venatória começa já este domingo, embora a caça geral, que engloba espécies como o coelho, a lebre e a perdiz, já tenha arrancado em algumas associações durante o mês de setembro.
As montarias, que haviam sido proibidas devido à pandemia, estão de regresso e não há qualquer proibição para os caçadores, refere João Alves, presidente da Federação das Associações de Caçadores da 1ª Região Cinegética:

“É aconselhável que as organizações, nos eventos com muita gente, como é o caso das montarias, alertem as pessoas para as devidas precauções, pois sabemos que há sempre a tendência, na hora das refeições, de haver maiores ajuntamentos.”

João Alves admite que há uma maior consciencialização por parte da população no geral, especialmente em eventos onde se verificam aglomerados de pessoas:

“Os caçadores, em grande maioria, nunca deixaram de caçar e não foi por isso que os focos de contágio apareceram. Parece-me que, hoje em dia, a maior parte das pessoas está consciencializada da gravidade da situação e, apesar de não haver restrições, as pessoas vão ter os cuidados necessários. Aliás, muitas das pessoas continuam a usar máscara ao ar livre, mesmo sem ser obrigatório.” 

Entretanto, várias freguesias do concelho macedense já têm montarias agendadas. É o caso de Murçós, no dia 16, e Bornes no dia 23 de outubro.

Escrito por ONDA LIVRE

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

REFLEXÕES

Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

“Há muito, muito tempo....”
Não sabia ainda muito bem o que escrever hoje, neste espaço. É que, às vezes, a imaginação foge-nos para longe e parece que se instala numa núvem de preguiça e letargia, de onde não conseguimos arrancá-la facilmente. E por mais que pensemos, as palavras não querem soltar-se para o papel. Mas enfim, consegui dar-lhe a volta.
E tudo porque um dia destes, sem querer, dei comigo a trautear uma canção tão antiga, tão distante da minha memória, que só mesmo o poder do inconsciente poderia tê-la trazido ao de cima. E então, nesse preciso momento, lembrei-me... da minha infância. E, inevitavelmente, por causa daquela canção, recordei-me do meu pai.
Será que teria alguma coisa a ver com a aproximação do Dia do Pai, dia 19 de Março? Talvez... Diriam os mais antigos, sobre estes pequenos acontecimentos aparentemente tão irrelevantes, que são “coisas do destino”. Talvez...
Parei um pouco e deixei que a minha mente fosse invadida por aqueles momentos quentes e com o doce aroma da infância, quando o mundo ainda nos parece tão grandioso e assustador mas, repentinamente, com um simples click, esse susto morre no horizonte porque ali ao nosso lado está aquela mão ainda maior do que o mundo, que faz desaparecer todos os nossos medos e fantasmas de meninos; a mão forte e corajosa daquele pai sempre alerta não vá o “papão levar a minha menina”, porque isso eu não deixo, nem que ele se transforme num dragão que cuspa fogo pela boca. Penso que todos os pais que amam são assim: protectores em constante movimento!
Recordei-me, então, daquelas tardes de chuva, quando não havia muito que fazer (porque agora, as crianças têm muito mais que fazer do que quando eu era ainda menina, mesmo aos fins-de-semana!!!), e eu ficava sentada no sofá da salinha pequena que tinha uma carpete verde escura e um gira-discos muito antigo, daqueles que já nem naquela altura se viam mais em lado nenhum. Mas era um valente gira-discos! Fazia rodopiar os discos com uma precisão de “mão de mestre” e a música saía clara e sonante invadindo o cantinho aconchegante daquela salinha, enquanto, lá fora, a chuva caía lentamente sobre os vidros da janela deixando escorrer gotas enormes que se reflectiam nos meus olhos quando eu as observava com um olhar distante, como se dissesse: “Aqui estou protegida!”.
E passava aquelas tardes inteiras de Sábado a ouvir os velhos discos de vinil do meu pai. Não sei ainda porque é que com 7 ou 8 anos de idade eu gostava tanto de ouvir as músicas daqueles discos. Mas ficava ali quietinha, com as capas dos discos nas mãos e enquanto a música tocava, eu observava longamente as imagens que haviam sido escolhidas para figurar naqueles álbuns. Haviam alguns que eram “sagrados”. Eram os que ouvia mais vezes e a todos eles atribuía um título à minha maneira de criança. Por exemplo, havia um disco da famosa Grande Orquestra de Paul Mauriat, que tinha na capa o rosto de uma linda jovem com um enorme chapéu na cabeça.
Intitulava-se Un Jour un Enfant, mas eu dera-lhe o nome do “Disco da Mulher do Chapéu Verde”. Havia ainda outro intitulado Êxitos Para Dançar (de Shegundo Galarza) com músicas ainda bastante conhecidas actualmente, pelo menos para as pessoas de mais idade, tais como Pop Corn, If I Were a Rich Man ou Um Canto a Galicia. A este eu dera o nome do “Disco da Mulher das Sandálias”, pois que a imagem mostrava uma jovem de cabelos longos, com um curto vestido e umas sandálias com uns saltos enormes, sentada sobre uma velha mesa de madeira.
Também gostava muito de ouvir o tão aclamado Nelson Ned e a sua tocante canção Os Bairros Pobres da Cidade.
Por certo, não seriam músicas ou canções que a maioria das crianças da minha idade apreciariam. Mas eu gostava de as ouvir! E foi por ouvi-las uma e outra, e outra vez, que elas ficaram gravadas na minha memória, penso que para sempre. E trazem-me saudades daquela infância cheia do calor dos carinhos e abraços do meu pai, que muitas vezes, se sentava também ao meu lado a ouvir estas músicas.
Muito provavelmente, as crianças de hoje, um dia mais tarde terão recordações muito diferentes destas que eu tenho agora. Os tempos de lazer e actividades infantis, tal como o tempo disponível dos pais, modificou-se radicalmente em poucos anos. Mas serão sempre recordações belas, grandiosas, de uma vida que se viveu junto de um pai que soube amar e que, embora pouco pródigo em palavras que deixassem transparecer as suas emoções (elas transparecem-se-lhe sempre no olhar...), tinha um rosto que dizia a todo o momento: “Eu estou aqui, filha, sempre que precisares!”.
E lá ficávamos os dois a ouvir a canção dos Green Windows - para quem ainda possa recordar-se, o nome inglês do quarteto 1111 associado a quatro vozes femininas que, após uma audição em público em Portugal, foram convidadas para gravar em Londres títulos originais de José Cid. Chamava-se “Twenty Years” e era a canção que naquela tarde eu trauteava, em murmúrio, e me trouxe há memória esta simples mas tão reconfortante recordação do verdadeiro amor de um pai: “Há muito, muito tempo, eras tu uma criança / que brincava num baloiço e ao pião / tinhas tranças pretas e caçavas borboletas / como quem corria atrás de uma ilusão...(...) Vem viver a vida amor / que o tempo que passou não volta não / sonhos, que o tempo apagou / mas para nós ficou esta canção...



Paula Freire
- Psicologia de formação, fotografia e arte de coração. Com o pensamento no papel, segue as palavras de Alberto Caeiro, 'a espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias'.


Nota de Imprensa | Agrupamento de Escolas de Alfândega da Fé recebe galardão Eco Escolas

 O Agrupamento de Escolas de Alfândega da Fé vai voltar a hastear a Bandeira Eco-Escolas. A edição 2020-2021 distinguiu as escolas do concelho, desde o pré-escolar até ao secundário, com o galardão dedicado à sustentabilidade e boas práticas ambientais.
Esta distinção acompanha a atribuição do galardão Bandeira Verde Eco XXI ao Município de Alfândega da Fé e acontece igualmente pelo sétimo ano consecutivo. Na base de todo o trabalho realizado e apresentado em candidatura ao programa esteve a dedicação e empenho de alunos, professores, funcionários, encarregados de educação e comunidade, que cooperaram para uma comunidade escolar mais sustentável e amiga do ambiente.

O Agrupamento de Escolas de Alfândega da Fé vai voltar a hastear a Bandeira Eco-Escolas. 
A edição  2020-2021 distinguiu as escolas do concelho, desde o pré-escolar até ao secundário, com o galardão dedicado à sustentabilidade e boas práticas ambientais.
O Eco-Escolas é um programa internacional da “Foundation for Environmental Education”, desenvolvido em Portugal desde 1996 pela ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa, que pretende encorajar ações e reconhecer o trabalho de qualidade desenvolvido pela escola, no âmbito da Educação Ambiental para a Sustentabilidade.
Esta distinção acompanha a atribuição do galardão Bandeira Verde Eco XXI ao Município de Alfândega da Fé e acontece igualmente pelo sétimo ano consecutivo. Na base de todo o trabalho realizado e apresentado em candidatura ao programa esteve a dedicação e empenho de alunos, professores, funcionários, encarregados de educação e comunidade, que cooperaram para uma comunidade escolar mais sustentável e amiga do ambiente.
A entrega das Bandeiras Eco-Escolas está prevista para outubro, em Sintra, e decorrerá em formato híbrido (presencial/virtual).

Para mais informações, contactar:
Gabinete de Comunicação
Município de Alfândega da Fé
Telef: 279468120
e-mail: comunicacao@cm-alfandegadafe.pt

Rota das castanhas | Outono em Portugal

 O Outono chegou, com a sua pátina doirada e tapetes de folhas a cobrirem as ruas. A dias de se comemorar o São Martinho, aqui fica uma rota das castanhas, para um magusto caloroso.


Os castanheiros pintam-se de amarelo e castanho, à medida que o Outono avança, os dias ficam mais curtos e as temperaturas pedem lareira. Portugal prepara-se para o Dia de São Martinho (11 de Novembro), em honra do santo que morreu neste dia.

Diz a lenda que, num dia frio e chuvoso, Martinho seguia a cavalo quando encontrou um mendigo. Vendo-o a tremer, cortou o manto com a espada, cobrindo-o com uma das partes. Mais à frente, encontrou outro pedinte, com quem partilhou a outra metade. Sem nada que o protegesse do frio, o soldado romano continuou viagem, mas, nesse momento, as nuvens negras deram lugar ao sol.

A narrativa explica o fenómeno conhecido como “Verão de São Martinho”. Graças a esta melhoria climatérica, temporária e milagrosa, os magustos multiplicam-se um pouco por todo o país, com fogueiras e castanhas assadas (este ano, a pandemia vai arruinar a tradição, snif, snif).

Na verdade, o São Martinho é festejado um pouco por toda a Europa. Em Portugal, para além do magusto, é tradição beber-se água-pé, jeropiga e provar-se o vinho novo. Como diz o ditado popular, “em dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”.

Inspirada no tema de Novembro do 8on8 – Festas e Festivais, preparei uma rota das castanhas por terras com tradição. Sabiam que 80% da área ocupada por castanheiros fica na região de Trás-os-Montes?

Concentram-se sobretudo em volta das Denominações de Origem Protegida (DOP), a saber, Castanha DOP da Terra Fria (distrito de Bragança) e Castanha DOP da Padrela (distrito de Vila Real). Para além de serem produzidos na área geográfica, o fruto tem que ser colhido do chão, sem recurso a métodos mecânicos ou outros para forçar a sua queda da árvore.

Preparem o estômago: é tempo de comer castanhas.

Castanhas no distrito de Bragança (DOP Terra Fria)

Em Bragança, não deixe de visitar o Museu da Máscara Ibérica

O castanheiro está muito presente na paisagem transmontana. Sagrada para os celtas, esta árvore nobre inspirou poetas e autores. Por exemplo, tem presença muito forte na obra de Aquilino Ribeiro, enquanto Miguel Torga diz que se trata de uma árvore com a “idade do mundo”, em Novos Contos da Montanha.

No distrito de Bragança, a castanha é rainha em várias festas e feiras, com destaque para Macedo de Cavaleiros, Bragança (por exemplo, aldeia de Terroso), Vinhais e Vimioso. Vinhais organiza há 14 anos a festa Rural Castanea, para celebrar o produto economicamente mais importante do concelho. A edição de 2020 será online, face ao contexto que vivemos.

Leia também Parque Biológico de Vinhais, um retiro no Montesinho

Em Bragança fica a maior empresa de transformação de castanha em Portugal e uma das maiores da Europa (Sortegel) que, para além de possuir quintas próprias, recebe o fruto de mais de um milhar de produtores locais. Outra curiosidade, que só descobri graças a este post, é que Bragança possui uma oficina da castanha, no centro histórico, com mercearia e até um pequeno museu (na próxima visita vou lá conferir).

#dica: uma vez comi um puré de castanhas em Bragança, que era do outro mundo. Normalmente acompanha pratos de carne mas se, como eu, não for carnívoro(a), pergunte se servem assim mesmo. Para saber um pouco mais sobre o castelo de Bragança, espreite Castelos de Portugal, 8 sugestões encantadoras.

VEJA AQUI A PUBLICAÇÃO ORIGINAL

Ruthia Portelinha

Água e Sangue

Por: Manuel Amaro Mendonça
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...") 

Água e sangue, era o que Estevão tinha na mão naquele momento.

Limpou com um lenço de papel, apressadamente. Sentia-se gelado, com gotas de transpiração fria a perlar-lhe a fronte.

Olhou em volta para os restantes passageiros do avião que o transportava para Nova Iorque, completamente alheios ao seu drama pessoal. Até mesmo o homem gordo sentado na outra fila, para além do lugar vazio a seu lado, dormitava, a cabeça caída sobre o jornal.

Tornou a tossir, mas desta vez para um lenço de papel, que também se manchou de carmim. Engoliu em seco, olhos esbugalhados, fitando incrédulo o conteúdo do papel, que rapidamente amarrotou, enojado e colocou no saco de vómito. Encostou a cabeça para trás tentando controlar a respiração acelerada, enquanto tinha a sensação de que o estômago iria rebentar a qualquer momento.

Que estava a acontecer? — Perguntava-se, prestes a entrar em pânico. — Nunca antes se sentira mal durante uma viagem de avião… o pequeno-almoço no hotel foi normalíssimo. Claro que a tensão em que vivera nos últimos dias… particularmente no último, pode explicar a dor de estômago, a azia e o enfartamento, mas não o sangue na expetoração. Ele sempre fora saudável.

Gradualmente, a respiração voltava ao ritmo normal, enquanto relembrava o objetivo da sua viagem. Finalmente as coisas iam correr bem para ele. Tinha pena de não ter Irene consigo, mas ela estava a tornar-se um peso e os súbitos acessos de consciência estavam a preocupá-lo. Manteve os olhos fechados enquanto lembrava a discussão da noite anterior no quarto do hotel:

***

— É que nem te importaste com o Bernardo, que conheces há tantos anos! — Irene, o longo e fino roupão mal tapando o corpo bem torneado, de que disfrutara pouco tempo antes, apontava-lhe um dedo acusador. — Deixaste-o ficar com as culpas, não eram amigos?

— Amigos, é uma força de expressão, que queres? — Replicou Estevão, voltando-lhe as costas e atirando para o ar um gesto contrariado. — Ele era o segurança, via-o todos os dias e cumprimentava-o… daí a sermos amigos… não lhe fiz mal, nem nada.

— Ele tem mulher e filhos. De certeza perdeu o emprego e pode até ser preso. — Insistiu ela. — Enganaste-o!

— Não sei porque é que estás com esses pruridos todos. — O homem enervou-se e quase lhe gritou aos ouvidos. — Ele também estava disposto a fugir com o dinheiro. Queria lá saber da mulher e dos filhos!

— E por isso, não tiveste problema nenhum em enganá-lo e deixá-lo fechado naquele armário até que chegasse a polícia. — Irene empurrou-o. — Também não tiveste nenhuns escrúpulos em deixar a tua própria mulher e o teu filho "que amavas tanto".

Estevão virou-lhe as costas novamente e dirigiu-se para a janela.

— E o Ferreira que tanto confiava em ti? — Ela não desistia. — Esse sim era teu amigo, por isso deixava-te fazer a contagem do dinheiro sozinho e assinava como se contasse. — Irene pousou os olhos no chão. — Como se sentirá ele agora, sabendo-se enganado, sabendo a forma como te apropriaste do dinheiro e sabendo que vai ter de explicar aos patrões onde estava ele, enquanto tu fugias com o resultado das apostas. Não precisavas de ter escondido aquele dinheiro no carro dele, estava "entalado" que chegasse.

— Nós fugíamos! Nós! — Ele pôs-se ao pé dela de um salto e agarrou-a pelo braço com violência. — Nós, roubamos aquele dinheiro! O Ferreira, o Bernardo, a mulher dele e a minha, foram todos baixas necessárias para atingir o NOSSO objetivo.

— Ainda bem que referes que somos NÓS! — Ela sacudiu-o com violência e tirou um saco de viagem do armário, que atirou para cima da cama. — Vamos pegar nessa mala que levas avidamente para todo o lado e dividir o NOSSO dinheiro! Não vá acontecer alguma coisa…

Estevão abriu a boca para expressar o seu desacordo, mas ela nem olhou para ele, apenas despejou para cima da cama os molhos de notas cuidadosamente cintados.

Dividiram aquela pequena fortuna em silêncio e Irene começou a arrumar a sua parte no compartimento falso da mala de viagem.

— É assim que queres estar comigo? — Rouquejou ele. — Com esta desconfiança?

— E eu posso confiar em ti? — Perguntou Irene. — Traíste tudo e todos… eu serei a próxima, quando te der jeito. Não querias dividir o dinheiro e dormias praticamente com a mala debaixo de ti… queres falar de confiança? — Ela cravou os olhos verdes nos castanhos dele. — Eu não fiz isto por dinheiro, fi-lo por ti, para estar contigo! Estava cega! Estava preparada para passar a vida a fugir, sempre a olhar por cima do ombro, mas de mão dada contigo. Tenho estado a aperceber-me nestes dias que o teu único amor é o que tens aí nesse saco, eu sou apenas a gaja que te ajudou e com quem dás umas quecas.

— Hipocritazinha de m** — Enfureceu-se Estevão. — Tens muita pena dos tansos, mas queres a tua parte! Leva-a e depois desaparece-me da vista. Amanhã de manhã no aeroporto vou trocar o meu bilhete, segue para a Venezuela, eu vou para onde me levar o vento. Espero que sejas feliz. — Torceu a boca com desprezo nestas últimas palavras.

— Por mim, podes ir para o inferno! — Atirou ela, raivosa.

— Irei, descansa. — Confirmou Estevão, a voz quase sumida. — Esperarei lá por ti, se chegar primeiro.

***

Agora, ali sozinho, naquele imenso avião cheio de passageiros, sentia falta dela. A dor lancinante que lhe mordeu o estômago, justificou as lágrimas que verteu. Deixou-se cair de cabeça no assento vazio enquanto relembrava as últimas horas no aeroporto… não precisava ter feito aquilo…

Naquela manhã, assim que chegaram ao terminal, foram tomar café, como dois bons amigos. Sentados na sala de espera, Irene comportava-se como se aguardasse que ele dissesse algo, mas ele estava furioso, não lhe perdoava a desconfiança e… a obrigação de lhe entregar a parte dela. Irene tirou da mala duas pequenas garrafas de água e deu-lhe uma delas com um sorriso triste. "Ficamos assim?" Interrogou. Ele bebeu dois longos golos e atirou a garrafa para o recipiente de reciclagem, ao mesmo tempo que se erguia. "Não tens o que querias?" Acusou, antes de se despedir com um "Fica bem!".

Todo interior do avião parecia estar com as cores alteradas, ardia-lhe a boca e a garganta e sofreu novo ataque violento de tosse.

A última coisa que fizera no aeroporto, após trocar o seu bilhete, foi um telefonema duma cabine. De longe, ficou a apreciar o espetáculo, quando as autoridades rodearam Irene e a manietaram. Não estava perto o suficiente para poder disfrutar do rosto dela quando os agentes abriram a mala e encontraram, não a quantia que ela tinha posto lá, mas apenas a parte que ele deixara; o suficiente para a incriminar.

"Livrara-se dela e dera-lhe uma lição!" Ele sorriu, mas foi incapaz de conter um vômito sanguinolento sobre o tecido da cadeira onde pousava a cabeça.

Tentou erguer-se, mas tudo parecia andar à volta. A hospedeira aproximou-se e olhou-o horrorizada, com a quantidade de sangue ele tinha na camisa e nas mãos. Gotas copiosas, vermelhas, corriam do nariz e dos olhos. Confuso, meteu a mão ao bolso à procura de um lenço e encontrou um envelope. Sem saber como lidar com a sua situação, dedicou a atenção ao achado e viu que tinha o nome dele, com a letra de Irene. Deixando dedadas rubras, abriu-o.

Lá dentro, havia um rótulo de raticida e um post-it onde ela escrevera:

"Só para saberes o que tinha a água que te dei. Sempre vais chegar primeiro ao inferno."

Manuel Amaro Mendonça nasceu em Janeiro de 1965, na cidade de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, a "Terra de Horizonte e Mar".
É autor dos livros "Terras de Xisto e Outras Histórias" (Agosto 2015), "Lágrimas no Rio" (Abril 2016), "Daqueles Além Marão" (Abril 2017) e "Entre o Preto e o Branco" (2020), todos editados pela CreateSpace e distribuídos pela Amazon.
Foi reconhecido em quatro concursos de escrita e os seus textos já foram selecionados para duas dezenas de antologias de contos, de diversas editoras.
Outros trabalhos estão em projeto e sairão em breve. Siga as últimas novidades AQUI.