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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 2 de outubro de 2021

MEMÓRIAS DA ESCOLA - Centro de Educação Especial de Bragança – CASAS COM HISTÓRIA - Parte - I

Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)


Falar sobre o Centro de Educação Especial de Bragança é falar sobre um Centro emblemático por diversas razões que tentarei articular. 
Terminado o curso de especialização de professores de crianças inadaptadas, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa comecei a trabalhar no CEE no ano da sua inauguração em Vale D´Álvaro - Bragança - que aconteceu no ano letivo de 1972/73.
Foi um turbilhão de emoções a abertura de uma Instituição ainda por “decorar” para receber o público alvo que eram os alunos com NEE (Necessidades Educativas Específicas). À época não era a designação usada, mas assumo-a desde já porque a considero a mais inclusiva de todas as classificações atribuídas a esta população em particular.
Nesta abertura de instalações todos fazíamos de tudo um pouco, a começar pela diretora (Dr.ª Helena Serra) que era a primeira a pegar numa cadeira ou outro objecto, quando era necessário colocá-lo no lugar. Hoje, passados mais de 40 anos, considero que esta prática reforçou os laços numa equipa que se estava a construir. Era heterogénea na sua composição e eficaz na consecução do produto final.
As instalações eram agradáveis e o seu funcionamento foi modelo a expandir. Foram recebidas várias direções de outros estabelecimentos do país e estagiários de outros centros.
Todo o pessoal que integrava as equipas de trabalho recebeu formação contínua nas suas respetivas áreas e sempre em Pedagogia. Havia representantes de todos os sectores nas reuniões semanais de análise de procedimentos, desde a secretaria, enfermagem, cozinha, lavandaria, educadoras de estabelecimento, mestres, professores, psicólogo e terapeuta. Trabalhava-se de forma dedicada para responder à população que nos era entregue para cuidar durante o seu desenvolvimento, entre os 6 e até aos 18 anos de idade. 
É essencial reconhecer a direção exemplar do estabelecimento na pessoa da Dr.ª Helena Serra que revelava uma aptidão invulgar para dirigir e um conhecimento alargado na área da educação especial.
Tinha muito a dizer sobre o tanto que aprendi com as pessoas com quem ali trabalhei, mas corro o risco de me esquecer de alguém. Opto tão só por homenagear as pessoas que sei que já partiram. A nossa querida Salomé tão dedicada. A Inês Nogueiro, uma mulher que eu sempre vi com um enorme coração. A Teresa Vara Pires que tanta falta me continua a fazer pelo carinho e proximidade das nossas famílias e pela verticalidade das suas posições.
Reinava um espírito de união e muita responsabilidade. 
Estávamos interessados em que a cidade acreditasse no trabalho que ali se desenvolvia e por isso as portas foram sempre abertas ao público em geral e aos familiares dos utentes e de todos os que ali trabalhavam. 
Foi-se muito mais além, quando a pequena piscina que fazia parte deste complexo, foi aberta às crianças inscritas no (FAOJ – Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis) e que aqui aprenderam a nadar. 
Organizámos um Jardim de Infância para os filhos dos funcionários que ali trabalhavam. O transporte na carrinha da Instituição era-lhes garantido. O meu filho também frequentou este espaço e adorou. A educadora Teresa que os acompanhou era fantástica. Observadora, calma empática com todas as crianças. Obrigada Teresa.

Imagens de uma festa no CEE. Início dos anos 70. Há muita gente conhecida...

Jardim de Infância dos filhos dos funcionários do CEE de Bragança - Início dos anos 70...

Permaneci na Instituição durante cerca de dez anos. Sobre o trabalho que se desenvolveu com os utentes falarei no próximo texto pois merecem ser descritas muitas das atividades e os objetivos das mesmas. A população que aqui se atendia era muito diversificada a nível de idades, patologias, áreas de residência e outras singularidades, por isso as respostas tinham que ser muito diversificadas e cada vez mais inclusivas.  
As instalações e as equipas que trabalham hoje neste Centro têm que se reinventar sistematicamente para atender às complexidades das populações que são admitidas a partir dos 18 anos e revelam necessidades de diferentes etiologias.

Setembro de 2021

Maria dos Reis Gomes
, nascida e criada em Bragança.
Estudou na Escola do Magistério Primário em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
Sempre focada no ensino e na aprendizagem de crianças com NEE (Necessidades Educativas Específicas) leccionou no CEE (Centro de Educação Especial em Bragança). Já no Porto integrou o Departamento de Educação Especial da DREN trabalhando numa perspetiva de “ escola para todos, com todos na escola). Deu aulas na ESE Jean Piaget e ESE Paula Frassinetti no Porto.
A escola, a educação e a qualidade destas realidades, são os mundos que me fazem gravitar. Acredito que, tal como afirmou Epicteto “ Só a educação liberta”. Os meus escritos procuram reflectir esta ideia filosófica.

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