sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
ANO VELHO
Necessito sorver o sossego necessário e agudo que tanto suspiro.
Por dentro do meu desejo há uma dança imperecível, que me abana e me sacode o espirito novo.
Enquanto cinjo uma pálpebra de rosa branca em furor insano, a verdade surgirá dentro do beijo.
O ano velho e moribundo transformar-se-á em novo refúgio e sagradas maravilhas.
No despertar de um sonho, sempre posso ir, sempre posso lá chegar, sempre posso alcançar.
Necessito que olhos brilhantes, braços aconchegantes cheguem ao beijo e fiquem.
Idoso ferido em atropelamento na Rua Emídio Navarro em Bragança
Segundo informações dos Bombeiros Voluntários, a vítima sofreu ferimentos considerados ligeiros quando estava a entrar para a sua viatura, estacionada naquela artéria, e foi atingida pelo espelho de outro carro que circulava na altura, fazendo-a cair.
O socorro envolveu seis operacionais e três viaturas da corporação de Bombeiros e da PSP.
Camões e a Universidade de Trás-os-Montes
Aí começou por afirmar que a «segunda metade do século XX foi um tempo áureo para os estudos camoneanos em Portugal». E acrescenta que «um conjunto de estudiosos buscou aprofundar os temas capitais da obra de Luís de Camões, cabendo uma justa referência ao Doutor Álvaro Costa Pimpão que organizou a edição d’Os Lusíadas de 1972, a mais cuidada no contexto e, porventura, a mais acessível ao grande público. Outros camonistas lusos merecem ser referidos, como os extintos Doutores Hernâni Cidade, António Salgado Júnior, Bernardo Xavier Coutinho, José Borges de Macedo, António José Saraiva e Jorge de Sena; e entre os vivos: José Pina Martins, Américo da Costa Ramalho, Aníbal Pinto de Castro, Justino Mendes de Almeida e Maria Vitalina Leal de Matos. A todos estes se deve um contributo inovador, tanto no plano da épica como no da lírica, para a compreensão da Obra do nosso Poeta maior».
Afirma Veríssimo Serão que «no tocante aos marcos da sua biografia, não têm sido tão acentuados os progressos da investigação, como se os manes de Camões persistam em não revelar os segredos que lhe cobriram a existência. Mantêm-se as incertezas quanto ao ano preciso em que o Poeta veio ao mundo e nada se avançou quanto ao local do nascimento». E remata este fator telúrico, para ajuizar da incerteza que se teve até 1978, ano em que José Hermano Saraiva publicou «A Vida Ignorada de Camões».
Sabe-se, com alguma segurança que nasceu entre os anos 1517 e 1527. Mas continua por apurar o local em que Camões teria aberto os olhos ao mundo.
No prefácio da Revista Aquae Flaviae que venho citando, o autorizado catedrático de História escreve que «não oferece hoje dúvida nenhuma de que a família de Camões era oriunda da Galiza e que o primeiro ramo se instalou em Portugal no tempo das guerras de D. Fernando, com Castela. Por serviços prestados ao monarca, foram concedidas a Vasco Peres de Camões, as «alcaidarias-móres de Portalegre e Alenquer. E foi através desse tronco que surgiram os três ramos que nos séculos XV e XVI se expandiram pelo país.
Um desses ramos deixou-se ficar por Trás-os-Montes, em torno da região de Chaves, pelo que era totalmente desconhecido que nele se localizava a célula geradora do sublime cantor d’Os Lusíadas, afirma Veríssimo Serrão que adianta nessa fonte: «o mérito da revelação do tronco de Vilar de Nantes fica a dever-se ao Brigadeiro José Guilherme Calvão Borges; e pode considerar-se um marco em branco na história da camonologia nacional». E esclarece mais: «a circunstância de se fixar documentalmente a sua árvore direta, conduz ao melhor conhecimento dos laços familiares de Luíz Vaz de Camões». E explica o valor deste elemento que faltava e que «só um autor com excelente preparação na área da Genealogia e da Aeronáutica, como foi esse Brigadeiro militar, lhe permitiu abrir clareiras na floresta de arquivos que foi o laboratório da sua investigação. Os temas flavienses tornaram-se, assim, o fio condutor de uma série de estudos que fazem de A família Flaviense de Luíz Vaz de Camões uma coletânea bem fundada, com um suporte erudito notável e com revelações em quase todas as páginas».
Ao elenco dos muitos e qualificados especialistas, aqui citados, que esbarravam com a falta de um elemento fundamental e que eram os laboratórios da Aeronáutica e da Genealogia, respondeu Veríssimo Serrão com essas ferramentas que o Brigadeiro Calvão Borges reuniu no livro publicado em 1974, o qual «constitui um repositório de nomes e de datas acerca dos familiares do Poeta Camões que tiveram ligações a Vilar de Nantes, em Chaves». Com base nesses documentos, afirma Veríssimo Serão que Antão Vaz de Camões e Guiomar Vaz residiram em Vilar de Nantes, foram avós paternos de Luíz Vaz de Camões e que aí nasceram, assim como outros filhos. Foram esses filhos: D. Bento de Camões, que foi Prior de Santa Cruz de Coimbra; D. Mécia Vaz de Camões que casou com Álvaro Anes de Freitas, escrivão em Montalegre; Miguel Vaz que foi juiz dos órfãos em Chaves; Manuel Gomes que era da «Governança» da mesma Vila e Simão Vaz de Camões que casou com D. Ana de Sá (ou de Macedo) de família nobre de Santarém e foram os progenitores do Poeta.
Em artigo posterior prometo adiantar novas revelações nos dois livros do Brigadeiro José Guilherme Calvão Borges, natural do concelho de Chaves. Um desses livros chamou-se A Família Flaviense de Camões, publicado em 1974 ; e em 1978 publicou Os Camões Flavienses onde conclui que os avós paternos de Luís de Camões residiram em Vilar de Nantes, desde 1504. Antão Vaz faleceu entre 1526 e 1530. Sua mulher Guiomar sobreviveu. Informa nesta obra que os filhos do casal eram pessoas muito letradas: um formado em Coimbra e outros (?) em Braga e em Salamanca.
As razões deste artigo
Dia 5 de Novembro último a UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), na minha perspetiva, pensando que cometeu uma proeza, praticou um ato de profunda humilhação para com os muitos e qualificados escritores Transmontanos. Num primeiro texto de direito à indignação, como bem o enunciou Mário Soares, fiquei irritado. Não contra a UTAD que respeito, mas contra quem, nessa decisão, ignorou os direitos dos Transmontanos e Alto Durienses.
Sempre as populações desta Província foram relegadas pelos poderes públicos para ultíssimo lugar. Foi difícil, muito difícil, reivindicar a mudança do Politécnico em Universidade. Foram invocados esses apoucamentos e desconsiderações seculares para que, em tempo democrático, essas populações deixassem de ter de sair da Província para estudar, fora dela. Transformar a UTAD em «Catedral Saramago», ignorando tantas e tantos escritores, artistas e cientistas transmontanos, de facto e de direito, aceitar como verdadeira, para todos os efeitos legais, sem carimbos confirmantes, sem escritura pública, sem provas científicas, é leviandade a mais, porque ninguém pode dar aquilo que não tem. O facilitismo e a misancene fazem lembrar os assaltos à banca pública ou os acidentes com governantes que viajam em carros confiscados, mandam no Estado, mas são ilibados porque os ministros, quando em viajem, são meros passageiros.
Invoco, pela primeira vez na vida, a minha formação filosófica e de mestre em cultura Portuguesa, para reprovar que a UTAD seja ofuscada com a «Catedral José Saramago», como já consta nas «entradas do Google». Adivinha-se que, por este andar, vai deixar de pronunciar-se «a Universidade de Trás-os-Montes» por troca com a «Catedral de Saramago».
Ferreira de Castro, Miguel Torga, Guerra Junqueiro, Trindade Coelho, Camilo Castelo Branco, Abade Baçal, esses sim, para falar apenas nalguns daqueles que já não se servem da baixa política para tomar decisões. Nenhum desses fugiu de Portugal, antes deixaram, todos eles, copiosos tesouros de literatura e arte sem fronteiras.
Associação do Douro Superior quer ter 3 municípios nos sistemas de saúde de Vila Real
“Ponho em causa se os concelhos de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Carrazeda de Ansiães [distrito de Bragança] devem continuar a pertencer à Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste. Desde logo, estes municípios, não têm a participação nem a votação para indicar qualquer membro da direção da ULS Nordeste e com nova territorialização, já que pertencem à CIM Douro, deveriam estar adstritos a Vila Real e não a Bragança”, explicou à Lusa Nuno Gonçalves.
A ULS do Nordeste abrange 12 concelhos do distrito de Bragança, dos quais nove pertencem à Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes, e três à do Douro.
“A legislação em vigor retira a estes três concelhos a possibilidade de ter qual papel interventivo na estrutura própria da ULS Nordeste”, vincou o também presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, o social-democrata Nuno Gonçalves.
A posição tomada pelo autarca surge após uma nota divulgada pela AMDS, em que dá conta de que os oito concelhos que a integram vão reivindicar ao governo o alargamento do horário dos centros de saúde da sua área de intervenção, que abrange nove concelhos do distrito de Bragança e Guarda, durante mais duas horas, passando o encerramento das 22:00 para as 00:00.
“Esta proposta de alargamento do horário foi feita pelo presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, Nuno Ferreira, na última assembleia intermunicipal, e dizia respeito ao centro de saúde desta vila, e mereceu aprovação por unanimidade por parte de todos os autarcas da área da associação”, indica a AMDS, em comunicado.
Com esta medida pretende-se que as populações que residem em concelhos em que os centros de saúde encerram às 22:00 possam ter acesso alargado, até às 00:00, a cuidados básicos de saúde, que possam ser prestados no próprio concelho de residência”, refere a mesma nota.
Nuno Gonçalves refere, ainda, estar solidário com o autarca de Freixo de Espada à Cinta, acrescentando que já algum tempo que tem vindo a afirmar o “descontentamento da forma como estes três municípios participam na gestão da ULS Nordeste”.
“Temos de rumar, de uma vez por todas para os poderes da situação territorial de cada município. Provavelmente, estes três municípios ficavam melhor integrados em Vila Real”, indicou o autarca transmontano.
A AMDS tem sede no concelho de Torre de Moncorvo e, para além deste município, esta estrutura intermunicipal integra os concelhos de Carrazeda de Ansiães, Miranda do Douro, Mogadouro e Freixo de à Espada, no distrito de Bragança, bem como Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo e Mêda, da Guarda.
Hotéis da região com prejuízos avultados devido ao cancelamento de reservas por causa das restrições pandémicas
Nalguns casos nem chegou a haver marcações, devido às restrições implementadas logo no início do mês. Os empresários da região falam em prejuízos avultados. Em Bragança, no hotel São Lázaro, havia um programa para a viragem do ano, mas foi cancelado por não ter procura. Segundo o gerente, Marcel Silveira, as poucas reservas que existem são de pessoas que vêm em trabalho.
“Todas as reservas que eu tinha foram canceladas, depois as pessoas começaram a marcar aos poucos. Não para o réveillon, mas pessoas que vêm trabalhar. Estamos com uma média de 3% de taxa de ocupação”, disse.
Para ficar no hotel e estabelecimentos de alojamento é obrigatório apresentar teste negativo à covid-19, para além do certificado de vacinação. No hotel Grande D. Dinis, em Mirandela, cerca de 100 reservas foram canceladas. O responsável, Rui Patatas, afirma que a exigência de teste negativo afasta os clientes.
“Já nos tem acontecido as pessoas chegarem aqui ao balcão, pedimos o teste ou para fazerem o teste aqui e as pessoas vão se embora. Isto está a afastar um bocado os clientes, porque há pessoas que não querem fazer”, referiu.
No hotel Muchacho, em Macedo de Cavaleiros, o cenário é idêntico. Duarte Pinto, proprietário do estabelecimento, diz que as medidas restritivas não vêm em boa altura, visto que a passagem do ano era sinónimo de facturação.
“É sempre uma boa altura para facturar, nem tanto no Natal, porque é um bocado mais com a família, mas durante a passagem de ano nós tínhamos sempre uma boa ocupação e nós estamos a menos de metade do que era expectável em condições normais”, afirmou.
Junto à fronteira, em Miranda do Douro, nem os espanhóis procuram os alojamentos nesta altura. Paula Domingues é proprietária de um alojamento local e admite que devido às restrições nem reservas teve.
“As reservas este ano têm sido sempre em cima da hora, mas agora não há reservas, não há gente, não há ninguém”, frisou.
Alguns alojamentos locais nem sequer chegaram a abrir tendo em conta a evolução da pandemia. Os empresários mostram-se revoltados com os prejuízos ou não facturação provocados pelas medidas de combate à pandemia.
Eleições na Caixa de Crédito Agrícola do Alto Douro foram adiadas e lista que se propunha concorrer foi rejeitada
Ainda houve votação de alguns dos pontos na Assembleia Geral de terça-feira, mas acabou por ser suspensa e as eleições adiadas para o próximo dia 10 de Fevereiro.
Já a lista que se propunha concorrer, liderada por Mário Abreu Lima e que inclui Jorge Nunes e Fernando Peixinho, acabou por ser rejeitada pela Comissão de Avaliação. Mário Abreu Lima diz que não entende a justificação dada para a rejeição da lista.
“É produzido um conjunto de análises relativamente à nossa lista que levam à não-aceitação por falta de adequação e experiência. Uma das pessoas que não é aceite é uma técnica que trabalhou na Caixa central, na Caixa Geral Depósitos, no Santander, fez parte do grupo que criou o banco CTT. Não serve para a Caixa de Bragança?”, questionou.
O mandatário criticou ainda a falta de transparência em todo o processo.
“Foi estranho também a substituição da presidente da Comissão de Avaliação. A presidente da CAV anterior teria já produzido indicações de não adequação ao presidente actual e é substituída por doença em pleno período de avaliação das listas em si. É estranho que a lista deles não seja observada ou não haja relatório publicado. Todo este tipo de situações são realmente complicadas e estranhas e era contra este tipo de espírito, fechado, quase oligárquico, que nós queríamos quebrar”, afirmou.
Segundo informação da administração, na reunião dos associados desta semana a lista opositora à do actual Conselho de Administração propôs que a discussão dos pontos da ordem de trabalhos não decorresse, o que acabou por não ser aceite. Assim sendo foi aprovado o Plano de Actividades e Orçamento para 2022, com 83 votos a favor, 76 contra e 4 abstenções.
Orçamento de "contenção" de Macedo de Cavaleiros ronda os 29 milhões de euros
O valor inicial previsto é de 29 milhões 290 mil euros, cerca de quatro milhões a menos que o aprovado para o exercício de 2021.
Deste valor, 20 milhões 874 mil são destinados às grandes opções do plano.
O presidente da câmara, Benjamim Rodrigues, fala de um orçamento de continuidade.
“Há obras estruturantes muito caras que vão continuar este ano e temos de suportá-las financeiramente com a nossa contribuição, pois há fundos comunitários envolvidos, mas há sempre verbas comparticipadas pelo município. Há ali um empréstimo já formalizado a curto prazo, também hoje aprovado em assembleia, e mediante o mesmo iremos fazer um suporte financeiro ao investimento global. É um orçamento de contenção, não era o que desejávamos”, explicou o autarca.
O autarca destaca os principais pilares das opções do plano para o próximo ano. “Essencialmente tudo o que é infra-estrutural. A educação também é um dos pilares importantes, a formação, também os recursos humanos, os investimentos em todas as áreas que dizem respeito às acessibilidades, ao turismo, ao desenvolvimento económico e zona industrial que vai ter um investimento de mais de um milhão”, disse.
A bancada do PSD ficou desagradada por não ver incluídos investimentos para seis freguesias do concelho, o que justificou a abstenção de grande parte dos deputados, justificou o deputado social-democrata, José Madalena.
“Terei que referir a surpresa muito desagradável de ver que em seis freguesias que não são contempladas com qualquer investimento, cinco são do PSD. Falamos de Corujas, Macedo, Chacim, Vale Benfeito, Castelão e Lombo. Em função do que nos é apresentado, a posição do PSD vai ser de abstenção relativamente a este orçamento”, frisou.
Benjamim Rodrigues afirma que a oposição viu o orçamento de forma errada.
Do orçamento ontem aprovado, cerca de 11 milhões de euros são destinados ao Plano Plurianual de Investimentos e 10 milhões ao Plano de Actividades Municipal.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Cabeceira românica da igreja de Castro de Avelãs (Bragança) – Singular românico de ladrilho em Portugal
Igreja de Castro de Avelãs
A Igreja de Castro de Avelãs é um outro local que deve conhecer no seu roteiro do românico do Nordeste Transmontano.
Em dois dias pode visitar com serenidade este rico património onde também se integram alguns castelos e suas torres de menagem como (Algoso, Ansiães e Penas Róias) e ainda a igreja românica das Malhadas em Miranda do Douro e a igreja de São facundo em Vinhais. Sem dúvida que aqui temos um magnífico conjunto que mereceria ser englobado num pacote turístico singular.
O Mosteiro de Castro de Avelã foi um grandioso monumento que o tempo e a incúria dos homens aos poucos foram desmantelando. O cenóbio beneditino que já existia no século XII e era uma farta instituição, desfrutadora de múltiplas rendas. Quiçá esta fosse a instituição religiosa mais poderosa de Trás-os-Montes durante o período medieval.
Em Março de 1387 o mosteiro recebeu como hóspede o duque de Lencastre, com a sua comitiva, na antevéspera do seu encontro com D. João I, no planalto de Babe, no âmbito do casamento da sua filha -D. Filipa de Lencastre – com o rei português. O duque inglês fazia-se escoltar de um milhar de guerreiros, alguns deles experimentados na célebre batalha de Crécy.
O mosteiro foi extinto por uma bula do papa Paulo III, datada de 1543, e vinculado à recém-criada diocese de Miranda do Douro. A mudança dos bens fez-se no ano seguinte, ficando a sua administração entregue aos frades do mosteiro, com a obrigação de enviarem para a Sé mirandesa o quinhão das rendas estipulado. As dependências do mosteiro foram derribadas e alguns dos materiais reaproveitaram-se em empreitadas de carácter religioso que sucediam na cidade de Bragança.
Com o suceder do tempo, o mosteiro e a igreja de Castro de Avelã foram votados ao abandono e praticamente desapareceram, exceção feita à notável cabeceira românica da igreja.
A Cabeceira românica da Igreja de Castro de Avelãs é singular em Portugal
A cabeceira da igreja do Castro de Avelãs é composta por três capelas redondas -uma ábside e dois absidíolos – em estilo românico-mudéjar. A singular cabeceira é revestida a tijolo ladrilhado, e rematada por fiadas de tijolos em ziguezague. A capela-mor apresenta três registos de arcadas cegas, com duas frestas nas arcadas inferiores. Os absidíolos apresentam dois registos de arcadas cegas. A utilização exclusiva do tijolo no crescimento das paredes e o continuado preenchimento das superfícies curvas das paredes com arcadas cegas, três registos na capela-mor e dois nas colaterais, relacionam esta construção com outras de estilo mudéjar que se ergueram em terras de Leão e Castela, especialmente no importante foco de Sahagun com destaque para a Igreja de S. Lorenzo de Sahagum e em geral, na região compreendida entre Toro e Segóvia. A igreja de Castro de Avelãs foi gizada para ter naves de três naves que, provavelmente, não chegou a alcançar.
Posteriormente, já no século XVIII, foi-lhe acrescentada uma nave retangular, com a sacristia adossada ao absidíolo esquerdo.
O misterioso túmulo do Conde de Ariães
No interior de um dos absidíolos, agora aberto no exterior, abriga-se em interessante arcaz tumular granítico, com tampa de formato prismático onde se inscreve uma data trecentista e que se crê ser o de dom Nuno Martins de Chacim, um homens poderosos de Trás-os-Montes e até mesmo do reino de Portugal no século XIII. Por exemplo Foi um Rico-homem e aio do Rei D. Dinis, teve a tenência de Bragança entre 1265 e 1284. Exerceu em 1261 e 1276 o cargo de Meirinho-mor e entre 1279 e 1284 foi Mordomo-mor da casa de D. Afonso III de Portugal.
São ainda lendárias as suas usurpações forçadas e em sangue para conquistar o séquito e poderio que alcançou em vida. Dom Nuno também era conhecido como o Conde de Ariães.
Antes de terminarmos o nosso périplo pela igreja de Castro de Avelãs, quero deixar-lhe apenas mais algumas anotações:
- Repare leitor amigo, numa estranha torre gótica quadrangular com cerca de uma dezena de metros de altura, em alvenaria de granito, rematada por um campanário com um sino, que faria parte das instalações monacais. A torre era mais alta e, na parte terminal do século XVIII e começos do século XIX, diminuiu-se-lhe a altura e adaptou-se-lhe um modesto campanário. Adjacente a esta construção está a residência paroquial que dada ao desleixo, preserva nos seus baixos vestígios românicos
Os Guardiões do Mosteiro de Castro de Avelãs
- O adro é murado e acedido frontalmente por portão férreo, rematado por cruz latina, flanqueado por pilares de cantaria de granito, encimados por duas figuras zoomórficas, deitadas, talvez leões que parecem guardar todo aquele conjunto. Os Leões estão associados à força e nobreza. É comum encontrá-los nas entradas principais de templos religiosos exercendo a função de guardiões do templo, como se alertassem o observador que aquele local é sagrado e restrito. Na bíblia, pode assumir um caráter positivo (como o leão de Judá, os leões do trono de Salomão ou o leão de São Marcos) ou ter uma imagem negativa, como os leões que Daniel tem de enfrentar. Estranho é todos os roteiros turísticos que li não fazerem referência a tal facto.
Em escavações arqueológicas recentes num terreno agrícola contíguo à Igreja de Castro de Avelãs, foram descobertos o claustro, as alas conventuais e algumas salas do antigo Mosteiro Beneditino, que terá sido erguido na aldeia durante o século XIII. Os arqueólogos também encontraram espólio da Época Romana, que estariam relacionados a via que ligava Braga a Astorga e que passaria próximo desta zona onde, posteriormente, foi construído mosteiro. Entre os vestígios encontrados destaca-se objetos de cerâmica, moedas e uma lápide funerária que remontam à época entre os séculos I e V.
Estas escavações podem agora ser observadas com alguma minúcia no lugar. Todo este espaço deveria ser transformado num espaço museológico para ativar a aldeia através do turismo cultural.
– Um conselho que lhe dou amigo viajante é que quando visita um lugar destes deve reparar em redor, nos montes, porque em alguns deles podem existir os chamados castros, com valor para a sua imaginação e mais ainda para estima dos cientistas. É o caso deste lugar.
Castro de Avelãs seria a capital dos Zoelas?
Também um morro aqui perto designado por “Cabeço do Castro (ou “Torre Velha”, microtopónimo que desde logo alertará para antiga e desaparecida construção defensiva de certa imponência) tem vindo a surgir, desde o último quartel do século passado numerosos e valiosos testemunhos arqueológicos de época proto-histórica (Idade do Ferro, sobretudo) o do domínio romano, abrindo-se ainda a possibilidade de o local manter uma continuidade ocupacional ao longa da Alta Idade Média. São particularmente numerosos e interessantes os achados epigráficos de época romana, respeitantes ao antigo povoado fortificado castrejo e suas imediações: umas sete ou oito estrelas funerárias (ou fragmentos das mesmas), três marcos miliários e outras tantas aras votivas (materiais depositados, em grande maioria, no Museu Abade de Baçal, embora uma ou outra peça se exponha em Guimarães, no Museu da Sociedade Martins Sarmento).
Numa das aras surge o nome do povo dos Zoelas, se assim esta importante povoação poderia ser a capital dos Zoelas, grande povo fazedor de linho, já referido por Plínio, povo que nos deixou estelas funerárias decoradas com suásticas circulares, simbolizando o Sol, e com desenhos de animais como o porco e o veado.
Original AQUI.
Trilho da Ribeira de Ornal (PR4 Vilarinho)
Para além das belezas naturais, pelo caminho terá a oportunidade de ver vários moinhos comunitários de rodízio, visitar a capela de Santo Amaro (construída no local onde outrora se situava um povoado fortificado da Idade do Ferro) e até mesmo ir a banhos no prazenteiro açude junto à histórica ponte sobre o rio Baceiro.
Municípios do Douro exigem ao Governo alargamento do horário dos centros de saúde
"Nunca teremos qualquer tipo de problema em investir financeiramente em tudo o que seja inerente à educação e saúde"© Rui Manuel Ferreira/Global Imagens |
A Associação de Municípios do Douro Superior, do distrito de Bragança, vai exigir ao Governo o alargamento do horário dos centros de saúde até às 00h00, o que implica o aumento em duas horas do período de funcionamento.
A ideia partiu do presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta. Nuno Ferreira explica, em declarações à TSF, que "as pessoas do concelho de Freixo de Espada à Cinta, quando têm de ir ao centro de saúde depois das 22h00, têm de se deslocar para fora do concelho, ou seja, terão de ir a Mogadouro, que fica a 45 minutos".
Longe dos grandes centros hospitalares, os dois municípios saem prejudicados. "Aquilo que pedimos é justiça para o nosso concelho, e, sobretudo: fala-se tanto do interior. Mais do que falar do interior, é preciso praticar o interior, com medidas de aproximação e políticas de proximidade para a nossa população", salienta o autarca Nuno Ferreira, que garante que esta é uma prioridade do executivo camarário. "Nunca teremos qualquer tipo de problema em investir financeiramente em tudo o que seja inerente à educação e saúde. Nem que digam que em um mês só vai um dois utentes ao centro de saúde, é preferível isso e saber que a população está em segurança, que até à meia-noite tem consulta aberta e não tem de se deslocar ao exterior."
O presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta conseguiu o apoio dos restantes autarcas do Douro Superior para fazer esta exigência ao Governo.
Um cheque contra o despovoamento do Interior. Câmaras dão prémio para incentivar natalidade
Fernando Queiroga distribui os cheques de mil euros Foto Câmara de Boticas |
Os autarcas admitem que nenhum casal decide ter um filho para receber mil euros da Câmara. No entanto, os apoios à natalidade são como que um prémio a quem permanece na terra, resistindo à saída para procurar vida melhor noutro sítio.
No concelho de Vimioso, o presidente da Câmara, Jorge Fidalgo, refere que, quando a autarquia decidiu apoiar os nascimentos, fê-lo para "alertar o governo central para o grave problema demográfico" que afeta concelhos como o seu. "Temos uma grande área, mas uma baixíssima densidade populacional", explica.
Fidalgo está convencido de que, "enquanto não existirem políticas direcionadas para estes territórios", vai ser "muito complicado contrariar o problema" geral de despovoamento. Para este contribuem outros mais específicos, como a falta de ensino secundário. "Dificulta muito a fixação de pessoas e é incompreensível", critica o presidente do município de Vimioso. Acrescenta que, "a partir dos 15 anos, os jovens têm de sair do concelho para poderem frequentar a escolaridade obrigatória, uma vez que o Governo não lhes dá a possibilidade de o fazerem na sua terra". A situação traduz-se num "verdadeiro fardo para as famílias".
O presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, diz que estão a ser desenvolvidas políticas que promovam a criação de emprego para que as pessoas não vão embora do concelho. Porém, está convencido de que, "se o Terreiro do Paço olhasse para o país de forma equitativa", em termos de investimento público, seria mais fácil evitar o despovoamento do Interior.
Queiroga dá o exemplo da Linha SNS 24. "Porque é que tem de ficar na periferia de Lisboa e não pode vir para um dos concelhos do Interior?" O autarca sugere que os "dois mil enfermeiros deste serviço criariam uma grande dinâmica à volta" do local onde o serviço estivesse instalado, "aumentando o número de nascimentos".
Em Carrazeda de Ansiães, onde as ajudas à natalidade variam entre os 500 euros para o primeiro filho, mil euros para o segundo e 1500 euros a partir do terceiro, o presidente da Câmara, João Gonçalves, salienta a "diminuição de serviços públicos" como um dos convites à saída dos residentes para outras paragens. Acrescenta-lhe o "menor investimento público" para criticar que são "sinais dados às pessoas e às empresas" que "têm de ser contrariados pelos municípios".
No caso de Carrazeda de Ansiães, os apoios à natalidade são atribuídos apenas a famílias carenciadas. João Gonçalves destaca outros, nomeadamente ao nível dos impostos. "Tentamos levar a fiscalidade ao mínimo possível, precisamente para contrariar o facto de sermos um país com uma das maiores cargas fiscais dos países europeus", sublinha.
A Câmara de Vimioso começou a apoiar a natalidade no concelho em 2002. Desde então já investiu mais de 700 mil euros. Por cada bebé que nasce a Câmara dá um cheque de mil euros aos pais. Este ano foram 17. Depois paga as vacinas não comparticipadas, com um custo de 400 a 500 euros por bebé, e continua a ajudar até ao ensino superior. A partir de 2022, a frequência da creche vai passar a ser gratuita, o que vai custar à Câmara 25 mil euros por ano.
Mesmo sabendo que estas ajudas não são suficientes para travar a saída de pessoas do concelho, o presidente Jorge Fidalgo nota que "vão continuar", porque "aqueles casais que continuam a viver, trabalhar e a constituir família em Vimioso merecem este esforço e reconhecimento por aquilo que têm feito".
Em Boticas, onde este ano nasceram 17 crianças, a Câmara já investiu 400 mil euros em 12 anos de ajudas à natalidade. Além dos mil euros por nascimento, os pais ainda recebem 50 euros mensais, entre os três meses e os três anos do bebé. Para o autarca, Fernando Queiroga, "é uma forma de premiar os resistentes que continuam a acreditar no concelho". Se assim não for, dentro de alguns anos, Boticas poderá ser um município "muito bonito, mas sem gente".
Apesar de todos os apoios à natalidade, nestes pequenos concelhos transmontanos a tendência é para continuarem a envelhecer e a perder população.
"Teste do Pezinho" revela maior quebra de nascimentos de sempre em Portugal
Os dados do PNRN, conhecido como "teste do pezinho", indicam que nos primeiros onze meses deste ano nasceram 72.316 crianças, menos 6.058 face ao período homólogo de 2021 (78.374).
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o maior número de bebés rastreados observou-se nos distritos de Lisboa e do Porto, com 21.485 e 13.435 testes efetuados, respetivamente, seguidos de Setúbal (5.425) e Braga (5.322).
Por outro lado, Bragança (466), Portalegre (533) e Guarda (576) foram os distritos com menos recém-nascidos analisados.
O Programa Nacional de Rastreio Neonatal, coordenado pelo INSA através da sua Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, do Departamento de Genética Humana, realiza desde 1979 testes a algumas doenças graves em todos os recém-nascidos.
O painel das doenças rastreadas é constituído por 26 patologias: hipotiroidismo congénito, fibrose quística e 24 doenças hereditárias do metabolismo.
O exame consiste na recolha de gotículas de sangue no pé dos recém-nascidos para permitir diagnosticar as doenças, que clinicamente são difíceis de identificar nas primeiras semanas de vida, e que mais tarde podem provocar deficiência mental, alterações neurológicas graves, alterações hepáticas ou até situações de coma, refere o INSA.
O exame deve ser realizado entre o terceiro e o sexto dia de vida do recém-nascido, porque antes do terceiro dia os valores dos marcadores existentes do sangue do bebé podem não ter valor de diagnóstico, e após o sexto dia alguns marcadores perdem sensibilidade, havendo o risco de atrasar o início do tratamento.
Todos os casos positivos são posteriormente encaminhados para a rede de Centros de Tratamento, sediados em instituições hospitalares de referência.
Mogadouro aprova Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios
“Trata-se de um documento estratégico e obrigatório para a defesa da floresta contra incêndios. Sendo obrigatório, a relevância do parecer vinculativo do ICNF foi extremamente importante”, disse à Lusa o presidente da câmara de Mogadouro, António Pimentel.
Em nota divulgado pela autarquia, do distrito de Bragança, no seu sítio oficial na internet, pode ler-se que "em setembro passado o município de Mogadouro foi incluído na lista das 59 câmaras que não tinham cumprido com a entrega do PMDFCI até à data imposta pelas autoridades para o efeito - 31 de março de 2021, correndo, por isso, o risco de sofrer cortes no seu Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF)".
“Quanto ao corte de verbas no FEF, tenho dúvidas de que possamos chegar a esse ponto pela ausência do PMDFCI e certamente que estaria atento a essa circunstância”, explicou o autarca.
Sandra Sarmento, diretora regional do Norte do ICNF, destacou a importância de conclusão do processo de atualização do PMDFI de Mogadouro.
“Trata-se de um instrumento de planeamento estratégico fundamental para este território, face à sua vulnerabilidade, neste momento de transição para os novos programas de execução municipal”, vincou.
António Pimentel já havia igualmente sinalizado a apresentação e a aprovação do PMDFCI de Mogadouro como uma prioridade, não só para eliminar o risco de cortes de financiamento para o município, mas também pela importância deste documento no estabelecimento de estratégias, ferramentas e metodologias no combate aos incêndios no território deste concelho.
Mogadouro com um orçamento de 23,5 milhões de euros para 2022
“É um documento ambicioso porque foi construído para responder aos compromissos assumidos com os mogadourenses, no quadro de uma estratégia de desenvolvimento pautado por imperativos de equidade, coesão e competitividade para todo o concelho de Mogadouro. Responsável porque se acolhe nos termos da Lei”, explicou à Lusa o presidente da câmara, António Pimentel.
O autarca social-democrata frisou ainda que se trata de um orçamento solidário, justificando que tem por base regulamentos já aprovados e outros em elaboração, que vão permitir respostas aos compromissos estabelecidos nas áreas da educação, cultura, desporto, crescimento económico e coesão social, entre os outros campos de intervenção estratégicos para o concelho.
Segundo o autarca, nesta programação financeira para o próximo ano foram ainda incluídas as diversas associações do concelho, as instituições ligadas ao setor social, comercial e industrial, como as juntas de freguesia.
“As juntas de freguesia vão beneficiar de um vasto apoio, com abertura para o patrocínio de obras que se sinalizem como fundamentais para a melhoria da qualidade de vida das populações, através da assinatura de protocolos de colaboração”, vincou António Pimentel.
No campo da educação, foram incluídas medidas como a disponibilização do almoço gratuito para todos os alunos do ensino básico.
No que respeita à habitação, o município fica em “condições de poder implementar a estratégia Local de Habitação, dando resposta aos graves problemas já identificados”.
O município de Mogadouro tem ainda prevista a construção do Matadouro Municipal, requalificação da Avenida do Sabor, requalificação do bairro de São José, construção do Núcleo Museológico de Mogadouro, construção do Museu do Moderno Escondido na freguesia de Bemposta, construção dos Ecoresorts do Medal (Meirinhos) e da ponte de Remondes, entre outros projetos.
A oposição socialista no município de Mogadouro absteve-se, justificando que se trata de um PPI de continuidade.
“Entendemos que é um orçamento e plano de atividades de continuidade já que o atual executivo municipal está em funções há cerca de dois meses. Não fazia sentido orientar a nossa votação para que o documento não fosse aprovado. Nós abstivemo-nos para dar a hipóteses de a bancada do PSD pudesse viabilizar o documento”, explicou o vereador da oposição, Evaristo Neves.
Tanto o Executivo como a Assembleia Municipal de Mogadouro são de maioria PSD.
Atropelamento no passeio em Mirandela provoca dois feridos
A viatura ligeira galgou o passeio, na Avenida das Amoreiras, e colheu um transeunte que terá sido projectado contra uma montra comercial, partindo o vidro da mesma. A condutora, ao que tudo indica, terá colocado a mudança errada e foi apanhar o indivíduo que circulava no passeio.
O homem, de 74 anos, que se encontrava no passeio ficou ferido com gravidade e acabou por ser transportado para o Hospital de Bragança. Já a outra ferida, a condutora da viatura de 68 anos, teve ferimentos ligeiros e foi assistida no hospital de Mirandela.
O alerta foi dado pouco antes das 10 horas.
Preço dos bilhetes dos transportes da CIM com desconto de 50% a partir de Janeiro
A medida vai estar em vigor durante todo o ano de 2022 e abrange os percursos municipais, intermunicipais e inter-regionais.
“O nosso território é um território muito diferente dos territórios do litoral. É um território em que a procura de transporte é reduzida, nós temos autocarros que fazem circuitos que não têm sustentabilidade económica para poder cobrir os custos do serviço e, portanto, esta é mais uma medida para apoio às pessoas, para que tenham acesso ao transporte”, explicou o secretário da CIM, José Manuel Miranda.
A medida de redução do preço dos bilhetes está a ser aplicada desde 2020. Este ano o desconto era apenas de 25%, passando para 50% em 2022. Uma forma de incentivar também ao uso de transporte colectivo.
Muitos percursos não são realizados porque não são rentáveis para as operadoras, devido à baixa procura. Por isso, a CIM criou uma nova rede de rotas, que estará operacional a partir de Junho, e que servirá todas as populações.
“Todas as populações do território da CIM vão ter acesso ao transporte, embora muitas vezes na modalidade de transporte a pedido, mas vão ter esse serviço durante três vezes por semana, de ligação à sede de concelho. esse concurso, que cobra essa rede, está em inicio de arranque, o contrato já está assinado com o operador seleccionado, está o processo a ser preparado para ser remetido ao tribunal de contas para visto e contamos que até Junho do próximo ano essa rede esteja operacional no território”, disse.
A medida de redução do preço dos bilhetes custará 300 mil euros, 250 mil financiados pelo Fundo Ambiental, o restante pela Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes. Vai abranger os nove municípios da CIM, Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Miranda do Douro, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.
Orçamento de mais de 16 milhões de euros para Alfândega da Fé para 2022 é "exigente" e "difícil"
Já foi aprovado em Assembleia Municipal, com a maioria dos votos a favor e a abstenção da oposição. Segundo o presidente da câmara, Eduardo Tavares, é um orçamento exigente e difícil.
“Vai ser um grande desafio cumprirmos este orçamento, num quadro que temos redução significativa das transferências do Estado e temos que acelerar investimento público, nomeadamente o quadro comunitário. Temos que terminar candidaturas que têm vindo a derrapar nos últimos anos face a diversos motivos, atrasos nas aprovações, temos tido muitas dificuldades nos concursos públicos, muitos têm ficado desertos, temos também a dificuldade de execução de algumas obras devido à falta de mão-de-obra”, explicou o autarca.
Para 2022, o executivo prevê realizar obras estruturantes para o concelho, como a “ampliação da zona industrial”, a “segunda fase da requalificação da escola secundária”, a “construção do primeiro museu municipal de arte em Alfândega da Fé” e a “praia de fruição de Santo Antão da Barca”.
Para além das novas empreitadas, com este orçamento vai ser dada continuidade à execução do plano de regadio do concelho.
O orçamento municipal deste ano ficou pelos 12 milhões e meio devido ao atraso de aprovação de candidaturas e também de preenchimento. Para 2022 o orçamento é de mais de 16 milhões, também porque o município receberá fundos no âmbito do Roteiro para o Desenvolvimento Sustentável e Integrado das Terras de Miranda, Sabor e Tua, uma vez que é um dos dez municípios abrangido pelas barragens da EDP vendidas à ENGIE.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
Sempre...
Às vezes usamos os traumas (hipotéticos ou não) como desculpa para muita coisa, mas há os reais e esses explicam alguns dos nossos comportamentos…
Quando éramos miúdas, pelo Natal, o nosso pai levava-nos para dar o seu presente à “tia” Benigna. A “tia” Benigna era uma velhinha, digo velhinha e não velhota, porque a primeira implica fragilidade a segunda, pesem os anos, implica ainda alguma robustez.
A “tia” Benigna vivia em Gimonde, e durante anos era ela que trazia à cidade, o carvão para as lareiras, num burro que era quase tão negro quanto o carvão que transportava… tal como o eram as mãos que puxavam os sacos.
A “tia” Benigna envelheceu, as idas à cidade foram rareando até que acabaram! Imagino que o meu pai, enquanto ela andou por ali, todos os Natais lhe daria o “cabaz” (açúcar, massa, um pouco de bacalhau …) já que nos anos seguintes fazia questão de ele lho levar onde ela morava e questão fazia que o acompanhássemos... assim no fim de semana anterior ao Natal, lá íamos nós até Gimonde... não sei se ainda no Prefect se já no novo Opel Record, cuja matrícula se me perdeu!
A casa era de pedra enegrecida pelo tempo, uma escada exterior levava a um único andar, também ele negro pelo fumo de uma lareira esquálida e de onde o pouco calor que dela emanava, era contrariado pelo ar frio que vinha da única janela, com vidros já partidos!
Para mim, ainda miúda, era uma experiência difícil ficar ali como que num "quarto escuro" cheio de fumo, tomando a consciência que a minha idade permitia! Claro, saída dali e a “tia” Benigna esfumava-se das minhas preocupações até ao ano seguinte!
Não sei durante quantos Natais ocorreram estas visitas... depois crescemos, saímos de casa e também a “tia” Benigna morreu!
Aquela pobreza e muitas outras que presenciei na minha infância, cimentaram-se em mim e então fui-me questionando do porquê de tanta desigualdade!
Tenho a certeza que foram estas vivências de infância, e não as imagens do “lá longe “ que hoje a televisão nos traz, que são as responsáveis pelo meu trauma (por que o tenho), em relação à época natalícia.
Hoje ainda tenho vivo aquele quadro, tal como as meninas descalças na minha escola, tal como os sem-abrigo de Nova York , os de Montréal que, com temperaturas de -15°, nos estendiam a mão…
Tudo isso começou longe no tempo e continua ainda hoje a fazer-me questionar o porquê dessa desigualdade... e logo a seguir por em causa a existência do Deus que nos habituaram a “acreditar”, ser Pai de Todos!!
Autor: Anónimo (anónimo/a, mas com sangue Bragançano)
Trilho dos Cervídeos (PR12 Guadramil)
Pegada de Veado no Trilho dos Cervídeos |
Sim, são eles a estrela maior do Trilho dos Cervídeos. Se o percorrer na altura da brama (setembro/outubro), terá enormes possibilidades de se cruzar com estes maravilhosos seres, sendo que as melhores horas para os avistamentos são de manhã cedo e ao final da tarde, pois veados e calor não combinam de todo. Para não os assustar é imperativo caminhar em silêncio. Fora da época da brama, os avistamentos são menos frequentes, mas nós percorremo-lo na primavera de 2021 e tivemos a fortuna de observar um portentoso veado vermelho bem pertinho de nós. Não esteve foi para posar para a fotografia!
Mesmo que não os consiga ver, não vai dar por mal empregue a caminhada. Muito pelo contrário. As vistas ao longo do trilho são qualquer coisa de incrível e a aldeia comunitária de Guadramil, com o seu típico casario de xisto, é verdadeiramente apaixonante. Não deixe de trocar dois dedos de conversa com os anciões habitantes, que com um bocadinho de jeito até lhe ensinam algumas palavras em Guadramilês, o dialeto local.